-Hayes, Grace.
Uma semana depois
Por muitos anos tinha o costume de descer aos domingos até o meu ateliê improvisado no porão e passar horas pintando qualquer imagem que me viesse à mente, o que era quase uma terapia pra mim. Porém, depois da morte da minha filha, perdi esse costume e até mesmo criei uma certa resistência em vir pro porão. Todas as vezes que descia para alimentar os filhotes, ia criando coragem de passar mais tempo aqui. Era difícil porque durante minhas manhãs de pintura, descia com Maddison e esticava um enorme tapete felpudo onde ela espalhava milhões de pecinhas de lego e ficava montando enquanto eu passava horas analisando o mesmo quadro. Nós duas conversávamos, comíamos os biscoitos que ela trazia consigo, e opinávamos sobre qual cor eu deveria passar em determinadas partes da tela. Hoje senti vontade de repetir esse meu antigo costume, então pareceu normal quando peguei minha caixa de som, alguns biscoitos e desci pro porão.
Estava com uma imagem da minha mãe na minha cabeça e queria reproduzi-la em tela, essa noite tinha sonhado com ela em uma das nossas viagens em família que fizemos anos atrás, a imagem dela era tão viva na minha mente, e me trouxe tantas lembranças boas, que quis pintá-la. Minha mãe sempre foi presente ao mesmo tempo que fora também distante. Acho que esse era o jeito dela, não acredito que era porque ela não queria ser doce como eu imaginava que as mães deveriam ser. Ela sempre me dizia que a vida era dura e que o papel dela era me preparar pra vida, então, se ela era rígida, era porque me amava muito e não queria que eu me surpreendesse com as decepções que a vida me traria. Sempre senti falta de mais tato da parte dela em diversas situações, mas não posso reclamar, afinal, se a vida não me deu uma mãe tão doce quanto eu gostaria, tive uma irmã que simplesmente tornou minha vida uma confeitaria inteira. Arizona também me ensinou que a vida era dura, mas que isso não quer dizer que ela precise ser chata. O estilo de vida da minha irmã podia ser qualquer coisa, menos monótona ou chata. Quando Maddison nasceu, me perguntei que tipo de mãe eu seria. Eu não queria ser tão distante quanto a minha, mas ao mesmo tempo, não queria ser do tipo boazinha demais, que simplesmente passa a mão na cabeça pra tudo. Eu queria ser justa, queria ser boa e queria ser sábia com ela, só que Maddison não veio com manual, assim como nenhum filho vem, e eu aprendi na marra que ser mãe é insano. Tudo o que planejei pra ela em teoria, esqueça. Tudo saiu completamente às avessas na vida real. Me prometi não permitir usar chupeta, e no quarto dia em que ela não parava de chorar eu simplesmente deixei pra lá minhas ideias revolucionárias. Eu sempre dizia que ela não comeria açúcar até os três, e quando Jake ofereceu uma colher de sorvete aos dois e ela riu como eu nunca tinha visto antes, eu simplesmente deixei pra lá. Foram muitas coisas que eu precisei superar e aceitar que não sairiam da forma que imaginei, assim como outros milhões de tapas na cara que levei da maternidade. A única coisa que não mudou conforme o que eu planejei foi nosso vínculo. Maddie sabia que eu era exigente e ao mesmo tempo tão doce quanto uma mãe poderia ser. Eu encontrei o equilíbrio que eu tanto desejava, e eu soube disso quando ela me disse um dia enquanto voltávamos da sua escola, que eu era incrível. Eu sei que todo filho diz isso dos pais, que são os melhores do mundo, e Maddison nunca me disse isso, ela dizia que eu era incrível, e ser chamada de incrível era muito melhor. Ela adorava assistir Guiness Book e o narrador sempre dizia nos casos mais malucos a frase "mas isso é incrível!" E ela sempre se referia assim às coisas que ela achava bom demais pra ser verdade. Maddie nunca me disse que eu era a melhor mãe do mundo, mas me disse: " Mãe, eu acho você incrível" e eu tenho acreditado nisso desde então. Sou incrível porque minha filha disse que eu sou.
- Você só conhece essa música, Grace Hayes?- escuto a voz de Ethan vindo da porta.
- Não te ouvi chegar. - A barba grossa roça meu pescoço enquanto ele me abraça por trás no exato momento em que pincelo o chapéu de turmalina. Meus domingos atuais eram regados à vinho e filmes de romance na TV, ao menos até ontem à noite, quando Ethan mandou por mensagem que iria vir pra minha casa passar o dia inteiro comigo até eu me cansar. Como se isso fosse possível.
- Já percebeu que essa música também fala sobre mim? - ele puxa uma banqueta e se senta logo atrás das minhas coxas. - e além do mais, Chasing Cars é um clássico.
- Todas as músicas do mundo falam sobre você?
- Se você ouvir com atenção, vai perceber que Snow patrol fala meu nome no meio da música.
- Exibida. - Ethan olha com atenção a pintura. - Você voltou a pintar telas?
- Acho que sim. - ele me dá um sorriso bobo.
- Fico feliz com isso. - Ethan vai até a caixa de filhotes e pega dois no colo.
- Eles já estão passeando pelo jardim, você acredita nisso?
- Você já está pensando em levar pra adoção?
- Fico triste de pensar em separar a gente. - faço beicinho. - são muitos. Vou ficar com Misha e outro filhote, mas ainda faltam cinco pra doar.
- Você pode ter três por perto então.
- Três?
- Vou ficar com um. Seríamos pais muito ruins se abandonássemos todos os nossos filhos, não acha? E Ava adoraria ter um cachorro, ele iria preferir o excesso de atenção que ela dá ao Odin, que por sinal não curte muito.
- Você faria isso? - exclamo feliz. Deixo a paleta de aquarela na bancada e me viro na sua direção - você não pode ser gentil, gostoso e inteligente ao mesmo tempo, Ethan Blake.É meio patético - Ethan deixa os dois serzinhos no chão e se senta novamente na banqueta me puxando pra perto enquanto me ajeito no seu colo.
- Fico feliz em ver você pintando. Essa última semana fiquei meio impressionado com a pousada. Você realmente conseguiu fazê-la ressurgir das cinzas.
- Talvez eu devesse fazer parte dos irmãos à obra.
- Você entende que para o conceito pegar eles são irmãos, certo? - começo a rir.
- Você têm um ponto.
- O que te deu hoje pra vir até aqui pintar?
- Acordei querendo pintar minha mãe. Tenho essa imagem fixa dela de uma viagem que fizemos até Orange Beach alguns anos atrás, ela usava um chapéu igual a esse e tinha bebido um pouco de rum, me lembro que ela ria por qualquer coisa e tinha uma leveza que ela naturalmente não tem. Gosto de pensar nela assim, sem toda a carga emocional que ela têm. - nós dois nos beijamos de novo. Temos feito isso muito ultimamente e talvez eu esteja quase conseguindo fazer Ethan desistir do nosso tempo de espera e essa coisa toda de passos de bebê. Mas a cada instante que penso que ele está cedendo, ele diz que sou como um cervo que precisa ser apreciado de longe e com calma, porque com pressa eu me assusto e saio correndo. Talvez tenha um pouco de sentindo nisso, entrei com dez pés atrás nisso e até então, está tudo bem. Nós dois estamos tentando crer juntos que o que passou, já passou e que Evan certamente gostaria que nós dois encontrássemos paz, mesmo que juntos. Talvez ir com calma me faça acostumar com a ideia de que estar com ele é certo, porque cada dia que passo com ele, parece muito certo pra mim.
- Por que você não me pinta? Me pinte como as garotas francesas, Jack.
- Você está mesmo citando Titanic?
- Você por acaso sabe que já vi esse filme quatro vezes? Qual é, é um clássico.
- Um clássico triste e chato. Sempre vou odiar a Rose, é óbvio que Jack não precisava ter morrido congelado, aquele filme não faz sentido.
- Ok. Então já que a senhora é uma crítica renomada do cinema, qual seu filme favorito?
- Acho que não tenho.
- O que? Você assiste filmes e séries o tempo todo.
- Eu sei, mas não têm um goste mais, eu gosto de muitos.
- Só me diga algum então.
- Ghost, do outro lado da vida . - Ele ri da forma mais exagerada possível.
- Você acha Titanic fraco, mas gosta de um filme ruim daqueles? Ele vira um fantasma, Grace.
- É um romance, tá legal? E ele só quer se comunicar com a sua amada. - me levanto do seu colo e pego a paleta para passar a segunda mão no vestido azul turquesa.
- Você não tem argila em casa, não?
- Argila? Pra que você quer argila?
- Seu porão é um porão clássico de artista plástico e não tem argila?
- Ainda quero saber o que você quer com argila.
- Podíamos fazer um vaso juntos, igual no filme, Patrick Swayze e eu temos muito em comum.
- Ah, é? Vocês dois são gostosos?
- Exatamente. - reviro os olhos e ele dá um tapa na minha bunda.
- Ei! Estou pintando. É proibido tapas na bunda num momento como esse.
- Então no resto, tudo bem? - ele diz num quê de humor misturado com tensão sexual. Nós dois não saímos das preliminares no carro, principalmente porque parece que agora têm sido impossível ficarmos sozinhos. Sempre há alguém por perto, ou Ethan está no trabalho atolado de coisas pra fazer, porque ele têm feito tudo o que faz em dois períodos apenas em um na parte da manhã para me auxiliar na obra da pousada. Essa é a primeira vez na semana desde o episódio do carro que ficamos sozinhos sem amigos, família, trabalho e crianças por perto.
- Pode ter certeza que sim. - assopro a franja no ombro e ele suspira.
- Aubrey está lá em cima?
- Não. Foi pra casa da mãe, é aniversário dela.
- Zoe também saiu? - começo a rir.
- Tenho que conferir, mas quase certeza que ela foi ao shopping fazer compras.
- Ótima garota. Então suspeito que a minha namorada esteja sozinha em casa?
- Eu pareço boba se te disser que adoro ouvir essa palavra da sua boca?
- Namorada? Tô usando demais essa palavra ultimamente, né?
- Não. Nem um pouco. Só gostei do quanto você dizer "minha namorada" fica incrivelmente sexy nesse seu sotaque. Por que a gente não sobe lá pro meu quarto e você me mostra como você pronuncia a palavra fornicação no seu sotaque? - Ethan ri e eu mais uma vez constato o quanto amo ridiculamente a sua risada.
- Talvez eu adore repetir isso porque eu adoro estar com você. Às vezes eu mesmo preciso repetir pra mim mesmo até acreditar que é real. Não parece real que eu esteja com você.
- Mas você está. - ele tira a paleta e o pincel da minha mão, colocando os dois ao lado do quadro. Me gira e desata o nó do avental me puxando entre as suas pernas. Está tocando Johny Cash no rádio e o sol entra enfraquecido pela minúscula janela de madeira. Sua mão esquerda acaricia minha clavícula enquanto ele beija meu pescoço. A mão desce e entra por baixo da blusa, até acariciar meus seios. Gostoso nem é mais a palavra para definir os momentos que tenho com ele, estava mais pra paraíso- na- terra.
- Quero subir. - Digo em precipitação.
- E eu quero dançar com você. - sua risada abafa a minha.
- Ok. Você precisa saber que você dizer isso me deixa ainda mais afim de sentar na sua cara, sabe disso, né?- ele estica a mão como se estivéssemos num baile anos sessenta.
- Você me daria a honra de ser minha June? - adoro a sensação de sua mão firme puxar a minha.
- É claro, Cash. Nós dois nos encaixamos e dançamos rodopiando pelo porão ao som de Sunshine, do Johny Cash. Eu gritava uma risada longa quando ele sem aviso prévio me girava e me deitava quase encostando no chão e sem esforço algum me erguia de novo. Ficamos assim até a música acabar, e ele me sentar novamente no seu colo. Aninho minha cabeça em seu peito e tudo parecia estar certo.
- Me leva lá pra cima. - acaricio seu lábio superior com o polegar, descendo pro inferior sem pressa.
- Apesar de eu querer você mais que qualquer coisa que eu já quis na vida, quero que a gente vá com calma. Temos tempo, Grace. - ele beija minhas mãos - ele me fita- O que foi? Você tá com aquela cara.
- Cara? Que cara?
- De que estão se passando mil coisas nessa cabecinha. Fala logo.
- Eu estava pensando mesmo.
- E o que é?
- Não preciso esperar mais. A gente só precisava se encontrar no tempo certo, e eu acho que agora é. - sua mão firme me ajeita em seu colo, me deixando de frente à ele, enquanto ajeita minhas pernas na lateral das suas. Sua boca me consome enquanto sinto seus lábios em toda minha extensão de pele. Adoro sua boca, Ethan. Estou enlaçada no seu colo e ele sobe as escadas sem perder o contato visual comigo, exceto quando interrompo para beijar sua boca e seu pescoço. Nós dois podíamos muito bem transar ali mesmo no sofá, mas eu queria Ethan na minha cama. Ethan em cima de mim, Ethan em volta de mim, Ethan por todo lado, eu só queria que ele me consumisse de uma só vez. Nós dois estamos insanos de vontade um do outro, até que a campainha toca. Paramos no mesmo instante e ele me coloca no chão.
- QUAIS SÃO AS CHANCES? - berro irada. O universo conspira pra que meu hímen se reconstitua? Não é possível.
- Você está esperando alguém?- sua voz sai ofegando como se tivesse corrido a meia maratona.
- Não.
- Quem visita alguém às nove da manhã? - desço do seu colo e ajeito o cabelo no espelho do corredor e caminho a passos largos até a porta. Ethan vem logo atrás, mas ficando a uma certa distância da porta. Me inclino na bancada da cozinha, para ter acesso a câmara da entrada. Quase caio pra trás.Eu já tinha visto ela várias vezes no Skype, mas pessoalmente apenas no velório de Evan. Ao lado da mãe de Evan, estava Kayla, irmã mais nova dele que por sinal, vi o mesmo número de vezes que vi a mãe.
- Quem é? - Ethan questiona a uma boa distância atrás de mim.
- Alisson Jenkins. - a campainha toca novamente. Estou atrás da porta, olhando minha ex-sogra e me perguntando duas coisas: o que ela faz aqui? E segundo, o que ela tá fazendo aqui?!!!!
- O que ela faz aqui?
- Não sei. Vou descobrir. Se quiser ficar...
- Vou ficar aqui. É melhor.
- Foi o que pensei. - caminho até o portão, giro a chave e abro a porta. Antes que Ethan processe tudo, ando pela garagem e vou até o portão principal, abro com relutância e ansiedade, mas tudo logo se dissipa quando me vê. Seu sorriso é constante, e Kayla apenas balança a cabeça.Seus olhos cor de mel, exatamente como os dele ainda estavam tão fundos quanto da última vez que a vi. Seu cabelo estava curto, em Chanel, e sua feição estava um pouco mais suave do que no nosso último encontro. Fico olhando para as duas por tanto tempo, que Alisson sorri sem graça.
- Podemos entrar? - entrar? Vamos conversar aqui fora mesmo...
- Ah, claro. Desculpem, só estou...
- Surpresa? - Kayla diz com um pouco de ironia.
- Também. - as duas limpam os pés no tapete parcialmente limpo da entrada e vejo um Doblo vermelho parado na minha entrada que provavelmente era o carro delas. Porque elas estão em São Francisco? - Está tudo bem?
- Eu disse pra ela que precisamos avisar as pessoas antes de ir até a casa delas. - Kayla grunhe.- ainda mais numa hora dessas, mãe.
- Está tudo bem sim, Grace. Vamos entrar que eu te explico. - caminhamos pelo gramado e escuto seus pés pararem abruptamente enquanto passávamos em frente ao balanço.
- Você teve um bebê? - antes que eu dissesse que em um ano não tem a menor chance de eu ter engravidado de alguém e esse mesmo bebê já usar um balanço, percebo que ela não está falando dele, e sim dos inúmeros brinquedos espalhados perto dele. Ava. Ava deixava tudo exatamente onde brincou, e como sempre fui chata com limpeza com Maddie, decidi ser o tipo de pessoa que não liga pra coisas tão bobas como essas.
- Não. É de Ava, filha de uma amiga.
- Ava? De Avalon Blake? Sobrinha de Blake? - havia me esquecido do detalhe crucial de que, Ethan era amigo de longa data de Evan, certamente Alisson o conhecia, e provavelmente sua família também.
- A própria. Sou amiga de Eva, irmã dele e ela fica muito aqui em casa, é o canto dela. - eu não sabia se eu gostaria de falar sobre Ethan agora. E quando recordo que ele está na minha cozinha me esperando voltar, penso em qual motivo ele têm pra estar na minha casa tão cedo e ela não estranhar. Ela iria perceber que têm algo entre nós? Ele poderia ser só um amigo, e veio até a minha casa, só isso. Não quero que ela pense nada sobre isso. Demorei muito pra chegar até aqui com ele e não quero que ninguém me influencie nisso. Continuamos andando e assim que entramos, vejo Ethan sentado na mesa de jantar com uma papelada de não sei de onde. Alisson olha de Ethan pra mim e de mim para Ethan, como quem diz " o que ele faz aqui?" Ele finge surpresa ao vê-la e vai até o seu encontro.
- Sra. Jenkins, quanto tempo.- ele abraça. Kayla. - ele também abraça Kayla.
- Blake. Que bom ver você. O que faz aqui? - ele não me olha pra responder, já tinha arquitetado tudo em sua cabeça no tempo que queimei meus neurônios lá fora.
- Grace não contou? Ela tem uma pousada agora. Estou trabalhando com ela. - obrigada Ethan. Obrigada por não me entregar de bandeja no encontro entitulado "estou saindo com o melhor amigo do meu ex-noivo, ah, que por sinal era seu filho" eu sei que tudo são águas passadas, e sei que a ordem das coisas altera sim o resultado, por que estarmos juntos hoje, não é errado, só não sei o que Alisson pensaria disso, e já que ela não vive em Álamo, omitir certos pontos da minha vida não poderia ser tão errado assim se for para poupar climas conturbados, certo?
- Administrando sozinha uma pousada? Grace isso é incrível.
- Grace é incrível. - Ethan diz com um largo sorriso, e apesar de eu ter inventado esse slogan pra mim mesma, depois de Maddie me inspirar, quando sai da boca dele para alguém que não tem conhecimento de toda a brincadeira por trás disso, faz Alison retesar a pele da testa num nível que poderia deixar suas rugas extras.- é o que ela mesma sempre diz. - Ethan completa, tentando corrigir.
- Pois é, não era algo que eu esperava que acontecesse, mas parece que era pra mim.
- Evan sempre falava com muito carinho sobre isso. Sempre dizia nas nossas ligações como você era boa e tinha jeito pra reformas, e até mesmo tocar um negócio sozinha. Ele ficaria feliz de saber que você está conquistando seus sonhos, Grace. - aquilo me atingiu em cheio. Espero que Evan de onde esteja saiba que eu o amei com todo o meu ser, principalmente por ele ter sido alguém que sempre me incentivou a correr atrás de qualquer coisa que eu tivesse vontade de fazer. Ethan percebe que fico mexida com aquilo que ela disse,e antes que ele incline a mão para afagar a minha eu balanço a cabeça em negativa.
- Mãe, falamos sobre isso, podemos não falar de coisas tristes assim? Grace não precisa ser relembrada de que meu irmão não está aqui.
- Não. Está tudo bem. Não é tristeza, só.. é bom lembrar do quanto tive sorte em ter alguém como ele, só isso.
- Sentem um pouco, vocês vieram de carro? - Ethan assume as palavras enquanto ainda tento processar o que dizer.
- Sim, viemos. Mamãe detesta andar de avião, o que é um saco. - as duas se sentam e eu faço o mesmo. Ethan vem logo atrás, mas se senta no sofá individual azul.
- Bom, vou direto ao ponto. O que me trouxe aqui. Como todos vocês sabem, Após o velório fizemos a... o processo de cremação. As cinzas ficaram na minha casa durante esse tempo, mas não é o certo. Como todos aqui sabem, Evan sempre dizia que gostaria de viver pra sempre em Oréon.- fui com Evan cerca de três vezes até Oréon. Ficava a duas horas de Alamo, não tinha nada na cidadezinha além de poucos habitantes e cabanas para turistas se hospedarem, o que atraía esses mesmo turistas para lá era o lago de Oréon. Ficamos numa casinha em frente ao lago nas três vezes que fomos. Era um atrativo incrível para se encontrar paz e silêncio, além da vista de tirar o fôlego. Evan adorava aquele lugar porque o lembrava do avô, ele dizia que seu avô sempre levava a família em uma van apertada para o lago nas férias de verão e ele reproduzia as memórias me contanto todas as histórias mirabolantes do avô, se havia um lugar onde Evan se sentia em paz, esse lugar era lá. - gostaria que fôssemos juntos jogar as cinzas no lago. Estou pronta. Pronta para deixar Evan partir e pronta pra conseguir viver minha vida tendo cumprido tudo o que ele gostaria que eu fizesse. O que me diz? - ela trouxe as cinzas? Não sei o que sentir. Não sei o que pensar, porque estamos falando do cara que eu realmente pensei que fosse passar o resto da vida e agora estamos decidindo onde jogar as sua cinzas.
- Você têm o direito de dizer não, Grace. - Kayla me lembra. - papai não quis vir porque não quer pensar em Evan assim. Sabemos que aquilo não é Evan. - ela segura minha mão afetuosamente. - você já se despediu dele, se não quiser passar por isso de novo.. tudo bem.
- Eu só.. - começo a dizer e olho pra Ethan. Ethan está visivelmente abalado. Nós dois estamos relembrando a dor de perder alguém que ambos amávamos. - quando seria isso?
- Vamos no fim do dia. Tenho algumas coisas a resolver enquanto estou aqui em Álamo . Então nós vamos? Juntos?
- Hoje?- pergunto aflita.
- Eu disse que devíamos avisar, mãe.
- Querida, eu mesma não sabia se teria forças pra vir até aqui e fazer tudo isso. Mas aqui estou, e quero saber se podemos ir juntos. Vocês dois eram as pessoas favoritas do meu filho é isso significaria muito pra mim.
- Nós vamos até Oréon. - Ethan afirma e eu aceno enquanto Alisson se levanta.
- Está tudo no carro. - por tudo ela quer dizer cinzas?- enquanto vocês se ajeitam, vou com Kay ver alguns parentes em Álamo, não ficarei aqui mais do que hoje.Podemos ir no fim da tarde?
- Sim. - aceno- nos vemos no fim da tarde.
- Preparem algo para passar a noite, vamos voltar amanhã de manhã. Não é seguro voltar tarde por aquelas estradas ruins. Voltaremos bem cedo, está bem?
- Ok. - nós nos despedimos das duas e assim que Ethan fecha a porta da sala, depois de as terem levado até a saída, desabo.
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Literatura Feminina" É preciso acreditar que depois das coisas ruins sempre vêm as coisas boas...ou pelo menos, deveria ser assim" Grace Hayes, 26 anos, uma perda, uma mente brilhante , noiva de Evan Jenkins e dona de um ego totalmente inabalável. Ethan Blake, 27 ano...