Capítulo 27: ex namorada perfeita

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Paramos no último corredor, no segundo andar da biblioteca. Não nos sentamos em nenhuma mesa embaixo, chamaria muita atenção.

Fico de costas para a estante gigantesca cheia de livros, enquanto Cobain para em minha frente, calado. Ficamos assim por alguns segundos, até ele se sentir preparado.

— Rebecca Stanley, é o nome dela. – Começa, suspirando. — Namoramos há uns quatro anos, por dois anos.

— Não parece insignificante – comento, irônica.

— E não foi, tiramos a virgindade um do outro.

Baixo a cabeça, encarando o chão. Não sei o que pensar, mas acho que estou insegura. A primeira transa é sempre importante, de alguma forma.

— Quando pretendia me contar? – Falo baixo, tomando cuidado para ninguém nos ouvir.

— Logo, você saberia de qualquer jeito. – Dá de ombros.

— Eu não conhecia ela...

— Os pais dela se mudaram, por isso terminamos. Agora, eles se divorciaram e a mãe decidiu voltar – resume.

— Só terminaram porque ela foi embora, então? – Mordo o lábio. — Estariam juntos ainda, é óbvio.

Sorrio ironicamente, não conseguindo controlar meu lado infantil e medroso. Odeio me sentir ameaçada, e isso está acontecendo agora.

— Gosta dela? – Pergunto.

— O quê? – Franze o cenho.

— Você. Ainda sente alguma coisa? Ficou feliz por vê-la aqui?

— Sinto carinho por ela, é inevitável. E sim, fiquei feliz. Rebecca foi alguém importante, já disse.

Preciso fazer uma nota mental de jamais criar expectativas, descobri da pior forma que é horrível quebrar a cara.

— Me desculpe, eu não tenho o direito de ficar puta. – Suspiro. — Nem temos uma definição.

— Porque foi o que você pediu.

Olho para ele, com sua atenção toda voltada para mim, me sentindo uma idiota por estar me mordendo de ciúmes.

— É que... eu não estou pronta para dizer aos meus pais sobre o término. E James precisa de mim para ter crédito, entende? – Mordo o lábio, ansiosa por zero motivos. — Aquilo do jantar não vai acontecer de novo.

— Tudo bem.

— Não, não está tudo bem. Você não precisa ser compreensivo o tempo todo, sabia? – Aproximo-me dele, sentindo seu cheiro delicioso.

— Você não fez nada – diz, como se não estivesse mesmo se preocupando.

— Agora que existe outra garota, eu acho que fiz. Quero dizer... eu não gostaria que vocês dois transassem, só aumenta minha culpa. – Bufo.

Surpreendentemente, ou não, ele sorri para mim, fazendo meu coração derreter como um sorvete. Eu devo ser muito idiota.

— Esqueça o que aconteceu, ela não vai incomodar você.

— Já está incomodando. – Cruzo os braços. — Ela parece muito bonita.

Engulo seco, sentindo meus olhos ficarem cheios. É horrível sentir como se eu estivesse sendo humilhada, mas é como se eu não passasse de uma pedra no caminho deles.

Cobain me abraça, beijando minha cabeça e ficando apoiado em mim, me confortando em seu corpo firme e aconchegante.

— Ela é bonita, e você é linda, não precisa ficar assim. — Afaga minha nuca.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora