Capítulo 42: até nunca mais

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POR HAILEY DOWNEY:

Minha felicidade era tanta que não podia mais controlar. Do lado de fora do salão, olho para todos os lados, esperando por meu par. Ele está atrasado, constato no meu celular, pela nona vez.

Aperto minha carteira, respirando profundamente para tentar me acalmar. Estou tão nervosa que não consigo explicar como estou me sentindo, e só piora quando vejo um carro prata se aproximar.

Ao parar ao meu lado, o vidro abaixa, então posso ver o rosto que tanto amo. Sou uma boba por ainda dar chance a ele, mas não consigo evitar, os sentimentos me controlam na maior parte do tempo.

— Vamos sair daqui – diz.

Franzo o cenho, mas não protesto. Minha irmã está lá dentro com Cobain, os vi juntos e imagino que tenham se acertado. Fico feliz.

Com meus saltos altos, dou a volta e abro a porta do passageiro, me sentando no banco em que até já me acostumei. Porém, não sou a única, e me lembrar disso faz minha garganta arder.

— Boa noite – diz.

Olho para ele, vendo-o dar partida novamente.

— Boa noite, Antony.

Não ouço mais nada dele, nenhum comentário, nenhum elogio. Nada, como sempre.

— Para onde estamos indo? – Questiono.

— Para o meu apartamento.

— O quê? – Franzo o cenho. — Eu me arrumei para esta noite, não quero ficar no seu apartamento.

— Vou levar você de volta depois.

— Mas nós deveríamos ir juntos, pelo menos foi o que combinamos!

— Não discuta, Hailey, apenas facilite para mim.

Aquilo me machucava de uma forma inexplicável, mas eu simplesmente aceitava calada tudo o que Antony me oferecia, o que garanto ser muito menos do que eu merecia, de fato.

Fomos para o seu apartamento, como dito antes, e acabamos juntos, em um beijo quente e forte. O beijo dele é sempre gostoso demais, potente demais.

Estou com uma calcinha pequena e branca, de pé, esperando por mais enquanto seus dedos gelados passeiam pelos meus seios deliciosamente.

Antony está sem a camiseta, apenas com sua jeans desabotoada, revelando sua cueca escura e marcada por algo que gosto muito nele.

— Não me olhe assim, Hailey – sussurra.

— Assim como? – Indago, procurando seus olhos cinzentos. Estão em mim, como brasa.

Ele apenas sorri, puxando meus cabelos para devorar meus lábios como um animal faminto. Eu jamais resistiria a isto, é impossível, não consigo controlar meus pensamentos, minhas ações, nada.

Partimos para rodadas incríveis de muito sexo, como sempre fazemos quando estamos juntos. Ele sabe exatamente onde e como tocar, a forma como seu corpo se encaixa no meu, como se move dentro de mim, me tirando gemidos, suspiros e orgasmos.

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Ainda deitada na cama, fico ouvindo o barulho do chuveiro enquanto um sorriso insiste em ficar. É sempre tão bom, não entendo o porquê de Antony não me pedir em namoro, ou ficar apenas comigo. Será que ele nunca vai mudar?

— Hailey, precisamos conversar.

Puxo o lençol preto que cobria a cama, agora completamente amarrotado, para me enrolar e me sentar na beira do colchão.

Com a toalha na cintura, o observo parar em minha frente, com os cabelos e peitoral ainda molhados.

— Estou de mudança para Nova Iorque.

É como um soco no estômago. Nunca esperamos que alguém que amamos tanto vá embora assim, de repente.

— Nova Iorque? – Repito, para ter certeza absoluta de que ouvi certo.

Ele acena, cruzando os braços, me analisando.

— Parto amanhã de manhã, quero concluir meu curso por lá, fazer minha vida, ser um profissional de sucesso.

Não consigo dizer nada, apenas engulo a vontade de chorar por vezes que nem posso contar. Meu coração está acelerado, e a famosa dor no peito está aqui, martelando novamente. Antony me destrói aos poucos, e sou incapaz de revidar, porque já não tenho mais forças para lutar contra ele.

O pior de tudo, é saber que se ele me chamasse para ir junto, eu iria, e ele sabe. Ele simplesmente sabe. Mas, pelo visto, não estou incluída no seu futuro, nunca estive.

— Não te devo nada, só estou informando para não ser um babaca, nós dois não somos apenas conhecidos e você entende, transamos tantas vezes que não dá para deletar como se não fosse nada.

— Que bom que reconhece – consigo dizer, segurando o choro.

Ele dá um passo em minha direção, segurando meu queixo para me fazer olhá-lo.

— Vista sua roupa.

Sem nem enxergar direito, coloco meu vestido e meus sapatos, não me importando em retocar a maquiagem, não estou no clima para nada mais. Um peso enorme parece esmagar algo dentro de mim, e é a pior sensação que já tive na vida.

— Não fique com raiva de mim, você não pode. Eu sempre deixei claro que somos apenas uma foda, não é como se tivéssemos algo pendente um com o outro.

Olho para ele, muito irritada. Eu poderia dizer sobre a gravidez, poderia contar que abortei um filho seu, poderia acabar com ele como está fazendo comigo, mas sei que ele nunca se importaria com um bebê.

— Eu sei – respondo, pegando minha carteira.

— Ótimo. Só me espere vestir roupa para...

— Eu pego um táxi. – Forço um sorriso e não faço questão de esconder a falsidade contida nele. — Até nunca mais, Antony.

Nunca pensei que alguém poderia me destruir de alguma forma, mas Antony Cooper fez isso com maestria, sem remorso algum, sem culpa. E foi pensando nisso, que naquele momento eu decidi que nunca mais deixaria meus sentimentos tomarem o controle de mim.

Eu, e apenas eu teria o controle.


















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