- Hayes, Grace
Costumava correr na Goden Gate, mas decidi mudar minha rota desde que voltei a correr pelas manhãs. Aquele trajeto se tornou algo evitado por mim, por trazer à tona lembranças da noite mais difícil da minha vida, então passei a correr pela avenida central e adentrar nos bairros locais. Era sábado, e eu costumava correr por mais tempo nos fins de semana, além de ser meu dia oficial de ir almoçar na casa da minha mãe. Era um ritual que seguíamos fielmente desde que eu e meus irmãos saímos de casa, e caso algum de nós descumprisse, minha mãe ligava de segunda a sexta fazendo um drama Hollywoodiano. Wind of change tocava nos meus fones enquanto eu tentava manter um ritmo constante já que correr como antes era difícil, pois fazia alguns anos que eu não me dedicava como antes à corrida, mas voltar a correr já era um avanço grandioso pra mim. Depois de algumas idas e voltas na rua Page, volto pela rua Waller para finalizar a corrida e voltar pra casa, até que paro em frente à um prédio com cerca de dez andares e uma fachada digna de filme. O que me fez parar foi a menininha ruiva sentada na escadaria com a maior carranca registrada na história. Blake tinha comentado que morávamos próximos um do outro, mas não fazia ideia de que era tanto assim.
- Ava? - ela se assusta e quase deixa cair o rosto apoiado nos braços.
- Grace? O que você tá fazendo aqui na minha casa? - sua carranca se dissolve para uma expressão de apenas curiosidade.
- Estava correndo. Você mora aqui?- aponto pro prédio atrás dela.
- Não, quer dizer sim. Agora eu moro com o tio Blake. Tio Blake, mamãe e eu moramos aqui.
- E por que você está sozinha aqui do lado de fora?- ela me olha como se fosse óbvio.
- Tio Blake sempre demora pra sair nos sábados. Mamãe falou que ele demooooora igual nos casamentos. - começo a rir.
- É mesmo? E você está esperando ele porque?
- Nós vamos sair. Todo sábado a gente vai no parquinho, o parquinho ali na frente.
- Eu sei qual é, é bem perto da minha casa. - algo se acende na sua mente.
- Então você pode me levar lá!
- Ela não vai levar você lá. - a voz de Blake vem crescendo conforme ele aparece pela portaria.
- Você apareceu. Você demorou demais. - Ava levanta e pega seu patinete lilás, passando para Blake.
- Só posso andar no parquinho. - ela diz bufando.
- Está certo, aqui na rua é perigoso.
- Grace. - Blake me cumprimenta com um aceno e eu retribuo. - O que faz aqui?
- Correndo. Tenho passado em frente à sua casa todos os dias e não sabia que era sequer a sua rua. Porque me não disse que morava tão perto de mim?
- Você não perguntou. - ele ri.
- Por que você não vai no parquinho com a gente? - Ava diz sorridente, já se esquecendo completamente da raiva que estava passando alguns segundos atrás. Gostaria de ter a memória emocional de uma criança às vezes. - Blake me olha melindroso após o convite.
- Ela deve ter outra coisa pra fazer, Ava. Depois a gente convida ela pra sair com a gente. - olho o relógio. Eram dez horas ainda.
- Grace, vai com a gente! Vai ser legal, porque a gente é menina e tio Blake é menino.
- Ava. - começo a rir e Blake segura para não rir junto.
- Na verdade... acho que vou com vocês.
- Tem certeza? - Blake diz chegando perto. - não precisa aceitar só porque ela pediu, Grace.
- Tenho sim. Tá tudo bem. - o playground ficava na parte sul do parque, e apesar de também ter ido lá diversas vezes, eu estava começando a tirar o significado afetivo dos locais que ia. Eu tinha de tentar, porque independente de onde eu estiver, me lembrar de Maddie sempre seria inevitável. Ava anda à nossa frente se revezando entre dar pulinhos e desviar das linhas no passeio.
- Então você voltou a correr? - Blake pergunta, e pela primeira vez reparo que ele tinha um corpo atlético. Sabe aquelas pessoas que não passam muito tempo na academia nem ligadas em dietas? Que simplesmente nasceram assim? Ele parecia esse tipo. Era grande e esguio, mas tinha músculos que se destacavam por baixo da sua blusa branca. Ele tinha um porte atlético clássico, e honestamente, era muito bonito. Seu cabelo era preto, talvez mais escuro que o meu, e tinha um topete baixo e bagunçado, que aliados com a sua barba fechada, lhe davam um ar de um homem fechado e sério, mas assim que ele abria a boca para falar com qualquer um era visível que ele era bem diferente disso.
- Voltei sim. Sentia falta disso.
- Então você corre na minha rua todos os dias?
- Pela manhã. - confirmo.
- E eu nunca vi você? Eu corro às vezes. Mas é beeeem às vezes. - não falei?
- Jura?
- Sim. Só não corro nos sábados, por que Ava me mataria. Depois que minha irmã começou a pegar turnos no restaurante aos sábados também, Ava me incumbiu, ou melhor, me obrigou a levá-la ao parque todas as manhãs.
- Ela é mandona.
- Ela é. Igualzinho a minha irmã.
- Ela trabalha aqui perto?- cruzo os braços enquanto observo Ava à nossa frente. Eu não conseguia baixar a guarda, mesmo que ela estivesse próxima e no passeio. Mesmo assim, pensava nas milhões de hipóteses que podiam acontecer com ela.
- Grace. Fica tranquila. Quando a gente chega na avenida, eu a levo no colo. Aqui os carros geralmente passam bem devagar, além de não ser uma rua movimentada. - ele havia percebido minha preocupação, e também tinha razão. A rua era bem parada.-Ela trabalha no Eddie's. Onde você costumava ir.
- Onde eu costumo ir. Estou voltando a fazer as coisas de antes. - ele sorri.
- Nós também somos clientes VIPs no Eddie's, e nem é só porque temos muitas cortesias de uma certa funcionária. - ele me dá uma piscadela.
- Ela trabalha lá faz tempo?
- Alguns meses. Ela sai e volta tem uns três anos.
- Qual o nome dela?
- Eva. Tem o cabelo ruivo, meio alta, sempre está de batom vermelho e botas de cano baixo. É a marca registrada dela, mas ela é conhecida lá pelo segundo nome, Elise.
- Fala sério! Você é irmão da Liz! É claro que eu conheço ela. Sua irmã já foi meu ombro amigo pra no mínimo as 15 vezes que eu já chorei até desidratar naquele lugar.
- Hum... não sei o que dizer, isso foi interessante e triste ao mesmo tempo. - nós dois começamos a rir e Ava volta para perguntar o que é.
- Eu conheço sua mãe, sabia? - ela parece surpresa também.
- Álamo realmente é uma caixa de sapato. - Blake diz.
- Ela não vai acreditar quando eu contar que trabalho com o irmão dela, e ainda já conheci a filha dela. Ela sempre falava dela, mas ela só citou o nome uma vez, não me lembrava que era Ava.
- Ela deve ter se referido a ela pelo nome todo, não a abreviação. Porque minha família não contente com nomes e junções esquisitas, chegaram à conclusão de que Avalon é um bom nome.
- Ava é uma abreviação de Avalon?
- Infelizmente. Mas como sou um bom tio, o apelido é mais usado que o próprio nome.
- Blake! - começo a rir e Ava continua absorta a Blake falando do seu nome.
- Nós vamos no Eddie's depois do parque, se quiser ir até lá com a gente. - ele convida.
- Não sei se consigo.. almoço na casa dos meus pais todo sábado, e se eu falto..na verdade nem existe essa possibilidade.
- Se quiser, é bem rápido, geralmente tomamos milkshake e tentamos adivinhar o nome dos cachorros que passam na rua.
- O que? - pergunto rindo.
- É uma brincadeira que Ava e eu criamos em uma tarde incrivelmente chata. Olhamos pros cachorros que passam com os donos e dizemos qual nome combina mais com a cara dele.
- E aí vocês vão perguntar pra ver se alguém acertou?- ele me olha como se eu tivesse dito o maior absurdo do mundo.
- Claro que não, a gente só imagina e vê qual combina mais.
- Ah tá. Então não tem nenhuma certeza ou votação pra saber qual nome tem mais a ver?
- Somos só nós dois, então não temos uma jurada. - ele ri- se você for pode escolher qual nome você acha que tem a ver com a cara dele. - acho que se eu for bem rápido ainda chego a tempo. Estou me sentindo mais sozinha que o de costume, ter companhia talvez não seja de todo mal.
- Ok. Eu vou com vocês, mas bem rápido.
No parque, me sento nos banquinhos de madeira enquanto observo Blake ajudar Ava a andar no patinete. Ela usa capacete lilás, braceletes lilás, e pasmem: a sua meia de canela é lilás! Ele a deixa ir sozinha pela pequena pista onde há outras crianças, mas em alguns momentos segura a parte da frente para ajudá-la. Em questão de minutos, Ava deixa o patinete de lado para brincar com uma amiguinha que havia chegado.
- Você foi trocado. - digo cantarolando.
- Estava mesmo querendo sentar.
- Qual é a história dela? - pergunto enquanto ele se senta ao meu lado.
- História?
- É. Dá pra ver que ela é muito mais que só sua sobrinha.
- Ela é sim. Ava não conhece o pai, na verdade, ele não deu a mínima quando minha irmã ficou grávida. Sei que eles não estavam juntos quando ela ficou grávida, mas ela tem uma filha... sabe? É meio ilógico pra mim, não sei como um cara simplesmente consegue seguir a vida sabendo que fez um filho e não se importa.
- Então vocês dois cuidam dela?
- Sim. Sempre foi eu e Eva pra tudo, nós dois somos muito ligados, quando ela nasceu, eu prometi que não iria deixar ela sentir falta do que ela não teve. Sei que ninguém substitui um pai, mas eu tento ser e fazer tudo o que ela precisa. - estava um pouco chocada com Blake. Desde a noite que ele me defendeu, eu soube que era uma cara bom, mas não imaginava que ele era incrivelmente bom.
Conversamos no parque enquanto Ava brincava com mais amiguinhos que haviam chegado, falamos sobre Evan, e suas atualizações sobre como está em Nova York, rimos relembrando um caso que ele contou do cara que divide o loft com ele, rimos também de um casal que estava namorando no parque e a mãe da menina fez um barraco enorme dizendo que não era pra ela se envolver com um drogado. Os sábados eram intensos em Álamo. Quando Ava finalmente cansou, fomos até o Eddie's e quando Liz me viu, junto com Ava e Blake ela abriu a boca, depois fechou, depois abriu de novo.
- Que merda é essa?- Ava a beijou e passou correndo para se sentar na mesa da aérea externa.
- Sabe aquela mulher que trabalhava comigo, que eu disse pra você que era uma possível megera e que eu tinha que aturar porque era noiva do meu melhor amigo?- Blake diz segurando o riso.
- Você disse tudo isso de mim? - pergunto fingindo indignação. Eu mereci seu julgamento, já que agi como uma.
- É Grace. E pelo visto, vocês se conhecem. - Liz solta um " não acredito" e nos leva até a mesa em que Ava já se alojou.
- Não acredito que a megera era você, Grace. Tão boazinha.
- Pois é. Seu irmão pelo visto não tem um bom pré- julgamento.
- Talvez, mas já me redimi dos meus erros. - ele me olha, esperando que eu concorde.
- O que vocês vão querer?
- Pra mim e para Ava mais do mesmo, só que com acréscimo especial seu de ovomaltine.- Eva olha para Ava que está entretida no celular de Blake e sussurra:
- Vou acrescentar meu ovo, que tal?
- Deixa o acréscimo pra lá.
- E você Grace? Macarrones como sempre?
- Não, hoje vou querer experimentar algo diferente. Podem ser três milkshakes de ovomaltine.
- Ok. Já volto. - ela vira de costas e eu a chamo.
- Oi?
- Com aquele acréscimo especial. - Blake ri alto e ela lança um dedo do meio.
- Tão doce.- suspiro.
- Ela é.-Ava aponta para um Lulu da pomerana de coleira amarela andando elegantemente com seu dono.
- Acho que ele chama Daniel. - ela diz olhando atentamente para o cachorro como se estivesse fazendo um cálculo preciso.
- Besteira. Ele se chama Bob. É a cara dele. - diz Blake decidido.
- Dez dólares que é Thor. Com certeza ele se chama Thor.
- Ei, ei calma aí apostadora. Aqui temos crianças, não é como se estivéssemos em Vegas. A gente só aposta o prazer de estar certo, não dinheiro.-Blake diz provocando.
- Não tem a menor graça. Que graça tem só chutar o nome e não saber se acertou?
- Já disse, a gente vê qual cara ele tem. E esse certamente tem cara de Bob.
- Eu acho que é Daniel. - Ava diz confiante. - me levanto da mesa e os dois ficam observando sem entender nada. Vou até o senhor andando lentamente ao lado do cachorro e me abaixo para acariciar o cachorro.
- Que lindo. Qual o nome dele? - o velhinho me olha sorrindo.
- Meu neto que escolheu, não sei de onde tirou isso mas é Loki.
- Sem chance. - começo a rir e ele fica sem entender.
- É o mesmo nome do meu. - minto pra explicar minha maluquice. - boa tarde pro senhor!
Atravesso a rua rindo e Blake está com uma sobrancelha erguida.
- Ele chama Loki. Loki! O irmão do Thor, então acho que você me deve dez dólares.
- Primeiro a que a gente não estava apostando, segundo, aqui chutamos os nomes, não o nome dos parentes próximos a ele, então ninguém acertou.
- Meu Deus.
- O que?
- Você não sabe perder. Qual as chances disso acontecer? Eu chutei um nome e o nome certo estava na mesma geração que ele!
- O que vocês estão discutindo?
- Grace errou o nome do cachorro e não aceita perder.
- Urgh. Vocês ainda brincam dessa idiotice?- Liz entrega os milkshakes e Ava encontra outro cachorro para adivinharmos o nome. Quando estava quase acabando o milkshake, meu telefone toca, o visor me assusta mostrando que é minha mãe e que já são uma e meia, sendo que marcamos as uma.
- Droga. - digo antes da minha mãe dizer oi.
- É isso mesmo, que droga Grace, cadê você?
- Já estou indo. Travor e Arizona já chegaram?
- Já. E estão querendo comer na sua frente, então pode chegar logo? - nosso almoço era uma religião pra minha mãe. Depois que meu pai morreu, ficou ainda mais sério, porque segundo ela, nossa família deveria permanecer unida. Era um hábito dele o almoço no sábado, me lembro que quando era criança, sempre tínhamos que sentar à mesa juntos, e confesso que uma das minhas melhores memórias eram desses sábados juntos.
- Mãe.. perdi a hora, mas chego em quinze minutos, ok? Diga pra esses dois selvagens que já estou indo.
- Ok. Amo você.- mamãe diz e desliga.
- Vou ter que ir. Nem vi o tempo passando, tá todo mundo me esperando.- levanto da mesa e dou um beijo na testa de Ava. Liz estava em outra mesa atendendo então me virei para despedir de Blake. Estendo a mão. Blake faz o mesmo e nos despedimos do jeito mais desajeitado possível.
- Já vai mesmo? - Ava murmura.
- Preciso, querida. Obrigada por me incluírem no dia de diversões de você, faz tempo que não me divirto assim.
- Sábado você pode vir de novo, não é tio?
- Sim. Tenho certeza de que Grace está empolgada para andar conosco até aquela pracinha tão divertida e descobrir nomes de cachorros aleatórios- ele me dá uma piscadela,indicando do seu sarcasmo.
- Na verdade, eu adorei sim, nunca fiz algo mais legal na vida. - digo pra Ava.- bom, agora preciso mesmo ir.-pego a bolsa e caminho até a porta, antes, paro ao lado de Blake que está pegando mais um pouco do milkshake com o canudo.- meu chute foi o mais perto que vocês já chegaram de um nome, e você sabe disso. - ele quase engasga com o líquido e escuto sua risada quando foi de costas. Meu dia foi bom, como há tempos não estava sendo.
Dirigi como se estivesse no elenco de velozes e furiosos até a casa da minha mãe, sequer troquei de roupa. Ainda estava de leggin, top e meus tênis de corrida quando entrei na garagem. Meus irmãos brigavam por comida feito crianças, mas na realidade Travor tinha 22 e Arizona 27. Assim que entro na sala, os dois me laçam o olhar mais ameaçador possível.
- Por que vocês dois não vão a merda?- digo jogando os dois potes de sorvete que comprei no caminho. - vocês são dois pé no saco. - Arizona pula do sofá onde ela e Travor assistiam Prision Break e me dá um abraço.
- Você voltou a correr.
- Sim, já faz um tempo.
- Aonde você estava que demorou tanto?- travor indaga.
- Trepando, tenho certeza.- Arizona diz sorridente.
- Ari! Já falei pra você parar de falar baixarias na hora do almoço, já disse que é sagrado. - mamãe surge com seu avental escrito "Boss" que eu e os dois demos pra ela de Natal, e se senta na mesa.- vamos comer antes que esfrie mais. - nós direcionamos a mesa e Arizona continua.
- Evan não está aqui não é?
- Não. Sábado passado eu disse que ele estava em Nova York.
- Ah é. Então onde você estava?
- Com um colega de trabalho. Quer dizer, amigo de Evan. Fui com ele e a sobrinha até o parque.
- Eca. Que programação horrível. Travor porque você não conta que perdeu a virgindade anteontem? - meu irmão passa de muito branco para fantasma.
- Céus! Arizona, você pode dar um tempo?- minha mãe suplica.
- Vai se ferrar,Ari. - meu irmão diz irritado.
- Que história é essa?- pergunto rindo- você e a Rachel...?
- Não é da conta de vocês.
- Ah qual é Travs, fala logo.
- É fala logo.
- Porque não vão as duas se catar?
- Porque você é nosso irmãozinho. Conta logo. - Ari diz sorrindo de orelha a orelha.
- Sem chance. - ele volta a concentração no seu prato e minha mãe faz a reza do almoço. Minha família é completamente maluca, disso eu sei. Arizona fez música na faculdade, e dá aulas numa escola da região. Além de ter todo o estilo hippie, minha irmã era quase uma ativista dos animais, é adepta ao veganismo tem dois anos e é fascinada por namorar homens mais velhos. Quando digo velhos, quero dizer na faixa dos cinquenta. Na aparência ela puxou mais meu pai, tinha o cabelo castanho, cacheado até as pontas e os olhos azuis feito piscina. Já Travor foi uma mistura perfeita dos dois, tinha o cabelo preto como o meu, os olhos azuis como o de Arizona, o nariz fino e longo do meu pai e a boca carnuda da minha mãe. Travor fazia faculdade de jornalismo, além de estar namorando Rachel desde o fundamental, ele morava com ela, numa república perto da faculdade. Conversamos sobre o recente musical que Arizona fez, ela nos convidou para o musical de inverno que ela apresentaria no parque juntamente com a orquestra e que deveríamos ir, Travor contou que Rachel e ele adotaram um gatinho e eu falei sobre meu projeto na Catedral .Sai da casa cerca de sete horas da noite, pedimos pizza de tarde e dormimos na sala depois disso. Lolita estava na sacada do meu quarto abanando o rabo, enquanto eu destrancava a porta. Assim que entro, tomo um banho, troco as roupas e me sento na cama para meu encontro via notebook com Evan. Ele liga exatamente às nove horas, e meu coração dispara quando o vejo na tela.
- Que saudade de você.
- Que saudade da sua bunda. - ele diz rindo.
- Que saudade do seu pênis. - ele ri alto.
- Que saudade dos seus...
- Ok!! Já chega. Acho que já entendi que sou incrivelmente gostosa. Já vou perguntar sobre o seu dia, mas antes preciso falar sobre algo.
- Hum. Manda.- não tinha contado sobre a aparição de Jake. Do jeito que Evan era, iria cancelar tudo e voltar como um cavalheiro da Disney, e não é isso que eu quero.- eu não falei com você sobre isso, pra não deixar você preocupado.
- Ok, já estou, pode falar.
- Jake foi até mim no trabalho.
- O que?! Você foi até a polícia?
- Fui, fui sim. Blake me ajudou bastante. Na verdade, ele fez bastante. Os dois saíram no braço e foi difícil separa-lós. Ele me disse coisas horríveis, mas...eu estou bem agora.
- Você devia ter me falado. Que droga.- Evan massageia sua têmpora enquanto olha pra mim em silêncio.
- Não devia ter vindo.
- Devia. E você vai continuar aí.
- Blake ajudou você?
- Ele quase quebrou um nariz, então sim. - ele parecia mais aliviado. - ei. - chamo sua atenção. - eu. estou.bem. Ele não vai aparecer tão cedo, ok?
- Ele é doente Grace, não tem um padrão no que ele faz.
- Eu vou me cuidar, fica tranquilo.
- Se ele se aproximar de você de novo, não me esconda, é tudo o que peço Grace.
- Ok. Tá bom. Eu já fiz o boletim, Blake foi até comigo.
- Vocês estão finalmente se dando bem?
- É.. parece que sim. Hoje aconteceu a coisa mais louca, estava correndo na Waller e descobri que é onde ele mora. Corro lá todos os dias e ele mora lá.
- Eu sei.
- Pois é! E aí eu vi a Ava, uma coisa levou a outra e acabei no parquinho com eles e depois no Eddie's.
- Você ficou bem? Lá.. com ela.
- Sim. Na verdade, fazia tempo que não me divertia assim. Blake até que é legal.
- Eu sei, ele não estaria no cargo de meu amigo se não fosse. Blake é um irmão pra mim.
- Ele é sua pessoa. Igual Aubrey é pra mim.
- Minha pessoa? - ele ri.
- É, você sabe, de Grey's Antomy. - ele parece ainda confuso. - Meredith e Cristina? Amizade mais bonita e incrível da história das séries?
- Desculpe, vou ficar devendo.
- E seu dia? Como foi?- Lolita pula na cama e Evan dá um grito.
- Oi sua gorda. Estou sentindo saudade.
- Viu? Eu disse que você sentiria, ela ama você, poderia assumir que a ama também.
- Não. Ela gosta que eu me faça de difícil.
- Ok. Mas não fui eu que gritei quando a vi.
Converso mais meia hora com Evan e dessa vez, quem está caindo de sono é ele. Me despeço e vou dormir, com um sorriso no rosto, pensando no quanto eu gostaria de ter mais dias alegres como o de hoje.
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Questão de tempo
Chick-Lit" É preciso acreditar que depois das coisas ruins sempre vêm as coisas boas...ou pelo menos, deveria ser assim" Grace Hayes, 26 anos, uma perda, uma mente brilhante , noiva de Evan Jenkins e dona de um ego totalmente inabalável. Ethan Blake, 27 ano...