Paramos no último corredor, no segundo andar da biblioteca. Não nos sentamos em nenhuma mesa embaixo, chamaria muita atenção.
Fico de costas para a estante gigantesca cheia de livros, enquanto Cobain para em minha frente, calado. Ficamos assim por alguns segundos, até ele se sentir preparado.
— Rebecca Stanley, é o nome dela. – Começa, suspirando. — Namoramos há uns quatro anos, por dois anos.
— Não parece insignificante – comento, irônica.
— E não foi, tiramos a virgindade um do outro.
Baixo a cabeça, encarando o chão. Não sei o que pensar, mas acho que estou insegura. A primeira transa é sempre importante, de alguma forma.
— Quando pretendia me contar? – Falo baixo, tomando cuidado para ninguém nos ouvir.
— Logo, você saberia de qualquer jeito. – Dá de ombros.
— Eu não conhecia ela...
— Os pais dela se mudaram, por isso terminamos. Agora, eles se divorciaram e a mãe decidiu voltar – resume.
— Só terminaram porque ela foi embora, então? – Mordo o lábio. — Estariam juntos ainda, é óbvio.
Sorrio ironicamente, não conseguindo controlar meu lado infantil e medroso. Odeio me sentir ameaçada, e isso está acontecendo agora.
— Gosta dela? – Pergunto.
— O quê? – Franze o cenho.
— Você. Ainda sente alguma coisa? Ficou feliz por vê-la aqui?
— Sinto carinho por ela, é inevitável. E sim, fiquei feliz. Rebecca foi alguém importante, já disse.
Preciso fazer uma nota mental de jamais criar expectativas, descobri da pior forma que é horrível quebrar a cara.
— Me desculpe, eu não tenho o direito de ficar puta. – Suspiro. — Nem temos uma definição.
— Porque foi o que você pediu.
Olho para ele, com sua atenção toda voltada para mim, me sentindo uma idiota por estar me mordendo de ciúmes.
— É que... eu não estou pronta para dizer aos meus pais sobre o término. E James precisa de mim para ter crédito, entende? – Mordo o lábio, ansiosa por zero motivos. — Aquilo do jantar não vai acontecer de novo.
— Tudo bem.
— Não, não está tudo bem. Você não precisa ser compreensivo o tempo todo, sabia? – Aproximo-me dele, sentindo seu cheiro delicioso.
— Você não fez nada – diz, como se não estivesse mesmo se preocupando.
— Agora que existe outra garota, eu acho que fiz. Quero dizer... eu não gostaria que vocês dois transassem, só aumenta minha culpa. – Bufo.
Surpreendentemente, ou não, ele sorri para mim, fazendo meu coração derreter como um sorvete. Eu devo ser muito idiota.
— Esqueça o que aconteceu, ela não vai incomodar você.
— Já está incomodando. – Cruzo os braços. — Ela parece muito bonita.
Engulo seco, sentindo meus olhos ficarem cheios. É horrível sentir como se eu estivesse sendo humilhada, mas é como se eu não passasse de uma pedra no caminho deles.
Cobain me abraça, beijando minha cabeça e ficando apoiado em mim, me confortando em seu corpo firme e aconchegante.
— Ela é bonita, e você é linda, não precisa ficar assim. — Afaga minha nuca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
IMPERFEITA - VOL I
RomanceUma garota imperfeita desejando ser perfeita. Um cara perfeito feliz com sua imperfeição.