Capítulo 40: a verdade

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Alguns dias depois, minhas amigas e eu estávamos mais uma vez nas arquibancadas do campo de futebol do colégio. Nosso time estava vencendo o de fora, o que empolgava a todos que tiraram um tempo para assistir ao jogo.

Eu estou aqui por James – apesar de estarmos oficialmente solteiros –, mas estou com os olhos presos em Cobain, que está se saindo muito bem, como no primeiro jogo. Ele deixa as garotas eufóricas, e compreendo, já que sua beleza é gritante.

Faltam poucos minutos para o jogo acabar, e estamos pensando em irmos para um pub logo depois. Não vou encher a cara como naquele dia, mas estou disposta a me divertir um pouco comigo mesma. Sem bebidas em excesso, sem provocações, sem garotos.

Ultimamente, venho entendendo como é necessário estar sozinha. É incrível como posso me descobrir a cada dia, e estou muito feliz com a minha evolução. Felicia não me trata tão mal quanto antes, mas também não viramos super amigas. É bom não ter mais tanto peso sobre minhas costas, sinto que as coisas estão melhorando dentro de mim.

— Falta pouco para acabar – comenta, Melissa, colocando um biscoito de chocolate na boca.

Meus olhos seguem Cobain por onde ele vai, como se eu fosse incapaz de olhar para outro lugar. Namoro seu corpo dentro do uniforme, pensando nas vezes que estive envolvida pelos braços definidos e ágeis.

Umedeço os lábios, com sede, então bebo um pouco do meu refrigerante.

Nos últimos segundos, nosso time faz mais um touchdown, e vencemos mais um jogo, fazendo a torcida vibrar, inclusive eu, que fico feliz pela vitória. Eles treinaram tanto para isso.

Depois de toda a comemoração, as pessoas se levantaram aos poucos para deixarem seus lugares, mas não deixei de acompanhar Cobain enquanto ele tirava o capacete e sorria com alguns de seus companheiros de time. Era bom ver o quanto ele havia se adaptado com toda a euforia que é jogar pelo colégio.

Quando as arquibancadas estão quase vazias, finalmente me levanto ao lado de Bonnie, Melissa e Sebastian, que não se desgruda mais da minha amiga.

— Esperem por mim lá fora, vou ao banheiro – digo, me afastando deles.

Caminho distraidamente para dentro do colégio, onde muitos estão passando para irem embora. Dobro mais um corredor, conseguindo ver o banheiro feminino de longe, então apresso meus passos.
Sorrio para algumas garotas que me cumprimentam, tendo de esperar um pouco para alguma cabine ficar desocupada.
Quando isso finalmente acontece, me alivio por segundos que pareceram não ter fim, sentindo minha bexiga se esvaziar instantaneamente.

Ao acabar, me seco e aperto a descarga antes de sair da cabine, indo direto para a pia lavar as mãos.
Deixo o banheiro enquanto tiro o excesso de água na calça jeans, voltando pelo mesmo caminho que fiz anteriormente.
Aproximo-me da escada que leva para a parte externa do colégio, sentindo meu celular vibrar no bolso, então o alcanço e franzo o cenho ao ler uma mensagem da minha irmã:

Venha rápido para casa,
mamãe não está muito bem.

Preocupada e perigosamente desatenta, começo descer os degraus enquanto digito uma resposta. Porém, meu cérebro dá um nó e me faz pensar que estou no último degrau, enquanto estou no penúltimo, e quando dou mais um passo para alcançar o chão, piso de mau jeito no espaço entre dois degraus, fazendo meu pé virar e dar um estalo com toda a firmeza que coloquei em meu ato.

— Mas que... – faço careta, sentindo uma dor horrível ao tentar apoiar o pé esquerdo no chão.

Então, acabo me sentando, ficando horrorizada ao ver meu tornozelo inchado e torto.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora