WAITING • shawmila

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7/10
Por Shawn
°•°

-Por que estamos esperando?

-Porque eu não dirijo aqui.

-Por que não dirige aqui?

Suspirei pesado antes de encarar Becca mais uma vez.
-Porque eu invadi uma farmácia com um carro.

Silêncio. Um grande silêncio se fez após aquelas palavras, a garota ruiva nem se mexia ao meu lado enquanto encarávamos os carros que iam e vinham por aí, levando e trazendo pessoas em alta velocidade. Avistei o carro da editora fazendo a curva quando Becca parou ao meu lado, me olhando uma expressão minimamente confusa.

-Entrou com o carro em uma farmácia?

-Sim. - respondi e caminhei na direção do veículo prateado recém parado, partindo em direção ao porta malas - Não matei ninguém, mas destruí trezentos dólares em perfumes que estavam em promoção.

-Porra.

Guardei nossas malas ali enquanto Becca gargalhava e logo segui junto dela para o banco de trás do carro que nos levaria direto para a editora, onde Becca conheceria sua equipe de apoio e assinaria seu contrato oficial. E em meio a todas as festas e comemorações, eu só queria ir para casa e dormir, me afundar naquele colchão tão quente para mim. Minha casa era tudo o que eu precisava agora. Ah, e eu ainda tinha uma consulta a noite.

Durante as quase duas horas de comemorações e conversas, eu apenas fiquei quieto no meu canto, sentado o mais afastado possível de todas as pessoas da minha família. Isso quando eles não procuravam vir falar comigo. Arthur, meu primo, me olhava no fundo da sala com uma cara nada agradável. Eu sabia que ele era só mais um babaca que me via como um fraco que nunca ficaria bem de novo e que esperava pelo meu fracasso. Sabia que não devia me importar com o que ele pensava ou falava de mim, mas não podia fingir que nada daquilo não me abalava nem um pouco. Me abalava. Muito. E mesmo quando Aaliyah me fez entrar no centro daquela pequena roda, mesmo quando ela me elogiou e disse o quão orgulhosa estava de mim, todos aqueles olhares ainda me abalavam. Eu só queria me esconder, correr e sumir. Eu queria desaparecer. Me aproveitei do momento em que todos os holofotes estavam em Becca e peguei a primeira saída que conhecia para fora da editora, fugindo de lá sem mais nem menos. Ninguém iria sentir minha falta mesmo.

Parei o primeiro táxi que vi ao sair da editora, enfiando de uma vez minha mala dentro dele. Eu só queria chegar em casa logo. Deitar na minha cama, abraçar o meu cachorro, pedir alguma porcaria para comer enquanto assistia um filme legal. Mas, droga, eu estava em Nova York. A cidade que nunca, nem por um segundo, em hipótese alguma, nem com um meteoro parava.
Cheguei em casa cerca de uma hora depois desde o momento em que saí da editora e, bem, já estava atrasado para a minha consulta. Tomei um banho rápido, trocando minhas roupas sociais por um conjunto moletom preto e calcei um par de tênis escuro, brincando só um pouquinho com Peter antes de sair de casa e ir para o consultório, pedindo apenas para que o taxista parar no Burger King primeiro.

Chegamos ao local onde eu estava sendo aguardado minutos depois que terminei meu lanche. Paguei ao motorista pela corrida completa e corri para dentro do pequeno prédio de dois andares, esperando na recepção por uma consulta para qual eu já estava atrasado. Quando a mulher de cabelos escuros veio me buscar, a segui em silêncio para dentro de sua sala, lugar onde eu gostava de dizer que era a minha cabeça em voz alta.
Jennie fechou a porta assim que eu entrei, sua carranca fechada mostrava que não teríamos nada mais que contato profissional naquela noite. Ela usava um vestido preto longo de alcinhas, parecia bem leve, ela parecia bem leve. Me sentei no sofá vermelho de frente para sua poltrona laranja brilhante e relaxei meu corpo no estofado, esperando que ela se acomodasse em seu lugar para nossa consulta finalmente começar.