Capítulo 15

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— Por isso que ele deu sua guarda, Bela — Filipe explicou.

— Mas isso nem compensa, Filipe — berrei para o meu irmão. — Eu cuidaria dele.

Desvio meus olhos para meu pai, que ainda fita seus próprios pés.

— O câncer é terminal — Filipe arregalou os olhos e em seguida os revirou.

— Já chega disso — Adam se intrometeu. — Para você e o seu coração se sentirem melhor, seu pai estava doente, e cheio de dívidas. Ele passou sua guarda a mim, pois achou que seria melhor para você, viver aqui. Sem aquele ambiente quase tóxico, eu sanei suas dívidas em troca.

— Então você é nosso parente? Porque acredito que a justiça...

— Eu sou um primo distante da sua mãe, Bela — Adam me interrompeu olhando nos meus olhos.

Agora tudo fazia sentido. Todas as pontas soltas uniram-se por um instante.

— Você tinha dito que fui apostada.

— E foi quase isso.

Adam dá dois passos em minha direção.

— Eu de início, minha filha, estava pensando em oferecer sua mão. Mas descobri que havia mais pessoas interessadas em te ter como filha.

— Ele não informou sua idade.

— Por isso o quarto rosa, né?

Na minha garganta, surgiu uma risada abafada.

— Espera, você queria uma filha? — perguntei.

— Uma irmã.

🌹

Quando todo mundo terminou de deixar a sua contribuição nesse assunto, Adam voltou a tempo de aproveitar seus últimos momentos como aniversariante. Imaginei que essa festa não deveria ter sido muito bom para ele.

Me despedi do meu pai, ele disse que o Filipe ajudaria enquanto não é convocado para outra missão e que Cristal e Mary estavam revezando entre elas para limpar a casa e deixar uma comida pré pronta para facilitar. Disse também que Adam realmente sanou suas dívidas, e que ainda lhe deu uma certa quantia em dinheiro que declarava estar suprindo as necessidades de consultas médicas e remédios.

Senti meu coração respirar pela primeira vez depois de uma semana inteira na incerteza da minha situação aqui.

É claro que senti uma súbita tristeza por meu pai ter ficado doente, e sentia ainda mais tristeza em não poder ajudar em nada.

Mas, a verdade finalmente apareceu. Mas ainda sentia como se faltasse informação nisso.

Mas doa a quem doer à verdade sempre prevalece, minha mãe vivia dizendo isso.

Eu me despedi do meu irmão e do meu pai, dei o meu novo número de celular e avisei que a qualquer momento podiam me ligar. Deixei toda mágoa e ressentimento para lá por um momento e abracei bem forte meu pai, já que nunca que Adam me deixaria passar uns dias com meu pai. Já que a mansão ficava em Glendale, no Colorado e a nossa casa ficava em Aurora, uma cidade vizinha. Me perguntei se Adam morar no Colorado também não era só uma coincidência.

Depois de tanta loucura em um dia só, eu estava sentada em minha cama. Ainda com os pés sujos por ter andado pelo jardim e pela mansão descalça.

Continuei passando os olhos pelo quarto e encarei as compras que eu e Gilbert fizemos. Me lembrei rapidamente do presente de Adam. Eu mesma não tinha mais clima de presente nem festa, mas eu simplesmente não sabia o que pensar. Quem estava errado? Adam de ter me adotado ou meu pai de ter ficado doente e falido? Eu tinha que descobrir o que realmente havia acontecido, porque acreditava que eles só me contaram metade dessa história.

Eu e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora