- Blake, Ethan.
Sabe quando estamos no meio de um sonho mas nossa consciência sabe que é só um sonho? Você têm certeza de que não é real, e apesar de continuar preso naquilo, não se torna tão assustador porque você diz pra si mesmo durante o sonho " não é real, daqui a pouco você vai acordar" Grace estava no banco de trás do meu carro e eu estava com medo de acordar.
Não parecia real, principalmente quando eu já havia dito a mim mesmo milhões de vezes que eu precisava entender que Grace jamais seria minha. Não como posse, não como se eu fosse dono dela. Na verdade, o que mais me atraía em Grace era seu espírito totalmente independente e livre, ninguém, muito menos um homem poderiam mudá-la, e juro, Grace é o que é somente em sua matéria bruta, e ela é incrível. Seu cabelo se perdia em ondas bagunçadas que cobriam os seios, e sua boca rosada estava inchada por ter beijado a minha. Um filme de Hollywood indicado ao Oscar por melhor imagem e filmografia não chegava aos pés da imagem dela completamente largada e linda no banco de trás do meu carro. Estava esperando a sua resposta pra tudo aquilo. O que isso aqui exatamente significa a partir de agora?
- Eu quero ser feliz Ethan, e acho que posso ser feliz com você.- ela disse, e parecia certa daquilo.
- E eu sei com toda certeza que posso ser feliz com você, Grace Hayes.- beijo a sua boca novamente porque ainda não acredito que posso beijar a boca dela. - E por isso, quero ir com calma, por que nós dois demoramos muito pra chegarmos até aqui.
- Eu adoro estar "aqui" com você. - e eu sabia que aqui não se referia apenas ao lugar. Aqui é onde nós dois nos permitimos gostar um do outro, sem culpa e restrições. Grace se inclina e me beija. Nós dois voltamos a provar o beijo um do outro como se esperássemos por isso a vida toda.
- Blake?!- Escuto batidas no vidro do carro. A voz da minha irmã me interrompe e vejo Grace vermelha como nunca. Ela se abaixa depressa tentando ajeitar o vestido.
- Merda. -Grace começa a praguejar um dicionários de palavrões enquanto tenta passar os braços pelo vestido.
- Não estou vendo nada está bem?! Tô de costas!
- O que você quer? - pergunto num misto de raiva e constrangimento.
- Precisamos ir pra casa, Ava está com quase quarenta graus de febre, vomitando e a babá só conseguiu falar comigo agora! - ajudo Grace a se vestir enquanto vejo minha irmã de costas pelo vidro do carro. Nós dois saímos do carro como se estivéssemos fazendo a caminhada da vergonha de volta pra casa. Eva atende o telefone e enquanto fala com Kristen, Harvey vem logo atrás com Aubrey, ambos com cara de preocupação. Estava dividido entre tentar formular algo sobre o que acabou de acontecer, ou só entrar no carro e ir até Ava.
- Estávamos procurando vocês! - Aubrey grita e Grace olha pro chão como se ele pudesse se abrir para escondê-la com a força do pensamento. Eva enfia a mão no meu bolso, pega a chave e entra na picape, senta no banco do motorista e desce dele logo em seguida.
- Eu bebi! Quem aqui não bebeu?
- Eu. - Aubrey declara. Ela joga a chave pra ela e entro atrás novamente.
- Eu vou com vocês. - Grace entra do meu lado, ainda sem graça e Harvey entra logo após ela.
- Onde você pensa que está indo? Seus amigos estão todos aí. - Eva diz com pressa.
- Vou com vocês. Eles se viram depois, vou com você, Eva.
- Harvey, você fica. Te dou notícias quando chegar.
- Tem certeza? - ele diz em dúvida, visivelmente preocupado.
- Tenho! Estou criando ela sem pai desde sempre, acho que ainda consigo. - Minha irmã às vezes era mais ríspida que o necessário, ainda mais quando estava preocupada e acho que Harvey sabia disso, porque nem se importou com a forma que ela se dirigiu à ele.
- Me avisa ok? - ele se inclina na sua janela -Ela vai ficar bem, Eva. Isso acontece, fica calma. - Harvey acena e fecha a porta. Meu amigo realmente gosta tanto de Eva assim?
Chegamos em casa e Kristen nos comunica que já deu dois banhos em Ava e remédio, mas a febre diminuía e pouco depois voltava a subir. Vamos direto pro hospital e ficamos na sala de espera até ela ser atendida. Grace estava quase cochilando do meu lado, com a cabeça escorada na parede. Aubrey estava no lounge amamentando Zoe enquanto esperávamos Eva aparecer. Pego minha jaqueta e passo nos ombros de Grace, deixando a cabeça dela repousar no meu ombro.
- Virose. De novo. - Eva diz para mim e Aubrey no corredor, visivelmente mais calma.
- Ela está melhor?
- Sim. A febre baixou, mas ela vai passar a noite aqui tomando soro, parece que ela vomitou um bocado enquanto estava com Kristen. Preferiram manter ela aqui, de qualquer modo.- minha irmã parecia querer desabar - minha filha estava queimando em febre e vomitando enquanto eu estava num bar. Se eu tinha dúvidas de que eu era uma péssima mãe, agora eu tenho cert...
- Você não consegue prever que ela irá passar mal, Eva. - suspiro. - Para de achar que você não é boa o suficiente. Você é a melhor mãe que ela poderia ter.
- Esse sentimento de ser péssima em tudo não acaba, Blake. Acredite, você nunca vai se achar suficiente pro seu filho. - ela ajeita o cabelo e a roupa.- Vou comer algo ok? Quando a bela adormecida aí acordar avisa ela sobre a nossa menina.
- Ok.- Eva se abaixa até chegar próximo ao meu ouvido.
- E nossa conversa sobre o que eu vi no carro ainda irá acontecer irmãozinho, fique tranquilo. - ela caminha em direção ao refeitório e Aubrey me encara exigindo explicações enquanto balança Zoe de um lado pro outro pra que ela caia no sono.
- Não aconteceu nada. - falo imediatamente. Ela abre a boca. E depois fecha de novo.
- Não acredito! Vocês dois... no carro?!- ela começa a rir em versão cinema mudo.
- Qual é a grande graça disso tudo?
- Eu e Eva fizemos uma aposta e ela perdeu.
- Aposta?
- Apostei que você e ela iriam mandar ver antes da pousada ficar pronta, e ela apostou que vocês iriam depois.
- Interessante, vocês ficam apostando esse tipo de coisa desde quando? - Aubrey comemora- quanto exatamente você ganhou?
- Cem dólares.
- Uau, vocês apostam alto. Mas sinto em te dizer, Sra Cassino, mas nós não " mandamos ver"
- Ah, mas isso é só uma questão de tempo. O primeiro passo já foi dado e eu vou ganhar essa aposta nem que eu case vocês dois dopados em Las Vegas. - Zoe começa a acordar e ela se afasta, ninando-a novamente. Grace desperta pouco depois e eu a atualizo sobre Ava. Minha irmã aparece e aguardamos juntos o médico vir nos dar um parecer sobre como vai ser. Após cerca de meia hora, ele nos avisa que ela está bem mas que será mantida aqui essa noite com soro e que eles farão alguns exames pela manhã e que podemos ir pra casa. Me ofereço pra ficar mas Eva recusa.
- Então, agora vocês vão vê-la e podem voltar pra casa. Já estou grata só por vocês estarem aqui comigo essa hora da noite. - Grace abraça minha irmã e ela retribui.
- Nós vamos na sua casa pegar roupas pra vocês duas e voltamos, ok?
- Ok, obrigada Grace.
Vamos até o quarto visitar Ava, que estava feliz por passar filme na televisão do seu quarto. Ficamos um pouco com ela e no final da noite deixei Aubrey em casa, Grace veio comigo no carro, pegou algumas roupas no meu apartamento enquanto eu esperava dentro do carro. Voltamos pro hospital, deixamos as cosias de Eva e Ava com elas e voltei pra deixar Grace na sua casa.
- Você não quer dormir aqui? - ela pigarreia.- tipo, no sofá.
- Vou pra casa. Você quando bebe fica meio tarada, o que vou fazer se você me atacar no sofá? - ela me dá um tapa.
- Seria tãaaao ruim pra você não é, Blake?
- Péssimo. - dou um beijo na sua boca. Na sua testa. Na sua nuca. Na sua clavícula. Eu poderia passar horas beijando cada centímetro de pele dela.
- Ok..ok. É melhor parar por aí porque estou a beira de implorar certas coisas. Passos de bebê lembra? Você quer ir devagar, então vamos rastejando. - ela beija minha boca e sai do carro, eu a observo, acompanho seus passos rápidos até seu portão. Ela destranca, e escora nele antes de fechar.
- Te vejo amanhã? Na pousada?
- Sim. - ela acena e se vira pro portão, procurando as chaves, depois vira novamente pra mim.
- Tem certeza que quer ir devagar? - ela ri alto mesmo sendo quase três da manhã.
- Boa noite Sra.Grace ninfeta Hayes. - ela ri ainda mais alto e entra em casa. Rezo no caminho de volta pra que eu realmente não esteja sonhando e acorde disso amanhã.
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Questão de tempo
Chick-Lit" É preciso acreditar que depois das coisas ruins sempre vêm as coisas boas...ou pelo menos, deveria ser assim" Grace Hayes, 26 anos, uma perda, uma mente brilhante , noiva de Evan Jenkins e dona de um ego totalmente inabalável. Ethan Blake, 27 ano...