Capítulo 34: o início de uma fatídica história

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Estou estonteante.

Nunca me senti tão poderosa como hoje. É como se eu pudesse fazer qualquer coisa, como uma pessoa normal.

Estou usando o vestido e o par de sandálias que o estilista enviou para casa hoje de manhã, e ficou realmente perfeito. Minhas curvas estão acentuadas e meus seios valorizados pelo decote, o que me deixa sexy e elegante.

Meus cabelos estão soltos e levemente ondulados, em uma bagunça charmosa. Meu rosto está devidamente maquiado, com olhos brilhantes por uma sombra cintilante e cílios aperfeiçoados por uma máscara potente. Nos lábios, um gloss neutro, que leva a delicadeza da maquiagem para um lado mais sensual.

Estou com brincos longos e brilhantes nas orelhas, o que destaca ainda mais meus cabelos.

Minhas unhas estão bem feitas, o esmalte claro combina com a carteira brilhante em minhas mão, com a mesma cor das sandálias.

Eu estou deslumbrante, como meu pai exigiu.

Deixo meu quarto, com tudo o que precisarei em algum momento dentro da minha bolsa pequena. Com cuidado, desço cada degrau ansiosa pelo que pode acontecer nesse evento, sinto que algo vai mudar esta noite.

— Uau! – Minha irmã reage ao me ver, colocando as mãos na boca. — Hope, você...

— Está magnífica. – Meu pai conclui, interrompendo-a.

— Obrigada. – Sorrio, desviando os olhos por alguns segundos, para onde minha mãe está.

Consigo flagrar sua expressão de descontentamento, e sei que consegui deixá-la irritada por pegá-la de surpresa com o meu empenho em me arrumar. A vida de Felicia é me azucrinar, e se eu for boa o bastante, ela vai enlouquecer por não ter motivos para me rebaixar. Porém, ela sempre dá um jeito.

— Está tão inadequada, como sempre – comenta, cuspindo seu veneno.

— Que bom que gostou, Felicia – digo, sorrindo com ironia. — Podemos ir? – Olho para Andrew e Hailey, que acenam.

E saímos de casa, nos dirigindo até o salão onde será o evento.

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Há muitos carros, pessoas e luzes. Estamos na frente de um prédio enorme, completamente espelhado e iluminado.

— O que aquela mulher está fazendo aqui? – É minha mãe quem diz, então olho para ela e me viro, seguindo seu olhar raivoso.

É Donna Cobain. Ela está incrível em um vestido dourado e longo, que realça sua pele clara e os cabelos negros.

— Estamos na inauguração do primeiro hotel que ela está abrindo em parceria com Robert Merchant. – Tranquilo, meu pai responde.

— Não acredito que está fazendo isso comigo, Andrew!

— O motorista ainda está ali, pode ir para casa, se quiser.

Felicia bufa, com o rosto vermelho como um tomate. Ela está obviamente irritada, e sai andando em nossa frente quando me olha e vê meu olhar curioso.

A seguimos, passando pela dona do prédio majestoso. Seu sorriso some assim que vê meu pai, e fico ainda mais curiosa quando os dois se perdem um no outro. Até que ouço o limpar de garganta dela.

— Senhor e senhora Downey, que prazer tê-los aqui. – Coloca um sorriso educado nos lábios pintados de vermelho. — Suas filhas estão lindas. Espero que aproveitem a festa.

Sorrio para ela, que toca meu ombro e faz uma carícia gentil. Seguro-me para não fazer nenhuma pergunta sobre seu filho, acho que não quero ouvir a resposta, de qualquer forma.

Felicia não fala nada, apenas meu pai agradece e finalmente entramos, tendo visão de um primeiro andar deslumbrante e realmente gigantesco. Há algumas pessoas por aqui, observando a decoração moderna e os detalhes minuciosos, mas a comemoração está acontecendo na cobertura, um local criado exclusivamente para eventos como este.

Esperamos pelo elevador, e subimos em um silêncio sufocante até nosso destino, que está abarrotado.

Não está cheio o suficiente para ser ruim, mas há muitas pessoas, de fato. A decoração está fascinante, com luzes espalhadas em lustres incríveis, algumas mesas dispostas em um canto próprio, garçons e música ao vivo.

Meus pais, como percebi fazerem em eventos passados que fui, se separam de nós, indo cumprimentar amigos.

— Você também percebeu a tensão lá embaixo? – Hailey pergunta, franzindo o cenho.

— Sim, foi terrível. Alguma coisa aconteceu entre as duas famílias, e estou disposta a descobrir o que foi – digo, decidida.

— Se souber de algo, me conte, estou muito curiosa.

Seguro seu braço, puxando-a para um canto menos barulhento.

— Na verdade, sei de uma coisa que pode ser essencial – sussurro, não que precise.

— O que é?

— Eu tive um caso com Tristan Cobain, mamãe me fez terminar tudo e ameaçou acabar com os negócios da mulher que nos recebeu lá embaixo, é a mãe dele. Ela disse coisas estranhas, como se conhecesse a família há muito tempo e os odiasse. – Suspiro.

Hailey está de olhos arregalados, me olhando como se eu pudesse confessar ser uma brincadeira a qualquer momento.

— Não estou surpresa pelo que mamãe fez, já que usou a mesma tática comigo. Mas... você e Cobain? – Sorri, fazendo careta.

— Eu sei, é estranho, ele é incrível e não tem boato com garota nenhuma. – Sorrio. — A verdade é que tive muita sorte, mas não durou muito.

Falando no diabo, vejo-o surgir do corredor dos elevadores, ao lado de Rebecca Stanley. Ele está lindo em um terno preto, assim como a camisa sem gravata e com os primeiros botões abertos. Seus cabelos estão mais curtos, em uma bagunça sexy e charmosa.

Sua companhia não está diferente, linda em um vestido amarelo decotado e esvoaçante, realçando a pele morena e os cabelos pretos perfeitamente alisados por trás das orelhas. Os olhos marcados de preto e os lábios cheios pintados de batom claro a deixou ainda mais bonita, o que é um soco no meu estômago.

Sinto minha segurança descer dois degraus, se escondendo.

— Vamos beber alguma coisa? – Pergunto, voltando minha atenção para Hailey.

Ela também está maravilhosa em seu modelito rosa choque, com o rosto destacado por uma maquiagem elegante e jovial. Seus olhos estão brilhantes como os meus, mas ela está usando um iluminador, apenas nos cantos internos. É branco com fundo rosado. Nos lábios, o batom da mesma cor do vestido valoriza seus lábios cheios e os dentes branquíssimos.
Seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo alto e bem feito, deixando seu rosto ainda mais em evidencia.

Estamos bem.

Um garçom passa por nós, então pego duas taças e estendo uma para Hailey.

— Algo me diz que vamos precisar muito disso hoje – digo, me referindo ao champanhe.

Ela ri, não fazendo a menor ideia do que está passando pela minha cabeça.

IMPERFEITA - VOL IOnde histórias criam vida. Descubra agora