08

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As coisas pareciam mais tranquilas agora. Camila e eu caminhávamos de mãos dadas pelo segundo piso da feira, onde as barracas eram em sua grande maioria de comida. Havia de tudo um pouco. Ela sempre optava por frutas ou lugares com um cheiro mais fraco, algo que não a deixasse a com a cara amarela, como o camarão, por exemplo. Quando me aproximei dela com dois espetinhos do fruto do mar, a morena quase correu de mim, levando as mãos à boca instantaneamente.

-Tira essa coisa fedorenta de perto de mim!

Seu pedido foi claro. Dei os dois espetinhos para um casal que saía de uma barraca de doces e levei minhas mãos com uma garrafa d'água, me livrando completamente do cheiro que a havia incomodado tanto.
Saímos da feira com milhares de cestas e sacolas de papel, já que sacolas plásticas eram proibidas na ilha. O carro estava lotado, eu nem sabia se conseguiríamos consumir tudo aquilo em dois dias, que era o tempo que nos levava restava em Kailua. Camila estava cansada quando chegamos na casa, por isso subiu para o quarto enquanto eu arrumava as coisas nas prateleiras na cozinha. Talvez os donos da casa aceitassem ficar com parte das coisas se nós dois não aguentassemos acabar com tudo. É, seria um bom presente.

Eu subi as escadas me arrastando, só notando no meio dos degraus o quanto eu estava morto de cansaço. O meu quarto era o primeiro do corredor, então passei reto, seguindo para o quarto de Camila, tentando ver pela fresta da porta que ela havia deixado o que acontecia lá dentro. Ela estava de costas para mim, usava apenas uma calcinha branca de renda, estava com os braços apoiados na janela, muito provavelmente olhava o mar. Na minha cabeça, eu poderia simplesmente chegar por trás e abracá-la, beijar seu ombro e toda aquela pele exposta de suas costas, isso até me livrar daquele tecido tão fininho que ainda a cobria. Depois eu deitaria com ela naquela cama e teria como antigamente, faria amor com ela até que nenhum dos dois conseguisse manter os olhos abertos. Mas nada era tão fácil.
Sem fazer barulho algum, dei meia volta e caminhei até meu quarto, batendo a porta assim que entrei. Imaginei se Camila estaria pensando em ficar e decidir tentar algo com o cara do carro, o tal Matthew. Mas não era justo. Ela não o conhecia, assim como também não me conhecia. Mas, bom, talvez fosse mais fácil tentar algo com alguém que não te conhece, do que com alguém que te conhece a sua vida inteira e que já te ama. Eu me sentia um verdadeiro idiota.

Após vestir uma bermuda confortável, me deitei na cama, onde fiquei me remexendo por boa parte da noite. Eu não conseguia dormir, toda posição parecia cravar uma faca diferente nas minhas costas, até no chão cheguei a me deitar. No final, acendi uma vela na mesinha perto da porta e me sentei na cadeira de balanço no canto do quarto, onde fiquei apenas olhando a vela por quase uma hora. Acho que, na verdade, eu nem vi quando eu dormi, mas sabia que acordaria no dia seguinte com uma dor terrível por dormir ali.

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Acordei sentindo minha cabeça extremamente leve, como se estivesse flutuando na água. Me mexi algumas vezes, sentindo meu braço esquerdo muito pesado e suspirei, mexendo também meu braço direito, que estava também em volta de algo. Puxei contra mim a possível coisa com que estava abraçado e abri os olhos preguiçosamente ao ouvir um suspiro quase assustado, encontrando Camila deitada no meu braço pesado. Agora estava explicado. Pelo jeito como virou o rosto para me olhar e esfregou os olhos, ela aparentemente havia acordado agora.

Ela dormiu comigo?

Me afastei minimamente para olhá-la, ao contrário de ontem, Camila agora usava uma camiseta branca e um short preto. Também tinha meias brancas nos pés. Eu usava apenas a mesma bermuda da noite passava, mas agora eu não me encontrava sozinho na cadeira de balanço, mas sim na cama abraçado com a minha garota.

-Bom dia. - sua voz soou sonolenta - Como se sente?

Dei de ombros ainda abraçado a ela, não tinha intenção de desfazer aquilo. Fechei os olhos mais uma vez.

WAITING • shawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora