Capítulo 25

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— Oi — retribui o sorriso.

Nossos olhos se encontraram, reconhecendo-se.

— Gostei do corte — eu disse tentando quebrar o silêncio.

— Obrigado — ele acenou com a cabeça para Mary e para o meu pai. — Posso falar com você rápido? — Ele perguntou fazendo um gesto com a cabeça. — Em particular?

— Sim, com licença — disse me levantando da cama em que meu pai estava.

Saí do quarto e fechei a porta atrás de mim. Adam estava com a aparência de mais jovem por conta do novo corte de cabelo. E eu desejei saber o porquê do novo visual.

— Pode dizer — eu decretei em um surpreso tom amável.

Ele respirou fundo. Como se o que fosse dizer seria muito difícil para ele.

— Eu só vim para falar que se quiser ficar por aqui com seus irmãos, você está livre para ficar.

Seus olhos estão firmes nos meus. Senti-me extremamente confusa nesse momento.

— Mas também está livre para voltar, quando você quiser — Adam completou.

Ele sorriu. Um sorriso genuíno, puro, mas contido. E com certeza isso não foi o que mais me surpreendeu.

— Bom... É, eu não, bom — reconstruí a frase mentalmente. — Eu não esperava por isso, mas obrigada.

Eu sorri de volta, com os olhos firmes nas suas esmeraldas reluzentes. Tão lindos, como o primeiro dia em que o vi.

— Estarei te esperando.

Ele beijou a minha testa, e tudo pareceu demorar uma eternidade.

— Tchau.

Foi a única coisa que eu consegui dizer isso enquanto o vi se afastar de costas, como sempre, imponente. Eu quis que ele virasse para dar uma última espiada, como desejei que isso acontecesse. Mas também queria questionar, tudo o que estava acontecendo, tudo que eu sempre me perguntei. Desde o dia que pisei naquela mansão até ali, no corredor do hospital.

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Eu queria Adam perto de mim. Naquele segundo não me importou o que tudo aquilo significava para ele, os papeis do escritório, a árvore genealógica estranha que ele fez. Eu só queria chamá-lo de volta e perguntar se ele poderia ficar só mais um pouco. Entrei atribulada novamente no quarto 271 e trombei com Mary saindo.

— Vou encontrar com Josh no estacionamento.

— Vai ir embora?

— Sim. Mais tarde eu vou voltar para ficar com o pai hoje à noite.

— Ta bom, Mary. Descansa.

Eu a abracei. Todo momento era uma despedida interminável. Todos estávamos melancólicos. Principalmente meu pai. Ele não parava de falar sobre quando éramos crianças. E em como mamãe adoraria ter visto seus filhos crescerem, e como ficaria feliz com Mary grávida.

— Pai, lembra quando o senhor fez aquele balanço no jardim? Mamãe ficava apavorada porque aquele balanço sempre parecia que a qualquer momento iria arrebentar.

Eu não pude conter a risada.

— É, eu nunca consegui fazer aquele balanço ficar preso de verdade — ele riu junto comigo.

— Ai, pai. O que eu vou fazer sem você?

As lágrimas surgiram nos meus olhos mais pesadas do que nunca.

— Ah Anna, não chora — ele disse enxugando minhas lágrimas com as mãos. — Eu sei que não foi certo dar a sua custódia para o Adam, mas ainda acho que foi o melhor.

— Pai...

— Eu não queria que você me visse deteriorar. Assim que eu descobri a doença, tentei não alarmar seus irmãos e...

— Você sabia desde quando? — eu o interrompi.

— Eu descobri... Bom, a...

— Como pôde não me contar? Eu sempre estive com você.

— Eu descobri uns seis meses antes da mudança. Me perdoa, minha filha — ele disse em um tom tão amável. — Eu achei que para pelo menos um filho eu devia me esforçar mais.

Meu pai estendeu uma das mãos para secar as minhas lágrimas que encharcavam o meu rosto. Não havia palavras para expressar o tamanho da minha revolta com papai. Ele já sabia que estava doente, e não me contou. Me deixou ser levada, enganada e manipulada. Mas sabia que minhas pendências com ele tinham que acabar ali. Meu pai estava prestes a morrer. Eu tinha que perdoar, não havia outra escolha. Não teria outra chance e eu sabia que me arrependeria o resto da minha vida se não o fizesse.

— Sabe por que colocamos esse nome em você?

Mexi negativamente a minha cabeça. Se eu abrisse a minha boca, eu desabaria com toda a certeza.

— Foi um milagre termos você. Sua mãe não podia mais, depois de Filipe, tudo ficou mais difícil. Anna significa graça, que é favor imerecido. E Bela, vem da palavra adorável. Depois disso você já sabe, eu queria Anna, mas sua mãe queria Bela. E estamos aqui. — Ele pausa o olhar em mim. — Você sempre foi o meu favor imerecido, a minha graça, e depois que sua mãe morreu minha felicidade também. Sua mãe te amava tanto, Anna. E eu também.

Meu rosto ardia, soube que as lágrimas se tornariam rios correntes pelo meu rosto.

— Eu sei, papai. Eu a amava também, e amo também o senhor.

Ele fechou os olhos, como se fosse chorar, e pareceu fazer força para engolir.

— Descansa um pouco, pai

Beijei sua testa e coloquei sua mão que estava no meu rosto em cima de seu corpo. Ele não voltou a abrir os olhos, exausto com todo o esforço que fez para falar tanto. Saí do quarto, querendo desabar. Mas não o fazendo.

Quando fechei a porta atrás de mim, esbarrei com meu irmão. Dessa vez, o Andrew, o segundo irmão mais velho, primeiro vem a Mary.

— Que bom que chegou — eu o abracei instintivamente. — O pai precisa ver todos — eu me desvinculei do abraço. — Cadê o Damon? Já está chegando?

— Já. Ele me ligou do aeroporto de Colorado Springs. Já está vindo pra cá.

— Cadê suas malas? — eu perguntei olhando ao redor de seu corpo.

— Eu passei lá em casa. Deixei Brooke por lá também.

A casa sem sombra de dúvida ficaria lotada com a chegada de Damon. Damon não era muito expressivo nem amável. Não que ele fosse ruim, ele só era frio. Ele foi o único que puxou essa característica da parte da família Hayes, pensando bem, ele combinaria muito com o ritmo da mansão, bem mais do que eu.

— Tudo bem, pode entrar. O pai ta dormindo, só não faz barulho. Quando todos estiverem, a gente acorda ele — planejei. — Sabe se a Cristal já está vindo?

— Sim, ela e o Filipe.

— Ok — me afastei dele, discando já o número no meu telefone.Tocou três vezes até que me atendessem.

— Oi, tem como dar um pulinho aqui agora?



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Eu e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora