Eu e a Fera

Capítulo 13

— Oi queridinha. Você é a Anne Marie? — a loira me perguntou de um jeito que fez o meu estômago revirar.

O que aconteceu também foi a gargalhada que veio na garganta e forcei para engolir de volta. Fiquei com essa extrema vontade de rir porque a voz dela doía na alma de tão fina, eu diria até esganiçada.

— Oi, é Annabela. — gaguejei, ainda sem jeito perto da mulher.

Odeio gaguejar, mas foi quase inevitável depois de ouvir a voz daquela mulher.

Ela deu uma risada debochando.

— Ah que fofa, Dam. Eu amei ela — ela disse apertando o meu rosto com as mãos. — Ain, Dam. Três carros que você tem e temos que viajar todos espremidos — ela reclamou, olhando com desdém para as minhas compras.

— Estou com escassez de motorista, querida — Adam abriu a boca pela primeira vez desde que ela começou a falar.

— Mas você sabe dirigir, poxa — ela disse enlaçando os braços ao redor do pescoço de Adam e o beijando.

Acho que a pior parte de ser feita de vela é que normalmente os casais não gostam de nada o que separam. O climão é certo nessas situações, e para falar a verdade, eu preferia estar trancafiada na mansão a ser forçada a observar isso.

— Ah, que mal educado eu estou sendo — Adam disse em seu tom rotineiro de deboche. — Bela, essa é a Courtney Adams. Courtney, essa é a Annabela Smith — Ele disse, gesticulando com as mãos.

— É um prazer — eu disse estendendo a mão para termos um aperto de mãos, pensando justamente no contrário.

É um grande desprazer em te conhecer, Courtney-da-voz-esganiçada.

Ela ficou olhando para a minha mão estendida sem fazer nenhuma menção que ia apertar a minha mão estendida.

— Você já nos apresentou, Dam — ela disse dando uma risadinha e o beijando.

Por algum motivo, além de graça eu senti como se tiverem acabado de passar um rolo compressor sobre o meu coração, deixando apenas caquinhos.

Nós almoçamos em um restaurante daqueles chiques, que se servem lagosta, atum e caviar.

Eu pedi o mesmo que Gilbert, pois é o único além de mim que não tem sangue azul.

Macarrão tagliatelle com camarões.

Foram umas duas, no máximo três vezes que comi camarão. Isso na época que minha mãe, Katherine, estava viva. Comemos em silêncio e até mesmo rápido. O meu almoço estava divino. Uma das melhores refeições que comi em anos. Adam cruzou o olhar comigo incontáveis vezes enquanto estávamos sentados á mesa. Tinha quase total certeza, que ele sentia vergonha comigo ali. Aliás, quem eu era perto da loira mais linda e glamorosa, conhecida como Courtney Adams?

🌹 

Ao chegar à mansão, eu andei mais rápido que todos e subi para o meu quarto, com Gilbert tentando acompanhar os meus passos com minhas novas roupas, meu novo celular e o presente de Adam.

Eu já não sabia se ia presentear Adam mesmo. Pelo menos, não naquele mesmo dia. Se aquela Courtney-da-voz-esganiçada não saísse de perto, eu não seria capaz de interromper qualquer conversa deles.

— Gilbert, quem é aquela mulher? — perguntei assim que chegamos em meu quarto.

— É uma antiga namorada do senhor, que aparentemente se tornou de novo a atual — Gilbert disse, colocando as bolsas das compras em cima da cama.