Capítulo 29: o fim

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Mais tarde, no mesmo dia, evito olhar para aquela mulher no café da manhã. Ela parece radiante, sorrindo para o vento.

— No próximo sábado teremos um evento importante, estejam deslumbrantes. – Meu pai diz, se levantando para sair.

— Não soube de evento nenhum, querido. – Felicia comenta, forçando um sorriso.

— Está sabendo agora. Bom dia. – Ajeita a gravata e sai, deixando uma mulher irritada para trás.

Baixo a cabeça, sorrindo. Será um prazer desmoralizar minha própria mãe em um evento cheio de cobras.

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Estou de cabeça baixa, debruçada na mesa da sala de aula.

— O que está acontecendo, Hope? – A professora toca meu braço.

— Não estou me sentindo bem hoje, posso ir ao banheiro?

— Ok, pode ir. Mas não demore, esta matéria já é para as provas. – Sorri, compreensiva.

Saio dali, deixando meus colegas aos sussurros.

Caminho vagarosamente pelos corredores, entrando na sala de música, que não está em uso por ser sexta-feira. Estou aliviada de poder passar o fim de semana me afogando em minhas mágoas, já que preciso conversar com Cobain hoje.

09h34 – Pode vir até a
sala de música? É urgente.

Ele vizualiza depois de alguns minutos, mas não responde. Olho para o violoncelo, porém, não sinto vontade de toca-lo agora. Estou enjoada e com dor de cabeça.

A porta se abre, mas não fico aliviada quando vejo Tristan, muito pelo contrário.

— Temos que ser rápidos, o que foi? – Se aproxima.

Molho meus lábios, tentando engolir o choro.

— Eu quero terminar – sou direta.

Vejo-o franzir o cenho e sorrir, chegando mais perto, mas dou um passo para trás.

— Por quê? – Pergunta.

Eu tenho duas desculpas para dar: Rebecca e James.
Não sei qual das duas pode soar mais convincente, mas resolvo optar pela primeira opção.

— Não consigo continuar me enganando, eu não me sinto segura desde que sua ex namorada apareceu. – Não é mentira.

— Ela é só uma amiga, Hope, já conversamos sobre isso.

— Eu sei, mas não é o suficiente para mim. – Cruzo os braços.

— O que eu posso fazer? Você nem tem coragem de assumir que estamos juntos, não posso evita-la!

Minha visão fica embaçada, então engulo seco e respiro fundo.

— É, eu não tenho coragem. Mais um motivo para não continuarmos juntos. Eu nunca vou conseguir enfrentar meus pais dessa forma. – Minha voz falha, mas limpo a garganta.

— Nós podemos dar um jeito, eu digo a verdade para Rebecca, ela vai entender e não vai mais agir como se fôssemos próximos – insiste.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora