Capítulo 10: proibido é mais gostoso

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Logo de manhã, na terça-feira, a professora de educação física decidiu reunir nossa turma com um dos terceiros anos.
Agora, estou ansiosa, esperando para ver se Cobain está presente hoje, e para o meu alívio, o vejo se aproximar da quadra com um garoto.

— Vai falar com ele? – Bonnie interrompe meus pensamentos, se alongando ao meu lado.

— Quero, mas não sei se deveria – respondo, sendo sincera.

Melissa entra na quadra correndo, um pouco ofegante. Ela está atrasada, mas já usando o uniforme adequado para as atividades físicas da aula.

— Bom dia, meninas! – Apóia as mãos nos joelhos, parecendo cansada.

— Melissa O'brien atrasada. – Bonnie olha para o céu, procurando por chuva.

Sorrio, vendo a loira revirar os olhos.

— Meus pais sugaram todas minhas energias ontem, ficamos até tarde em uma festa chata e acabei perdendo a hora. Como é entediante participar disso! – Bufa.

Seguro meu pé esquerdo pressionado contra minha nádega, olhando o chão fixamente para não cair.

— Deixei as aulas mais cedo ontem, perdi alguma coisa? – Melissa inicia um assunto, despreocupada.

— Não, Hope só rompeu com o namorado idiota.

Solto um riso, perdendo o foco no alongamento. Eu já deveria saber que Bonnie não me daria a oportunidade de dar a notícia.

— Rompeu? – A loira franze o cenho.

— Não, exatamente. Nós terminamos, mas ninguém pode saber – digo.

— Não preciso pensar muito para saber o motivo. Você tem certeza do que fez?

— Bonnie disse o mesmo, e sim, eu tenho certeza do que fiz. James e eu só estávamos juntos por nossos pais, e enquanto eles pensarem que estamos bem, tudo fica nos trilhos. Além do mais, não sou a favor de traição. – Suspiro, estalando meus dedos.

— Nesse ponto você tem razão. – Melissa alonga o pescoço. — E o que está pensando em fazer agora?

Mordo o lábio, olhando de relance para Cobain, que está do outro lado da quadra.

— Vou deixar as coisas fluírem naturalmente – respondo, pensativa.

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Já no vestiário, tiro minha camiseta suada, colocando-a para lavar, junto com as outras. Todas as meninas já acabaram, estou sozinha terminando de me trocar, pois fiquei alguns minutos falando com a professora sobre os jogos do fim do semestre.

Jogo meus tênis para longe, e assim que retiro as meias, alguém bate a porta. Acabo pulando de susto, olhando rapidamente para frente. Arregalo os olhos ao ver Tristan Cobain caminhando vagarosamente até mim, com as mãos nos bolsos da calça social cinza.

— Você não pode entrar aqui! – Puxo uma toalha, cobrindo meus seios que estão cobertos apenas por um sutiã rendado.

— É uma pena, porque não me importo. – Pára logo à minha frente, se apoiando em um dos armários.

Mordo o lábio, segurando um sorriso.

— O que está fazendo aqui? – Pergunto, realmente curiosa com sua aparição.

Ele me analisa dos pés à cabeça, tranquilamente, e então se coloca ereto novamente, se aproximando mais de mim.

— Não pude me controlar. Como vai o namoro?

Aperto meus lábios, me controlando para não sorrir como uma idiota. Porém, não deixei seu tom passar despercebido.

Tristan Cobain está com ciúmes?

— Meu namoro acabou – respondo, sem enrolação.

O garoto com o típico estilo de badboy à minha frente, coça a mandíbula, parecendo confuso com a minha resposta.

— Eu não esperava por isto. O que aconteceu?

Dou de ombros e faço uma careta apressada, suspirando profundamente.

— Até parece que você não tem conhecimento do que se passava no meu, agora, antigo relacionamento. Não sei como ainda passo pelas portas. – Faço um gesto calmo, passando a mão no ar sobre minha cabeça.

Ele sorri de lado, balançando a cabeça em negativa, como se desaprovasse algo.

— Que cara idiota – comenta, parecendo não fazer questão de que eu o ouça, mesmo que tenha ouvido.

Meu coração acelera quando vejo seus pés saírem do lugar e seu corpo vir em minha direção. Aperto a toalha em punhos, com medo de que ela caia e me deixe exposta.

— Você aceitava as traições, o que te fez mudar de ideia agora? – Toca meu rosto, fazendo-me suspirar.

Mordo o lábio e fecho os olhos, inclinando um pouco a cabeça para sentir seu toque com perfeição. Volto a olhá-lo, agora tão perto, admirando seus olhos claros e intensos.

— Você – sussurro, — você me fez mudar de ideia.

Bastou apenas esta frase para sua boca grudar na minha. Cobain parecia faminto, como se estivesse me desejando há tempos. Um gemido meu escapa entre o beijo, fazendo o garoto me empurrar um pouco para trás, até me encostar na parede.

Passo minhas mãos por sua nuca e acaricio seus cabelos macios aos poucos, sentindo uma massagem deliciosa nos meus seios. A esta altura já não existe toalha nenhuma, e tudo o que quero é que Cobain me toque por inteira, sem excessões.

Quando o beijo acaba, estou ofegante, completamente entregue, enquanto ele está normal, como na praia, como sempre. Perfeito.

— Nosso encontro está de pé, então? – Pergunta.

— Está. – Sorrio, mas o fecho mais rápido do que gostaria. E ele percebe. — Só teremos que ter cuidado, as pessoas não podem saber que meu namoro acabou.

— O quê? – Franze o cenho. — Por quê?

— Meus pais prezam muito pelo meu "relacionamento", é bom para o negócio deles. Eles não podem sequer imaginar que James e eu não estamos mais juntos.

— Hope... não vejo como isso pode dar certo. – Acaricia minha mão.

— Eu vejo. Confie em mim – digo com firmeza.

— Tudo bem, nós dois não temos nada sério, eles não precisam se preocupar.

Tento evitar a dor que suas palavras me causam, mas sei que é a mais pura verdade.

— Mas não diga a ninguém sobre nós dois, ok? – Afasto suas mãos de mim, saindo de perto dele.

O vejo se virar para me olhar, analisando meu colo nu, apenas com o sutiã revelando meu decote.

Seus lábios desenham um sorriso sacana demais para ele, combina com sua imagem, mas não combina com sua personalidade, mesmo sendo um sorriso incrível.

— Nunca ouviu dizer que o proibido é mais gostoso, Hope Downey?

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora