Capítulo 23: explicações

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O sábado amanhece ensolarado, posso sentir o incômodo do sol esquentando minha pele enquanto estou na cama.
Sentando-me na mesma, acabo me lembrando do que aconteceu na noite passada.

Não.

Passo uma mão embaixo do meu travesseiro, encontrando meu celular ali, como sempre.
Resmungo ao ser apenas sete da manhã, me odiando por despertar tão cedo em um sábado. Porém, posso tirar proveito disso.

Como ainda está cedo para ligar para alguém, apenas me levanto e sigo direto para o banheiro, na intenção de escovar os dentes e lavar o rosto.
Após fazer isso, caminho um pouco mais animada até meu closet, procurando por algum conjunto esportivo para que eu possa correr por aí.

Pego um top de alças médias e zíper na frente, e uma calça legging de cós alto, ambos em um tom escuro de rosé.

Calço-me de tênis pretos, combinando com o zíper frontal do top, além de dividir meu cabelo ao meio e prendê-los com chiquinhas.

Me perfumo adequadamente antes de alcançar meus fones de ouvido sem fio, já o conectando ao bluetooth e deixando uma música de The Weeknd em volume baixo.

Saio do quarto e desço até a sala de jantar, onde a mesa está servida e meus pais calados. Não consigo entender que tipo de relacionamento os dois vivem, mas é frio e estranho.

— Bom dia. – Cumprimento por educação.

— Onde vai? – Minha mãe pergunta.

— Vou sair para correr – digo enquanto me sento e coloco o guardanapo finíssimo que Felicia escolhe a dedo todos os dias no colo.

— Está se esquecendo da cirurgia de hoje?

Olho para ela, vendo seu pescoço apresentar um tom leve de vermelho. Está ficando irritada, e eu gosto disso.

— Não, apenas não vou – respondo tranquilamente.

Ela respira fundo, e vejo o exato momento em que seus dedos se apertam um contra o outro.

— Como não vai?

— Não vou, não quero ir e não preciso de seios maiores, os meus são perfeitos como estão. Por que não vai em meu lugar? – Levanto uma sobrancelha. — Tem uma ruga nova bem aqui. – Toco minha própria testa, olhando horrorizada para seu rosto.

— O quê? – Franze o cenho. — Rugas?

Suspiro, aliviada ao vê-la se retirando da mesa às pressas, como se sua vida fosse acabar com o que eu disse.

Ouço o riso baixo e discreto do meu pai, então o olho, um pouco surpresa.

— Pensei que você baixaria a cabeça para ela pelo resto da vida – comenta, vendo algo em seu tablet da empresa.

— Eu também. – Respiro fundo, dando atenção apenas ao meu prato com ovos mexidos e tomate.

Tomo meu café da manhã tranquilamente, antes de caminhar até a cozinha e sorrir para Mary Clark, nossa cozinheira.

— Bom dia, Mary!

— Hope! Bom dia, menina.

Sorrio para ela, abrindo as portas dos armários embutidos.

— O que está procurando? – Pergunta, secando as mãos em um pano.

— Minha garrafa de água, ela é preta com tampa redonda, como um casco de tartaruga.

Ela ri e abre uma parte específica do armário, tirando minha garrafa de lá, já enchendo-a com água gelada.

— Obrigada, Mary. – Sorrio.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora