Capítulo 17: meu caos particular

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Minhas roupas ensopadas não passaram despercebidas pela minha família, principalmente por Hailey, que me olhou de forma desconfiada.

— Prefiro não saber o que aconteceu com você. – Minha mãe suspira, parecendo se controlar para não voar no meu rosto.

— Onde esteve? – Meu pai olha seu relógio de pulso. — São seis da tarde.

— Eu... precisei ir a um lugar antes de voltar para casa. Acabei pegando uma chuva forte no caminho. – A segunda mentira do dia.

— Podia ter dito ao motorista que a levasse para onde quer que seja. Que isto não se repita! – Ele repreende, de forma contida.

Aceno devagar e saio dali, subindo direto para o meu quarto. Preciso de um banho, estou com frio e temo pela minha saúde.

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Deixo o banheiro enquanto seco meus cabelos lentamente com a toalha. Aproximo-me da cama quando meu celular vibra, pegando o mesmo e deixando a toalha de lado para ver quem mandou mensagem.

18h36 – Podíamos sair.

Não contenho o sorriso, sentindo meu corpo inteiro se animar com o convite de Tristan Cobain.

18h37 – Hoje?

18h37 – Agora.

Umedeço os lábios, pensando no quanto minha falta no jantar não faria diferença. E é só por esse motivo que aceito.

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Puxo as mangas do meu moletom até cobrir as mãos, estou sentindo muito frio e posso sentir uma leve ardência no meu nariz. Bem, eu já esperava, na verdade.
Como prevenção, coloquei um gorro branco para me proteger um pouco da ventania, vai me deixar aquecida o suficiente.

Quando Cobain para o carro na minha frente, abro a porta e entro, botando o cinto de segurança antes de olhar para o cara extremamente gato ao meu lado.

— Oi – digo, atenta aos detalhes de seu rosto.

— Gorro bonito. – Ergue as sobrancelhas.

— Nossa brincadeira de mais cedo vai me deixar com uma baita gripe, não tire sarro do meu gorro.

Ele sorri, ainda me encarando como se eu fosse uma garotinha.

— O quê? – Pergunto.

— Seu nariz está vermelho na ponta, você ficou fofa assim.

Coloco a mão no nariz, sentindo-o gelado. Eu o cocei incontáveis vezes pelo incômodo de estar ficando resfriada, isso deve tê-lo deixado vermelho, mas não me importo.

— Podemos ir? – Tento desviar o olhar dele de mim, e consigo.

Finalmente saímos do lugar.

— Onde está pensando em me levar desta vez?

— O que acha de boliche? – Me espia pelo espelho retrovisor.

Sorrio para ele, como uma resposta positiva. Ele coloca uma música legal, e vamos o caminho todo quietos, apenas apreciando o momento.
O ar-condicionado quentinho, a voz de Ed Sheeran, o clima gélido, a iluminação da cidade, Tristan Cobain, tudo parece tão bom, que me faz refletir o quanto me sinto em paz quando estamos juntos. Eu já cheguei a esta conclusão antes, mas não deixo de pensar sempre que o vejo.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora