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4/10

Por Camila
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OITO ANOS ANTES
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Quando acordei, Shawn ainda dormia tranquilo na cama. Minha cabeça estava em seu peito e eu podia ouvir seu coração bater tranquilo, talvez mais tranquilo que nunca. O meu batia acelerado. E eu sabia o porquê. Eu sabia bem o que estava fazendo quando o beijei na noite passada, quando me entreguei a ele com toda a minha alma, quando gostei disso. Eu havia amado o jeito como ele havia me tocado, havia amado sentir seus dedos em minha pele, ouvir sua boca chamando meu nome, sentí-lo se mover dentro de mim. Aquela havia sido a melhor noite de toda a minha vida, mas aquela também havia sido uma despedida. Uma droga de despedida.

Com cuidado, me desvencilhei do abraço de Shawn, agradecendo aos céus quando ele se virou para o outro canto, cobrindo o rosto com o cobertor e agarrando um travesseiro. Em silêncio, me movi pelo quarto e fui até a cabeceira da cama, apanhando a camisola branca. Aproximei-a do rosto e respirei fundo sentindo o cheiro que me lembrava toda aquela noite. Eu não podia ficar com ela. A deixei no lugar exato onde havia pêgo e fui até a minha mala, de onde puxei um vestido e uma calcinha, os primeiros que vi, fazendo tudo com o máximo de silêncio que conseguia. Tirei da minha necessaire também um lápis de olho, puxando de cima da mesa do hotel um guardanapo, que teve de ser inteiro aberto para caber minha carta. Ao terminar, eu estava chorando. Chorando mudo, o mais baixo que eu conseguia, o choro mais doloroso existente.

Caminhei até a cama de Shawn após abrir a porta do quarto de hotel e me ajoelhei ao seu lado, tocando seu rosto tão calmo e delicado com meu polegar. Deixei um beijo silencioso em sua bochecha e toquei seus cabelos uma última vez, deixando algumas lágrimas minhas caírem no lençol tão caro que no momento tinha cheiro de nós.

Obrigada por me amar.

Não pude dizer aquelas palavras em voz alta, mas foram as minhas últimas. Após pegar um bocado de notas grandes soltas na mala do maior, praticamente corri para fora do quarto. Cheguei nervosa a recepção e pedi um quarto, o mais barato possível. Também pedi silêncio absoluto sobre o lugar onde eu estava, até mesmo para o homem que entrou comigo no hotel. Eu estava no caminho das escadas quando Shawn apareceu desesperado na recepção, gritando e chorando, perguntando por mim para todos ali naquele balcão e por pessoas que estavam saindo e entrando no hotel. Por fim, eu o vi se sentar em uma poltrona no canto e afundar seu rosto nas próprias mãos, seu corpo se movimentava em forma de soluços, ele estava chorando. Cansada de ver muito do que eu mesma havia feito, tomei meu caminho pelas escadas e me escondi no quarto mais barato do hotel. Como a mais covarde das ratas, eu fugi.

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OITO ANOS DEPOIS
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Não fiquei na KC por muito tempo depois que Shawn foi embora. Ele havia me encontrado. Shawn estava de volta. Deus, como eu me sentia culpada! Me sentia péssima. Pedi que Becca remarcasse todos os meus compromissos para amanhã, deixando apenas o de Shawn a tarde e a dispensei, não demorando muito para me dispensar também. Eu dirigia como uma tartaruga pelo centro de Londres, estava pensativa. Parava em semáforos e ficava demais, recebia buzinadas, quase bati em uma moto. Aquele de fato não era o meu melhor dia.
Deixei todas as minhas coisas na mesa da sala antes de subir as escadas para o quarto, prendendo meu cabelo em um coque frouxo no caminho. Ao passar pelo quarto de Amélia, parei na porta ao ver a pequena sentada ao lado de Cody em sua cama, ambos muito concentrados no jogo que estavam jogando. Assim que me viu, minha pequena correu até mim e me abraçou, abraço que logo retribuí. Aquele abraço era meu tudo.

WAITING • shawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora