Capítulo 2: as paixões de Hope Downey

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Ei, pessaaaal! Feliz ano novo para todos vocês! <3
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Os burburinhos sobre meu cabelo foi inevitável, e odeio o fato das pessoas deste colégio se importarem tanto com algo tão banal.

Na primeira aula, tentei me concentrar para não dar motivos para Hailey me dedurar para os meus pais. Não seria a primeira vez que ela me entregaria por não ter assistido às aulas corretamente. Para o meu alívio, não fazemos todas as aulas juntas, então ela não pode ficar me monitorando o tempo todo.
As atitudes da minha gêmea são um pouco duvidosas, pois ao mesmo tempo em que está do meu lado, está do lado dos nossos pais. Tento me convencer de que o nome disso não é falsidade.

Na segunda aula, pude encarar minha mesa por todo o tempo, já que estava sozinha. Meu ânimo estava abaixo de zero, e nada poderia mudar o que eu estava sentindo, a não ser uma única coisa.

Ao fim da terceira aula, quando deixamos o laboratório, sigo direto para a sala de música.

Tenho uma paixão desde que me entendo por gente, e, definitivamente, foi a melhor coisa que minha mãe me obrigou fazer.

Sento-me em uma das cadeiras, coloco o que consigo dos meus cabelos para o lado oposto ao instrumento e pego o violoncelo, o grande amor da minha vida.
Fecho os olhos, e não espero nada mais para começar tocar uma melodia que me acalme o suficiente para suportar o resto da tarde sendo alvo de pessoas que mentem o tempo todo.

Minha imaginação me coloca na frente de um grande número de pessoas, que me assistem com os olhos brilhantes e sorrisos entorpecidos. Ali, na minha cabeça, na frente daquelas pessoas, eu me sentia verdadeiramente admirada.

Ao terminar de tocar, penso em outra música, mas meu momento de descanso é interrompido por uma Melissa afobada. Ela está com um sorriso gigante e saltitando pelo chão como se nada fosse capaz de aborrecê-la.

— Sabia que encontraria você aqui, butterfly! – Pega o violoncelo de mim e o coloca em seu lugar, me puxando da cadeira logo em seguida.

Ela me chama de butterfly desde que nos conhecemos de verdade, alegando que aquele era o apelido perfeito para uma garota que sonhava em sair do casulo, mas não conseguia. E, consequentemente, isso fazia com que ela me alertasse, dizendo que se eu continuasse permitindo que pessoas me puxassem do casulo em vez de sair por conta própria, quando eu conseguisse me ver livre para poder voar, não teria asas e ficaria no chão.

— E gostaria muito de continuar no mesmo lugar – respondo.

— Não seja chata, Hope, você é muito mais legal que isso. O que está acontecendo com você hoje? – Franze o cenho, me analisando como se eu fosse uma criança de dois anos.

— Nada – minto.

Uhum, sei! – Estreita os olhos. — Eu conheço você, butterfly.

— Esse apelido é ridículo – choramingo.

— Eu não pedi a sua opinião. – Sorri, me puxando para fora da sala de música. — Você não vai acreditar no que acabou de acontecer!

— Pela sua empolgação, o garoto mais bonito do colégio elogiou você? – Tento, erguendo uma das sobrancelhas.

— Não, melhor que isso! – Ri, parando em minha frente e segurando meus ombros. — Respire fundo, não quero que minha melhor amiga tenha um ataque cardíaco aos dezessete anos de idade.

Esqueci de citar o quanto Melissa O'brien é exagerada e um pouco dramática.

— Eu vi... – pausa, achando que o suspense me deixaria curiosa, — com esses meus olhos incríveis, que Tristan Cobain estava te assistindo tocar.

Meu coração parece errar uma batida, acelerando violentamente em meu peito. Eu riria se não estivesse tão chocada com o que ouvi. Tudo bem, não é para tanto, mas Tristan Cobain é o cara mais lindo que já vi em toda minha vida, e o pior — ou melhor — é que parece tão errado o fato de eu ser perdidamente apaixonada por ele.

— Melissa, você sabe que eu odeio brincadeiras. – Meu estômago está revirando pelo nervosismo.

— Por que eu inventaria esse tipo de coisa? – Faz careta. — Ele estava parado na porta feito uma estátua, saiu quando eu cheguei e fiquei o olhando como se fosse um alienígena.

— Meu Deus... – Fico inquieta. — Será que ele entende alguma coisa sobre violoncelo? E se eu estava desafinada ou...

— Hope, pela cara que o garoto estava fazendo, duvido muito que ele estivesse se importando com o violoncelo. – Me interrompe, cruzando os braços.

— Não me iluda, Melissa! – Empurro um de seus ombros levemente, fazendo-a sorrir.

— Está bem. Tristan Cobain estava mesmo lá, mas parecia em outro lugar te ouvindo tocar. Talvez ele apenas goste do instrumento. – Dá de ombros.

Coloco o polegar entre os dentes, o mordendo. Bato o pé direito nervosamente no chão, bufando.

— Prefiro quando você me ilude.

Ela ri e segura minha mão, voltando a me puxar em direção ao refeitório.

Particularmente, eu não costumo comer muito. Minha mãe sempre manteve minha irmã e eu sob dieta, nos proibindo de comer muitas coisas que sempre tivemos vontade.

Para muitos, eu tenho a vida perfeita por ter pais ricos, mas eu trocaria minha vida com pais ricos por um sorvete de chocolate branco, o qual nunca provei e gostaria muito de fazê-lo, inclusive.

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No refeitório, estou sentada à uma mesa cheia de garotas que se acham o centro da Terra. São amigas de Melissa, não minhas.

— Meninas, olhem só quem está vindo. – Uma das garotas, que se chama Blair Albertelli, olha fixamente para algo atrás de mim.

Uma morena que está ao seu lado, apóia o queixo em uma das mãos e suspira.

— É o Tristan Cobain. Ele é tão bonito, mas nunca quer nada com nenhuma de nós. Que pena.

Sinto meu coração acelerar outra vez, pensando que sou só mais uma menina boba apaixonada pelo cara mais bonito do colégio.

— Eu já fiquei com ele. – Mia Jones se gaba, com uma das sobrancelhas para cima.

— Ficou como? – Blair indaga, parecendo incomodada.

— Ora, fiquei. Ele não é fofo, apenas um garoto em busca de sexo, como qualquer outro. Vocês são idiotas demais, ele quer alguém que seja experiente como eu.

Bufo, odiando que ela seja tão arrogante.

— Menos, Mia. – Melissa intervém antes que eu possa abrir a boca. — A maioria nesta mesa sabe muito mais que você no quesito sexo. Você é muito mais bonita com a boca fechada.

As duas se encaram, parecendo prestes a arrancar os olhos uma da outra.

Deixo de dar atenção ao assunto bobo delas, engolindo em seco quando consigo ver Cobain sentado à uma mesa da ponta, cercado de garotos e garotas. Ele não é o típico popular, apenas muito bonito e querido.
Seus cabelos estão constantemente bagunçados, e os fios castanhos parecem tão lisos e macios. Sua pele é clara, quase bronzeada, nunca há sinal algum de uma possível barba. Seus olhos são castanhos, mas nunca tive a oportunidade de saber se claros ou escuros. O nariz simples e os lábios medianos completam o que chamo de rosto perfeito. Ele é lindo em seus detalhes únicos.

De repente, sou pega no flagra o encarando e sinto a vergonha aquecer meu corpo inteiro. Ele fica me olhando, e antes de conseguir desviar os olhos para minhas próprias mãos, vejo o rastro de um sorriso, quase imperceptível. Se eu não tivesse olhando tanto, não teria visto.

O que aquilo significava?

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora