Capítulo trinta e sete

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-Blake, Ethan.

Grace faz menção pra que eu lhe dê espaço. Não a obedeço. Assim que a abraço, ela chora ainda mais do que já estava quando entrei. Ficamos assim por vários minutos. Eu não estava chorando, mas a dor que senti quando me despedi de Evan, voltou e me acertou como se tivesse sido ontem.
- Eu sei que ele merece isso.- ela diz fungando- mas é horrível pensar que ele não está aqui. Que ele não estará lá, não do jeito que estamos. Não faz sentido ver aquele lago e não ouvir suas histórias ou suas risadas.
- Eu sei. Amávamos ele Grace, e isso nunca vai deixar de doer.
- Sim. Eu sei. - ela se ajeita ainda mais no meu peito - pode continuar me abraçando? - Grace me fazia sorrir por me pedir coisas óbvias.
- Não estava pensando em sair daqui tão cedo.-ela sorri pra mim enquanto chora.
- Sinto tanto a falta dele, Ethan. - eu não me importava de ouvir o quanto ela sentia a falta dele, porque era recíproco pra mim. Ninguém entenderia nossa situação, mesmo que quisesse.
- Eu também. - ela se afasta e seca as lágrimas depressa.
- Não é como antes. Nada é como antes, eu estou com você agora porque quero estar.
- Não precisa me explicar, Grace...
- Não. Eu quero explicar, porque é diferente as coisas que sinto hoje. Você têm sido a única coisa que me faz sorrir como eu sorria antes de tudo acontecer comigo. Antes de Maddie, antes de Evan... antes de tudo isso eu costumava ser a pessoa que eu estou sendo agora com você, Ethan, então não pense que a saudade que sinto dele é da mesma forma. Sempre vou amar Evan, sinto falta da sua companhia e das coisas que passamos juntos. Mas hoje, eu quero estar com você porque escolhi isso, não porque ele não está aqui.
- Grace, você não precisa se explicar pra mim. Nunca irei questionar ou me chatear por nada que você sinta ou tenha sentido por ele. Não seria justo, e não seria digno da minha parte. Estamos juntos sim, e me dói reviver a sensação de saber que ele partiu sem saber de tudo. Eu sei que ele talvez nunca me perdoaria se soubesse, mas isso seria mais fácil do que simplesmente nunca poder dizer à ele. - Grace cessa o choro mas não sai do meu peito. Estávamos revivendo tudo aquilo de novo, teríamos que nos despedir dele novamente, mas agora Grace estava aqui comigo, ela não foi embora como da outra vez, ela está aqui e estamos passando por isso juntos.
- Espera aí. - Grace diz se afastando e  some pelo corredor. Ela volta cerca de cinco minutos depois com uma enorme e gasta caixa azul.
- E isso seria...?- questiono.
- Guardei todas as coisas importantes de Evan nessa caixa  quando fui pra Londres. Quis ter comigo fotos, cartas e alguns objetos dele, apesar de não ter tido coragem de abrir a caixa nem uma vez.
- Jura?
- Sim. Mas não são só fotos nossas, têm fotos que ele trouxe de casa quando veio morar comigo. Fotos da escola, fotos em Yale, toda uma vida em fotos reveladas e fitas cassete estão aqui. Entreguei algumas para Alisson quando ela veio aqui logo após o velório pegar algumas coisas dele, mas a maioria que ele trouxe pra cá, mantive comigo.
- Fotos de Yale?
- Sim. Antes de te conhecer já te via nessas fotos, ele me mostrava e apontava em cada rosto me contando quem é, e histórias malucas de vocês na faculdade.
- Eu era um grande filha da mãe.
- Tenho certeza que sim.- ela sorri- Eu ainda não acredito que fiz faculdade em Yale também e nunca sequer vi vocês. Sei que é imenso, mas sei lá, podia ter acontecido, né?- ela olha pensativa pra caixa- Vamos abrir?
- Você quer mesmo? Disse que não tinha coragem de ver as coisas dele.
- Preciso ter. Vamos fazer algo muito mais profundo que isso hoje à noite, então acho que eu preciso disso. Tudo bem pra você? - aceno e ela começa a abrir a caixa. Vemos cartas, fotos dos dois e eu não me incomodo nem um pouco em ser relembrado de que os dois tiveram história. É o que é. Então, começamos a pegar as fotos de Yale. Haviam muitas fotos com vários amigos nossos que hoje nem sequer sei onde estão, em quase todas apareço de alguma forma, nem que fosse de costas ou um braço meu cortado na foto. Eu sempre estive com Evan.  Haviam fotos nossas em grupo bebendo,  tinham também algumas de Evan abraçado com pessoas que não fazíamos ideia de quem eram, fotos da nossa classe, fotos da formatura, tudo fora de ordem cronológica. Haviam fotos de festas que fomos durante todo o curso, e em penúltimo, tinha uma foto de uma festa à fantasia de uma calourada que nós fomos. Eu, a contragosto e sendo obrigado por ele a ir. Pego a foto e sinto uma nostalgia profunda em pensar sobre nós dois na época. Sempre tivemos uma ligação de alma. Grace puxa a foto da minha mão e ri.
- Essa foto é engraçada, porque eu me lembro que eu estava nessa festa, apesar de não me lembrar de nadinha do que aconteceu porque bebi bastante assim que passei da porta de entrada. Eu lembro que eu estava péssima porque Jake e eu tínhamos brigado então decidi sair pra essa festa com uma amiga da faculdade. Então não faço ideia se vi vocês dois nesse dia.
- Você estava nessa festa, então?
- Sim. Estava com uma fantasia ridícula e bebi tanto que passei mal à noite toda.
- Então nós três estivemos na mesma festa?
- Sim. Me lembro que ele me disse que você estava com uma fantasia horrível.
- Ele quem escolheu, só pra ficar claro. - ela aponta pra mim a foto.
- Você se lembra do que você estava vestido? - procuro em outras fotos da mesma festa e me encontro ridiculamente vestido de algum super herói misturado com peças de outras fantasias que ele arrumou pra mim de última hora.
- Em minha defesa, eu não sabia que a festa era a fantasia e Evan insistiu tanto que eu fosse com ele, que aceitei ir com algo que ele arrumasse pra mim.
- É a cara dele. Eu só lembro que passei muito mal. Vomitei horrores e o mais engraçado é saber que eu estava na mesma festa que ele e nos não nos conhecemos, eu estava tão ruim que eu mal me lembro a roupa que usei, acho que até se eu o tivesse conhecido não iria me lembrar no dia seguinte. Eu estava  ruim como nunca estive, fiquei um tempão vomitando no banheiro e só me lembro vagamente da minha roupa. Eu sei que tinha uma máscara e.. um chapéu, eu acho. - ela tira mais algumas fotos e arregala os olhos como se algo tivesse se acendido na sua cabeça.
- Zorro! eu era uma imitação fajuta do zorro. Lembro que meu rosto mal aprecia naquela máscara horrível e grande que a Erin arrumou pra mim.
- Você foi de  Zorro?
- Sim. Você me viu?
- Seu cabelo era assim como agora?
- Não mesmo. Na época eu tinha pintado de um loiro horrendo. Ah, e era curto.
- Grace, isso é loucura. Eu não só te vi como tivemos um papo sem nexo algum no banheiro, eu estava usando e você começou a bater na porta me xingando, você vomitou antes mesmo que eu saísse de lá de dentro. Eu até segurei seu cabelo pra você vomitar.
- Não brinca. Você tá de gozação.
- Você me chamava incessantemente de " filho da mãe".
- Aí meu Deus! Eu sempre xingo as pessoas assim quando estou muito bebâda. Minha mãe odiava que eu falasse palavrão então como eu não podia falar filho da puta, falava filho da mãe. Só que eu odeio falar assim, e só falo quando bebo demais, e claro, sempre com muito ressentimento. Como você não lembrou de mim? Faz... sei lá, quanto tempo isso?
- Faz tempo. Não me lembro quanto, mas faz tempo demais e eu tentei descobrir quem você era, mas você não me disse seu nome. Você estava com uma máscara enorme pro seu rosto e um chapéu. Eu já tinha bebido algumas então não acho que iria reconhecer você depois de tanto tempo. - ela parecia deslumbrada.
- Isso não pode ser real.
- Você tinha o cabelo bem diferente também, não se parecia nada com você agora.
- Sim, eu sei. Foi a pior merda que eu fiz. Pintei ele e cortei quase na margem da orelha.
- E você estava tão péssima que sequer lembrou disso. Eu não mudei quase nada, sabia?
- Em minha defesa, você estava de máscara pelo que vi na foto, e mesmo que não estivesse, eu estava tonta feito um gambá e poderia até ter tomado tequila na sua barriga que eu não iria me lembrar no dia seguinte.
- Não consigo acreditar que nós dois tivemos uma conversa anos atrás. Isso é muito maluco.- Grace parecia  em transe.
- Você me conheceu primeiro, Ethan. - ela fala séria.
- Isso não faz diferença.
- Eu sei.. é que.. - ela se inclina em cima da foto e me beija. - A gente já se conhecia, Ethan.
- E você não lembrava de nada.
- Você queria saber quem eu era?!- ela começa a rir. - ora, ora. Parece que seu destino é ser doido por mim. - ela diz se gabando.
- Sua amiga te procurou no banheiro e te chamou de " G" como eu poderia procurar alguém no campus que começasse com G? E acho que você mentiu pra mim, porque quando perguntei se você era caloura, você me disse " Não sou caloura, estou quase formada em  cinema seu imbecil" -ela parecia chocada com o que eu disse- você, sempre tão doce. - ela ri, me dando um abraço de pena.
- Sinto muito.
- Eu pensei "ela é muito bonita, preciso saber quem é"
- Vomitando e com a cabeça coberta por fantasia? - ela me dá um tapa fraco - Ethan, você é um pervertido. Estava era me achando gostosa, assuma.
- Muito gostosa, e eu assumo com tranquilidade. - me gabo- mas eu achei que você não valia tanto o esforço, de ter que caçar uma loira com a letra G cursando cinema. - ela me dá outro tapa rindo.
- Ethan!
- E é por isso que é eu procurei cada nome com G nos alunos de cinema.- ela fica chocada de novo.
- Não.
- Sim. E foi assim que  eu conheci Geórgia. Ele fez faculdade de cinema durante um tempo e depois trancou.
- Não. Não. Ethan, isso parece um filme de comédia romântica com a Drew Barrymond e o Adam Sandler!
- Eu fiquei parecendo um maluco tentando encontrar você nas festas que eu ia, perguntando sobre você nas únicas coisas que eu tinha, o curso, a letra, e a cor do cabelo. Mas acabei conhecendo ela, falaram que tinha uma menina parecida com essa descrição e  apesar de que quando conversei com ela em uma calourada pouco tempo depois, mesmo percebendo que não era a pessoa que eu estava procurando...
- A bunda não esta tão estonteante quanto a minha.
- Evidente que não. - brinco com ela- nós dois combinávamos e conversamos quase a festa toda, e por fim desisti das buscas. Comecei a namorar Georgia um tempo depois.
- Nossa. Você ficou muito tempo com ela.
- Terminamos algumas vezes durante esse tempo todo, mas de fato é bastante coisa. E aí, deu certo com ela até... não dar mais.
- Até ela descobrir que gosta de vagina. E todos viveram felizes para sempre. - ela afirma se gabando.- Grace sempre será a melhor opção, Ethan Blake. Que te sirva de lição. - ela pisca com tamanha prepotência que por algum motivo me deixa ainda mais idiota por ela.
-  Você está se gabando do meu maior momento de dor? - ela ri ainda mais. - Muito bem, vou contar até três e te dar a chance de  fugir. - seus olhos brilhavam de diversão - vou fazer você pagar por debochar  da minha cara.
- Ah, é? E como você pretende?- ela vai se levantando aos poucos.
- Pensa em algo que a Grace não resiste, boatos de que até já fez xixi na calça por causa disso. - ela bate o pé.
- Não.- ela fica séria assim que percebe do que eu estou falando.
- Sim.
- Cócegas não valem, Ethan. - ela fala tão ressentida quanto uma criança nervosa.
- Não adianta fazer bico, senhora. Um...
- Não!
- Dois. - Grace sai correndo e rindo em um tom desesperado. Vou atrás dela e quando a alçando rapidamente, a jogo no colchão fazendo as molas quase gritarem toda vez que ela se contorcia em baixo de mim.
- Pelo. Amor. De. Deus!!!!! PARA ETHAN! - quando vejo que seu rosto está vermelho decido dar uma trégua. Ela suspira e me ataca dando tapas
- TE ODEIO! - as molas novamente ficam loucas.
- Nunca pensei que fôssemos quebrar uma cama assim.
- Ei.- ela me beija- você imaginava que seria como? - a franja dela está bagunçada no rosto e eu passo a ter certeza de que estou ridiculamente apaixonado. - Queria ouvir uma resposta com muita  baixaria depois dessa pergunta, mas do jeito que você está me olhando todo bobo, imagino que não vai ser nada disso.
- Não, Não vai. - ela sobe pelo meu corpo e se ajeita com a cabeça no meu peito. Ela ergue minha mão direita e começa a brincar com meus dedos.
- Você está caidinho por mim. - ela zomba.
- É um fato. - ela faz círculos na minha mão, enquanto nos deitamos juntos.
- Eu costumava brincar assim com Maddie, desenhávamos as palavras nas mãos pra que só nós duas soubéssemos o que  queríamos dizer. Ela só entendia frases curtas.- ela ri. Pego sua palma da mão e começo a fazer as letras. Escrevo " você é doidinha" ela ri e faz o mesmo. " você é gostoso" ficamos escrevendo coisas bobas nas mãos um do outro até Grace escrever uma frase longa e eu não entender. Ela puxa minha mão novamente e escreve pausadamente " acho que estou pronta" puxei sua mão pra mim e escrevi de volta volta maior certeza que já tive " eu também estou"
Não precisávamos dizer nada um pro outro. Grace subiu em cima de mim e ficou de pé na cama. Eu não pisquei enquanto ela se despiu na minha frente, e deixava cada peça de roupa cair sobre mim. Estávamos lentos como se estivéssemos aprendendo sobre isso e com ela, realmente parecia algo completamente diferente de tudo que eu já vivi. Ela se ajoelhou do meu lado da cama e acenou pra mim.
- Agora é sua vez. - somos adultos agindo como adolescentes. Me sento na cama ainda inebriado por ela e a visão dela nua na cama. Tiro minhas roupas com cautela porque tinha medo que ela não estivesse certa daquilo. Eu esperaria o tempo que fosse preciso. Olhamos um pro outro por tanto tempo, que parecia que queríamos esperar a ficha cair de que aquilo estava de fato acontecendo. Grace pega minha mão e coloca sobre seu peito. Ela arfa quando minha mão gelada toca a pele quente e seu mamilo rijo.
- Quero você - ela diz, tão certa quanto eu estava de querer aquilo também.
- Quero você tanto, que sinto que me falta ar, Grace. - ela se inclina e me beija.
- Estou te dando permissão pra fazer isso, Ethan. - ela suspira, pesadamente - Preciso de você dentro de mim. - ela morde minha orelha antes de continuar - e não quero que você seja gentil comigo.- Coloco Grace de forma nada gentil no meu colo e ela pressiona minha boca nos seus seios. Seu gemido abafa o meu, enquanto ela se  ergue na cama e fica de pé na minha frente. Coloco dois dedos dentro dela. As pernas dela tremem assim que tiro e coloco novamente. Grace não estava mentindo quando disse que estava pronta pra mim. Puxo sua cintura pra baixo e ela me fita enquanto desliza demoradamente no meu colo. Estou olhando nos seus olhos quando entro dentro dela e seus seios saltam enquanto ela se ajeita em mim.
- Nada gentil, Ethan. - ela repete e então tudo se torna deliciosamente sujo. Grace cavalga demoradamente até tudo ficar denso. Ela joga a cabeça pra trás, enquanto aperto com força sua bunda que desce e sobe de forma violenta. Os sons guturais que saem da minha boca parecem levá-la ainda mais pro seu êxtase, e toda vez que ela geme meu nome estou mais perto de chegar no meu. Estamos perdidos um no outro. Minha boca morde seu pescoço e ela geme ainda mais alto. Chupo sua pele macia com ainda mais força e ela me avisa que está vindo. Ergo Grace uma última vez, e dessa vez, quando a sento, me inclino ainda mais e a preencho ainda mais fundo. É o nosso fim. Grace goza quase no mesmo instante, e seu corpo amolece no meu. Ela me empurra até que eu esteja completamente deitado e rebola em cima de mim. A visão dela é o suficiente pra que eu chegue ao meu ápice pouco depois. Ela deita no meu peito e me olha com as bochechas vermelhas por causa do sexo incrível que acabamos de fazer.
- Eu preciso confessar uma coisa.- ela diz, ainda recuperando o fôlego. - Eu acho que estou completamente caída por você também.

Grace dorme no meu peito durante toda a tarde. Seu cabelo está esparramado no seu travesseiro e seu rosto parece sereno e tranquilo enquanto dorme. Ela sempre me dizia que detestava dormir sozinha e parecia estar completamente em paz dormindo ao meu lado. Eu nunca estive tão em paz quanto agora.

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