Capítulo 29

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                     Aurora

Sorrio agradecida quando Matteo ajuda-me a tirar meu sobretudo e puxa a cadeira para mim, com a noite esfriando e formando para chuva, pensei que desistiria de sua ideia de jantarmos no novo restaurante italiano que foi recentemente inaugurado. Eu havia comentado como as críticas que tinha visto sobre o local eram apenas elogios, e durante o almoço, recebi o aviso que viriamos aqui junto há um enorme buquê de rosas brancas e caixa de bombom, entregues pelo próprio Matteo, ao me buscar na faculdade. Quase não acreditei e pensei estar vendo uma miragem, quando o vi ao entrar no carro. Fui pega totalmente de surpresa.

Era engraçado como se fosse há semanas e até mesmo poucos dias, ele não precisaria de muito para provar-me seus recém sentimentos descobertos por mim. Bastava aquelas três pequeninas e poderosas palavras, por Deus, bastava muito menos que isso, tinha que admitir. Embora, queria ter certeza, eu sabia com todas minhas forças do que sentia por ele, mas ainda não sentia a mesma confiança e certeza vindo dele, mesmo que seus olhos quase sempre distantes, dissesse-me outra coisa. Temia que fosse coisa minha, aquele espaço maior do que eu desejava, que ele conseguiu em meu coração, iludindo-me. Ou em sua confusão, passasse o que acreditava ser real durante ela.

— A comida pode não ser boa, mas eles com certeza acertaram no espaço — Matteo comenta ao nos sentarmos, assinto.

E ele estava certo. Quando ouvi a respeito do espaço, esperei algo requintado, totalmente luxuoso, não que não tivesse seu requinte, porém, era algo simples. Sentia-me em uma cantina na própria Itália, havia uma certa áurea no espaço, uma certa magia acolhedora. O Nonna acabava de entrar na minha lista de lugares preferidos, mesmo sem nem ter provado a comida ainda. Matteo escolhe o vinho e a garçonete, que mal deve ter saído do colegial, o devora com os olhos. Entendo completamente a fascinação, contudo, não é o suficiente para evitar aquela pontada de ciúme em meu íntimo. Uma pequena voz, urra que ele é meu e que a menina magrela deve ficar longe. Sendo um absurdo, calo-a.

— Ouvi bastante sobre o calzone — comento ao abrir o cardápio e meus olhos dispararem para a massa recheada como se fosse uma pizza.

— Ele é realmente gostoso!

Opina a menina de nome Shelly, posso ver agora em seu uniforme amarelo e branco, seu tom de voz sensual demais por conta de comida, sem desviar de Matteo, deslizando seu olhar verde até onde pode do corpo dele, que nesse momento estava livre de seus ternos, e cobria-se com suéter azul marinho e uma calça escura feita sob medida, com alguns pingos de chuva o alcançando antes de entrarmos, seus fios negros possuiam alguns fora do lugar, quando deslizou sua enorme mão entre eles. Em outro poderia passar a imagem de desleixo, mas não nele, no homem alto, másculo e bronzeado, aquela bagunça, apenas o deixava mais quente e delicioso.

— Muito mais do que pode imaginar! Nosso pedido irá demorar? — atiro, sem nem perceber que dava espaço livre para aquela pequena voz enfurecida.

Matteo olha-me, deixando claro sua satisfação pelo momento ciumento do qual nem ao menos tento disfarçar, era tarde para isso e não queria de toda forma, com um sorriso que não vai muito além dos cantos de seus lábios.

Shelly murmura um pedido de desculpa, olhando pela primeira vez em minha direção e anota os pedidos sem tirar os olhos de seu bloquinho de notas e sai encarando os próprios pés. Sinto um pouco de remorso, mas a outra parte, a que não gosta nem um pouco da ideia de outra o desejando, é maior e vence, esmagando qualquer arrependimento pela maneira rude que lhe afrontei. A coitada não poderia fazer muito, dado ao medo de perder o emprego, em contrapartida, também não devia olhar tão deliberadamente para seus clientes, ainda mais quando ostentam uma aliança em seu dedo, e eu estava ali, há poucos centímetros dele e dela. Por Cristo! Não era minha culpa, ou era, dane-se realmente!

MATTEO - I Livro Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora