HAYES, GRACE
- Não acredito que você vai sair com o médico da Zoe. - vejo o reflexo de Aubrey pelo meu espelho sentada na minha cama amamentando Zoe, que resmunga o tempo todo tentando ajeitar a boca no peito de Aubrey. Estou terminando os últimos retoques da minha maquiagem para voltar mais uma vez para a casa dos Blake. Mal posso esperar.
- Primeiro que isso nem pode ser considerado um encontro, estamos indo jantar na casa da mamãe Blake, então, estou sabiamente unindo dois eventos em um e assim me livro de sair sozinha com Harvey e de ir sozinha no jantar mais constrangedor da década.
- Você não tá afim? Ele até que é bem gostoso.
- Nem um pouco. Estou só sendo gentil, ele pode até ser bonito, mas estou com zero ânimo pra sair com alguém agora.
- Zoe que me perdoe, mas céus, sinto falta de trepar. - começo a rir.
- Tanto assim?
- O que?! Estou quase sentindo o meu hímen se reconstruir sozinho. Você não sente falta? Sei lá.. faz quanto tempo que ninguém desbrava o seu mundinho aí embaixo?
- Provavelmente quase dois anos.
- Meu. Deus. Amiga, é muito tempo! Você não precisa arrumar alguém pra se casar nem dormir abraçado, só sai com alguém pra te ajudar nessa situação. Você tá quase voltando a ser virgem.
- Aubrey. - começamos a rir. - Você não existe. Eu tô bem assim, ok? Não estou sentindo a menor falta de sexo.
- Ok, se você diz. - ela fica pensativa. - Não rola nadinha mesmo com o médico?
- Não. Não mesmo, estou só sendo gentil com ele.
- Sendo gentil? - Ela ergue a sobrancelha me encarando no vidro, como se eu estivesse falando a mentira do século.
- O que foi?
- Ser gentil? Vestida com um vestido embalado a vácuo, nesse corpo seu que por sinal é horrível, e de vermelho, com saltos e maquiagem? Acho que não fui gentil assim nem quando fui fazer a Zoe.
- Eles têm dinheiro, como apareço lá nos trapos?
- Até parece que você se veste nos trapos. Só se...- ela me dá um sorriso lascivo.
- Só se o que, Auby?
- Isso tudo é pro Sr. Ethan Gostoso Blake?
- Aubrey. Você ainda se lembra desse apelido? Não estou me arrumando pra ninguém, só estou querendo chegar lá sem parecer uma perdida dentro de uma mansão como aquela.
- Então tá.
- Não sei porque você insiste nisso, já falei que não tem nada entre mim e Ethan. - passo o gloss e ela estala a boca em indignação.
- Ah qual é, não vou entrar nessa sua de ficar ressentida pro resto da vida. Você acha mesmo que Evan, que tanto te amava iria querer isso pra você? Lutar por sei lá quanto tempo contra algo que pode te fazer feliz? Ele tá bem melhor que nós todos e você aí nessa fossa.
- Não quero mais falar disso, ok?
- Ok. Então vamos falar sobre o quanto você está gostosa. Acho que o Sr.pervertido vai ter uma...- olho pelo reflexo e vejo Aubrey tentando sussurrar como se fosse pra Zoe não ouvir. - ejaculação precoce.
- Você sabe que ela não entende o que é uma ejaculação precoce, né?
- Sei lá, sinto que alguém está me vendo e pensando "que péssima mãe".
- O que? Você acabou de dizer que está louca pra trepar, isso não conta?
- Ok, você têm certa razão. Enfim, o Sr. Ethan gostoso Blake também vai ficar chupando dedo essa noite. Fala com ela, Zoe - ela imita uma voz aguda e infantil- Você tá gostosa pra caramba, tia Grace!- ela balança as mãozinhas dela e ela resmunga até Aubrey recolocar o bico na boca dela.
- Você vai com o seu carro ou ele vem te pegar?
- Não, vou com ele, vou deixar a chave na mesa da sala, mas caso você precise de mim pra qualquer coisa, me liga.
- Tá. Mas tá tudo sob controle, pode sair pra noitada.
- Não fico bem deixando você aqui sozinha, Ainda mais que Zoe estava meio febril hoje. Então por favor, se precisar de algo liga tá?
- Tá bom. Vai tranquila Grace.. você não precisa cuidar do mundo todo sabia? E bebês às vezes tem febre, isso é normal.
- As vezes parece que nunca fui mãe, sinto que as mesmas preocupações excessivas que eu tinha ainda são do mesmo tamanho.
- É porque você era uma das boas, Grace.
- E mesmo assim não impediu que ela fosse embora. - Aubrey arregala os olhos como se tentasse formular algo pra dizer - pesei o clima né? Foi sem querer.
- Grace. Aquilo não teve nem um pingo de culpa sua, você sabe né?- e a campainha toca nos tirando do assunto pesado e denso que eu incitei - Olha só! Deve ser o Sr. pervertido vindo te buscar. - Passo em volta da poltrona de Abby e dou um beijo nela e em Zoe.
- Amo vocês, qualquer coisa liga.
- Ok, papai. - grita Abby do quarto.
- É por isso que acham que somos um casal gay! - grito da sala enquanto pego a bolsa. Assim que abro o portão externo, Harvey está em pé me esperando em frente ao banco do carona. Ele se vira ao me ouvir chegar, parece estar se preparando para dizer alguma gracinha mas quando me vê, engole devagar e ajeita o corpo como se estivesse torto antes de eu chegar.
- Se eu pedisse você pra casar comigo agora, o que você diria?
- Hum... não?
- Você sabe que poderia usar todo o meu dinheiro e pisar em mim não sabe?
- Continua sendo não.
- Tá.- ele solta um silvo.- queria dizer que você é gostosa demais mas talvez seja falta de respeito, não é?
- Não me importo, vá em frente. - entro no carro e bato a porta enquanto ele se escora na minha janela.
- Você é de longe a mulher mais gostosa que já existiu.
- Esse é seu pau querendo transar e dizendo bobagens. Não força a barra, pervertido. - dou uma piscadela e ele coloca a mão no peito dramaticamente.
- Você vai destruir meu coração não vai? Você vai, Grace.
- Não te prometi nada, minha consciência está limpa.
- Bom, você tem um ponto. E eu tenho o meu, vamos ver quem tem mais razão.
- Ah, é? E qual é o seu ponto?
- De que ninguém resiste a minha loucura. É sexy, assuma. - Harvey era diferente de qualquer cara, era extravagante e tagarela como ninguém, mas nas mínimas coisas que ele fazia, principalmente quando conversava com Ava ou alguma criança na festa, era visível que ele era um cara de coração enorme também. Abby me disse que ele tem a agenda difícil de marcar consultas, porque ele faz trabalho voluntário além do seu trabalho habitual. Atende crianças com necessidades especiais em casa, além de crianças sem condições de pagarem consultas. Ok, ele tem minha atenção por ser assim, mas de resto? Nadinha me atrai. Ele é bonito e visivelmente malha, e apesar de ser divertido de conviver, ele não me atrai.. não da forma que ele gostaria, talvez pudéssemos ser amigos, mas certamente ele não iria querer só isso.
- E então, qual seu lance com ele? - Harvey pergunta enquanto liga o rádio sem mudar sequer a entonação da voz.
- Ele?
- Blake, o que pega entre vocês?
- Hum... nada?
- Pheebs é lerda, mas eu não. O que tá pegando? - ele percebeu que eu havia ido atrás dele?-Vocês não se gostam? São inimigos? Ontem estava o maior climão na nossa mesa.
- Não é nada. Só não somos muito próximos.
- Blake é um bom homem. Às vezes ele é meio fechado, mas é uma das melhores pessoas que já conheci.
- Vocês eram tão amigos assim?
- Desde o fundamental. Minha mãe e a mãe dele eram amigas, melhores amigas na verdade e éramos vizinhos também. Quando minha mãe morreu, a mãe dele me acolheu de braços abertos, então a família Blake é uma família pra mim.
- Que bom que você tem eles na sua vida. - Ele concorda com a cabeça.
Seguimos para a mansão jogando conversa fora, percebi que Harvey conseguia facilmente ser normal e conversar como um adulto quando ele queria. Conversamos sobre alguns pacientes dele,e como é difícil perder pacientes ainda mais por serem crianças.
- Você me disse na Maternidade que já foi mãe, como assim "já foi"?
- Perdi uma filha, já faz um tempo. Posso mudar a estação de rádio? - não queria delongar o assunto e deixar minha noite ainda pior. Acho que Harvey nota que não tenho o menor interesse em continuar naquele assunto e depois de concordar pra que eu mude, ele encerra o papo aí mesmo. Voltamos a falar sobre o tempo e contei um pouco sobre meu período em Londres. Chegamos pontuais como quase nunca chego, e pelo visto, a família Blake também também é bem pontual. Della Blake abre a porta assim que tocamos o interfone e nos conduz até a sala de jantar que é ridícula de tão linda. Há castiçais no teto, uma mesa posta como nos filmes e as cadeiras eram todas vermelhas estofadas como se estivéssemos num palacete. Sério, como tem gente com tanto dinheiro assim? E pior, como a filha deles precisa tanto da ajuda do irmão pra ter onde morar enquanto eles praticamente limpam a bunda com dinheiro? O primeiro que vejo quando chego na sala é o pai de Blake na ponta, sentado num sofá branco, o cumprimento e sigo até a direção onde está Eva e Ava. Ava rapidamente se levanta e vem correndo me abraçar, Eva faz o mesmo mas ao contrário da filha, aperta meu bumbum e se aproxima do meu ouvido.
- Tenho inveja da sua bunda e falo isso com tranquilidade. - ela me abraça como uma pessoa normal logo após e me cumprimenta. Caminho na direção de Phoebe e Blake, e quase não tenho forças pra continuar quando vejo o olhar que ele está lançando sobre mim. Harvey está se abaixando para dar um beijo em Phoebe e eu me permito não tirar os olhos dele. É pura luxúria. Ele está me olhando do mesmo jeito que a gente se olhou naquela noite, só que é muito mais intenso. Ethan está me olhando como se pudesse ou até precisasse me despir naquele momento.
- Olá, Phoebe. - digo, quebrando o transe em que me meti. - Phoebe claramente não gostava de mim e ela não fazia questão de disfarçar.
- Olá, Grace.- ela não olhava na minha direção como se eu fosse a medusa que a transformaria em estátua caso ela olhasse diretamente nos meus olhos.
- Agora que estamos todos aqui, vou pedir que sirvam o jantar. A partir do momento em que me sentei entre Ava e Harvey, tive a certeza de que estava num filme de Hollywood. Haviam dois garçons para oito pessoas, só conseguia pensar "eles têm garçons!!!!!" Nos serviam mesmo que o prato estivesse a nossa frente, e era o mesmo com bebidas, além de um dos garçons nos perguntar qual tipo de bebida iríamos tomar e se fosse vinho, de qual década. Década? Eu sempre compro da década atual e de preferência, o mais barato do supermercado.
- Grace, quer dizer que você fez um balanço para Ava? Ela me falou disso uma tarde inteira. - agora havia entendido porque os ricos têm pessoas para servi-los a todo instante: ficam livres para conversar e fazer interrogatórios sobre a nossa vida pessoal.
- Sim. Na verdade, o balanço já existia, apenas dei alguns ajustes nele para ela.
- Ficou incrível. Eva me disse que você foi noiva de Evan, eu não sabia! Evan era parte dessa família, soube que ele estava noivo na época mas não sabia que era de uma mulher tão linda quanto você. - certamente cabem muitas pessoas postiças na família Blake.
- Sim, estávamos noivos na época.
- Evan era tão bom. Fico feliz que tenha passado seus últimos momentos com alguém como você.
- Mamãe. - Eva diz entre tossidas.- podemos mudar de assunto?
- Claro, Eva. - ela parecia não ter gostado do comentário de Eva a censurando, mas acatou.
- Não, tudo bem. Não me importo de falar dele.
- Vocês ficaram juntos muito tempo? - engulo a seco. Não me importava de falar do cara que amei, mas também não é um assunto feliz pra ser tratado num jantar, já que estou praticamente contando sobre como era bom ter algo que eu não tenho mais.
- Oito meses.
- Uau. Oito meses? E já estavam noivos? Isso sim é uma boa história de amor.
- Também acho. Vivi oito meses com a melhor pessoa que eu poderia escolher pra passar a vida. - silêncio absoluto.
- Então você era a mente genial por trás do projeto da Catedral? Blake me disse sobre a reforma. Fui lá esses dias e Grace, ficou incrível.
- Eu e Blake na verdade. Evan iniciou o projeto comigo e nós dois finalizamos.
- Vocês estão de parabéns. Formam uma dupla incrível, deviam fazer mais coisas juntos. - Eva ri. Eva ri! e mamãe Blake olha para a filha tentando entender o motivo do riso.
- Estou rindo da Ava, ela deixou cair a azeitona da boca.
- Não deixei não.
- Deixou sim.- ela está fuzilando a filha como se pudesse colocar Ava de cabeça pra baixo até que ela decidisse sustentar a mentira da mãe. - Phoebe, e você? Blake me disse que está na faculdade.- Eva saltita do assunto anterior com destreza sem igual, e eu só tenho a agradecer.
- Sim.. estou fazendo cinema. Me formo em dois anos.
- Tio Blake, porque você veio pro seu quarto na hora do meu aniversário? - essa é a roda de conversa mais aleatória em que já estive. Todos acompanham o assunto individual de cada um e aguardam a resposta. Não é como na minha família em que cada pessoa fala de dez assuntos diferentes e o burburinho da mesa nunca termina, aqui é um completo silêncio enquanto o outro fala.
- Por que seu tio estava cansado, eu desci logo depois, você não me viu quando voltei?
- Sim, né? Porque a mamãe foi chamar você e a Grace. - Tosse. Silêncio. Tosse. Tosse de novo. Silêncio constrangedor. Não vou olhar para ele. Não vou olhar para ele.- Tem sobremesa vovó?
- Claro que sim. Assim que todos terminarem irão trazer sua sobremesa querida. - Ava acena contente depois de ter apunhalado duas pessoas pelas costas.
- A comida está deliciosa, vocês voltam que dia para casa? - Harvey decide salvar o assunto que finalmente vira algo simples e sem profundidade. Ele conduz o decorrer da noite com piadas, e se junta ao pai de Eva e Blake para criticar os Yankees, Eva o ajuda, não deixando nunca a mamãe Blake tomar a frente dos temas para se conversar.
- Vocês sabiam que Eva e Harvey já namoraram? - a palavra está novamente com mamãe Blake.
- Mãe, qual é! Você tirou o dia pra ser desagradável, sem condições. - Eva diz irada.
- O que? Não acredito! - digo rindo.- vocês dois?
- Eu estava sobre efeito de alguma droga pesada. - ela afirma.
- Quando foi isso?
- Há muito tempo. - ela diz.
- Eu já falei, Grace, ninguém resiste ao meu charme. Eventualmente você também irá acabar percebendo isso. - Harvey se gaba.
- Quase ficou sem bolas por isso e ainda não aprendeu, Harvey? - a voz rouca de Ethan me toma toda a atenção.
- Oi? Vocês vão ter que contar melhor essa história.
- Dez anos atrás. - Ethan começa. - Eva ainda era um bebê.
- Um bebê muito insano, você quis dizer. - Harvey completa.
- Harvey! - Eva o encara, esperando que ele fique calado.
- Meu amigo Harvey, no qual nunca duvidei ou deixei de confiar, ficou com minha irmã por dois meses e não me falou.
- Dois meses? - eu indago.
- Dois meses? Não é possível que aguentei tudo isso. - Eva se lamenta.
- Então, voltei pra casa mais cedo um dia e quem eu vejo quase engolindo minha irmãzinha? O resto vocês já sabem.
- Qual é, ela já era bem adulta.
- Não tenho o menor problema em terminar o que comecei Harvey.-Blake ameaça em tom de brincadeira.
- Blake bateu nele até ele desmaiar e fizeram as pazes no pronto-socorro. Final da história.
- E vocês dois? Terminaram?
- Hum... meio que a gente não era fã de relacionamento fechado. Eu tinha outras opções.
- Não tão boas quanto eu, mas ela se virou. - Eva mostra língua pra ele e ele ri.
- Tão adulta.
Passamos a noite rindo de casos que Eva, Blake e Harvey passaram juntos, e por um tempo até me esqueci do momento mais constrangedor da noite. Fomos nos dispersando depois da sobremesa, Harvey foi para a sala com o pai de Blake e Ethan, já Phoebe estava sentada na cozinha mexendo no celular enquanto Ava me conduzia até o jardim de trás da casa, onde para ela era o melhor lugar do mundo e Eva estava na copa mostrando pra mãe os trabalhinhos de escola de Ava do seu primeiro semestre. O clima finalmente tinha ficado confortável, até eu ver Phoebe andando em minha direção através do vidro.
- Ava, seu tio está chamando você na sala, querida. - ela diz e eu tinha quase certeza de que ele não estava chamando Ava, mas mesmo assim ela foi.
- Por que você foi atrás dele?- Phoebe parecia aquelas crianças que tentavam ser duronas no colégio mas falhavam miseravelmente. Ser durona não é algo que acontece do dia pra noite, ou você é ou você não é. Tenho certeza que ela remoeu o que Ava disse durante todo o jantar e que pensou mil vezes no que iria me dizer quando me confrontasse, mas para a má sorte dela, eu era o tipo durona de berço.
- Ele está proibido de receber visitações? - ela morde o lábio.
- Só quero saber o que você queria com ele, por que deve ser algo importante pra você não poder esperar ele descer do quarto pra falar não é?
- Phoebe, não sei se você se lembra, mas estou embarcada nesse trem antes mesmo de você sonhar em pular no vagão. Talvez você precise refrescar sua memória e lembrar que você conheceu Blake quando ele estava numa mesa almoçando comigo. Somos amigos, talvez passando por umas turbulências nessa amizade, mas somos amigos.- Afirmo sem ao menos ter a certeza disso. - Não preciso fazer uma solicitação para conversar com ele, imagino eu.
- Amigos? - ela debocha- pelo que ele me fala de você, vocês estão bem longe disso.
- Ah, é? Já que ele te fala tudo, por que você não pergunta pra ele o que nós conversamos ontem? Simples não é? - dou um passo em sua direção para que ela saia da minha frente e ela não o faz.
- Vou te pedir gentilmente.- ela começa- Saia das nossas vidas. Você fez isso ano retrasado e tudo estava bem entre nós, até você chegar. Você fala que se importa tanto com ele, mas não fez a menor questão de estar com ele enquanto ele estava na merda, e eu fiquei. Então, para de tentar fazer o mundo girar nos seus pés só na hora que você quer e deixa a gente em paz, Blake não precisa de mais complicações na vida dele.
- Phoebe, tenho dó de você. Sinceramente, você acha mesmo que a culpa é minha por seu relacionamento estar uma merda só porque eu voltei? Minha presença é tão radioativa que está afetando vocês mesmo eu mal estando com vocês? Uau! De fato não sabia da minha tamanha presença de palco.
- Você não consegue ver Blake sendo feliz com outra pessoa não é?
- Eu não consigo? Eu sou uma das pessoas que mais quer que ele seja feliz.- suspiro- Não entendo o porquê de você me odiar tanto Phoebe, sinceramente. Nunca fiz nada pra você.
- É. Comigo não.
- Nem com ele. Não tenho nada com ele nem pretendo ter, é tão difícil acreditar nisso?
- É. É muito difícil acreditar nisso, quando até com seu noivo vivo você não perdeu tempo em tentar montar nele. - Phoebe já tinha uma carta na manga quando veio até mim, e confesso que acertou em cheio, porque eu nunca imaginaria que ela sabia disso. Algo que eu não gostaria que ninguém além de Eva e Aubrey soubessem. Não acreditava que Blake havia contanto algo tão íntimo assim pra ela, algo que me destruiu e até hoje me assombra de culpa. Quando ela me vê se reação, sai satisfeita pela porta semi- aberta. Vou atrás. Chego na sala e vejo Harvey com Blake e para a minha sorte, estavam sozinhos.
- Quero ir embora. - digo baixinho, olhando na direção de Harvey, que me olha curioso.
- Tá, tudo bem. - ele me sonda. - Tá tudo bem com você?- escuto os passos lentos de Phoebe atrás de mim.
- Só quero ir embora, podemos ir agora?
- Podemos. Só vou me despedir de todos e...
- Eu quero agora, Harvey.- eu sentia tanto ódio que o ódio não caberia dentro nem daquela casa enorme- Você não queria foder comigo?!Vamos foder então. - Eu sabia que Ethan estava com os olhos em mim e eu também sabia que tinha umas lágrimas idiotas escorrendo pelo meu rosto. Harvey levanta e Ethan o segura pelo braço.
- Que merda é essa, Grace?- não olho pra ele.
- Vamos, Harvey.
- Não. Você não vai a lugar nenhum desse jeito. - ele bufa- Você não vai sem me dizer o que está acontecendo.
- Só quero dar pra ele, é difícil entender isso?!- mais lágrimas. Ethan estava com a veia saltando no pescoço.
- Vamos lá fora, Grace. - ele diz firme.
- Não vou em lugar nenhum com você, seu filho da mãe. - ele fica em pé e Phoebe apenas nos assiste de braços cruzados. Ele se aproxima e eu me afasto.
- O que foi agora, Grace?
- Porque você não falou pra sua namorada durante a sua história sobre aquela noite que você me queria naquela noite? - cutuco seu peito com força- Porque você não fala que você também queria Blake? E não só eu! - Ele olha pra ela e volta a olhar pra mim, sem reação.-Você é só mais um filho da mãe. Como ousa contar pra ela algo assim sobre mim? Sobre nós dois?! Você... você sabe o quanto isso me destruiu Blake e você conta pra ela?!
- Grace. Vamos lá fora.
- Não. Vamos embora,Harvey.
- Você não vai a lugar nenhum. - ele ordena pro amigo.
- Então eu vou andando. De uber. De táxi. Dou meu jeito! Boa noite a todos. E Phoebe, se te alegra saber dos detalhes tórridos daquele dia, fique sabendo que eu não fiquei nua sem ajuda.
- Grace. - Harvey me chama. - vou levar você.
- Ok.
Despeço de todos na casa como se nada tivesse acontecido no cômodo a alguns metros dali. Talvez eu encene bem porque ninguém me questionou sobre minha feição, então, talvez meu rosto estava bem disfarçado com um sorriso forçado. Agradeci a família dele por tudo e eles me agradeceram por ter vindo, me despedi de Ava e Harvey veio marchando atrás de mim quando sai do portão.
- Grace.
- Oi? - ele liga o carro e vejo pela primeira vez nele, um rosto sério.
- Você vai ter que me explicar que merda tá rolando aqui.
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Questão de tempo
Literatura Feminina" É preciso acreditar que depois das coisas ruins sempre vêm as coisas boas...ou pelo menos, deveria ser assim" Grace Hayes, 26 anos, uma perda, uma mente brilhante , noiva de Evan Jenkins e dona de um ego totalmente inabalável. Ethan Blake, 27 ano...