Capítulo 35: a vida é muito mais do que conseguimos ver

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Não demorou muito para Tristan Cobain me localizar no meio de todas as pessoas espalhadas pela cobertura, e sua reação foi bastante curiosa.

Tenho certeza de tê-lo visto confuso, encarando à mim e minha irmã de forma intensa.

Ele sabe de alguma coisa.

Tento manter meus olhos longe dele, tendo sucesso ao passar a maior parte do tempo rindo e conversando com minha irmã.

Em algum momento da noite, meu pai pede para irmos até ele, onde um bando de pessoas intrometidas estão.

— Como elas cresceram! – Alguma mulher sorri, fingindo. — Estão cada dia mais lindas.

— Eu sei, Hailey é o meu orgulho, se parece tanto comigo. – Não preciso dizer de onde saiu isso.

— Hope, você não participa tanto dos eventos. – A mulher insiste em ser incoveniente. — Está muito bonita. – Sorri. — Minha filha faz aulas de ballet com sua irmã, por que não tenta?

— Ela não é boa como deveria, Jade, não leva jeito.

Abro um sorriso, suspirando diante o comentário de Felicia.

— Não seja mal educada, mamãe, ela não perguntou para você. – Fico feliz com a minha calma e ironia, conseguindo deixar a mulher ao meu lado constrangida. — Então, Jade, eu não gosto de dançar, mas aprecio uma boa música. Toco alguns instrumentos.

— É mesmo? – Sorri, parecendo interessada de verdade desta vez. — Quais?

— Meu preferido é o violoncelo, mas toco piano, violão, violino, guitarra, arpa e clarinete. Agora, estou pensando em aprender algo novo, mas não decidi.

— Nossa, confesso que estou muito surpresa, sua mãe nunca disse que você tem tal talento. – Solta um riso curto.

— É, claro que não.

— Minha irmã está sendo modesta, senhora Malone. Ela dança muito bem, além de ser muito fotogênica, e raramente arrisca como cantora, não sabe o quanto é incrível – diz, Hailey, me olhando com carinho.

Sorrio, envergonhada por ter meu segredo revelado, mas grata por ela me fazer parecer tão legal.

— Escondeu uma jóia por todo esse tempo, Felicia. – A mulher diz à minha mãe, parecendo repreendê-la. — Eu organizo peças musicais, quero que você participe algum dia.

Arregalo um pouco os olhos, realmente feliz com a possível chance de me apresentar.

— Eu adoraria! – Sorrio. — É muito gentil da sua parte, obrigada.

Ela dá uma piscadela, se afastando de nós para falar com um homem.

— Vai pagar caro por me envergonhar, Hope.

— Você é quem pagará caro por tudo o que já fez, mãe – ironizo a última palavra.

Saio dali em passos firmes e rápidos, passando por muitas pessoas até encontrar portas de vidro que dão acesso a um espaço vazio, onde parece perfeito para espairecer.
Abro as portas com cuidado, suspirando aliviada ao fechá-las atrás de mim.

Caminho em passos lentos até a borda do prédio, que bate na altura da minha cintura. Apóio as mãos no concreto, vendo grande parte de Los Angeles ali de cima, toda acesa e magnífica.

Porém, sussurros me tiram da paz que senti por poucos segundos, fazendo-me olhar para meu lado direito. Franzo o cenho, só percebendo que andei ao traçar metade do caminho.

— É ridículo, mãe, não estou acreditando!

É a voz de Tristan. Me aproximo um pouco mais, até o fim da parede que me esconde. Sondo por um segundo, vendo ele e sua mãe, ambos parecem agitados.
Escondo-me, ficando com as costas apoiadas na parede, me sentindo culpada por ouvir escondido, mas incapaz de sair dali.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora