Capítulo 40

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Voltei para o meu quarto com a ansiedade martelando na minha mente. Resolvi ligar para minha irmã Mary, ser uma boa irmã e perguntar sobre a gravidez e se havia descoberto se era menino ou menina para tirar minha cabeça dali.

— É um menino — ouvi sua risada sobressair pela ligação. — Anna, você tinha que ver no chá da revelação. O Josh quase chorou. Foi lindo. Uma pena que você não pôde vir.

— É por isso que eu liguei. Eu passei para a Universidade de Denver Springs.

Ela ficou tão feliz e não parou mais de falar sobre. Tudo era o Bruce, o nome definitivo do seu bebê, e Annabela na universidade. Disse ainda que a ocasião pedia uma reunião de família. Eu discordei dizendo que Damon e Andrew não poderiam vir, por conta do grande deslocamento até Aurora. Nos despedimos logo depois carinhosamente, com ela me convidando mais uma vez para o chá de bebê de Bruce pois eu havia perdido o chá de revelação.

🌹

Na quinta-feira pela manhã, eu tomei café com Adam e conversei mais uma vez sobre a universidade. E ele disse mais uma vez como seria importante que eu fosse. E eu estava começando a me lembrar do que senti quando me inscrevi para lá. Já tinha passado da hora de viver o meu sonho.

Me joguei na cama, peguei uma almofada decorativa e a empurrei contra o meu rosto. Minha vontade era gritar: ALGUÉM ME DIZ O QUÊ FAZER!


Se os meus pais estivessem aqui, eu poderia saber, eu poderia ter certeza que se desse errado eu teria para onde voltar. Eu simplesmente não sabia mais. Eu tinha meus irmãos, mas não conseguia ver, por mais que eu tentasse, firmeza neles. Via parentes distantes, não que eu não os amasse, mas tudo o que aconteceu mudou algo de algum jeito. Confiança não é algo que se reconstrói tão facilmente, todos dizem que ela é como vidro que quando se quebra não há mais volta, mas eu a considero como árvores, se regada e tratada desde antes de nascer, ela cresce e dá frutos, mas se é arrancada assim que floresce não volta a crescer, só plantando outra semente em terra boa para plantio.


Me vi indo até o pequeno closet ao lado da porta do banheiro compartilhado, e todos os vestidos que eu ganhei de Adam, todas as roupas que comprei com Gilbert, todas as peças que me presentearam no meu aniversário estavam lá me encarando. Foi ali que percebi que eu já havia ganhado demais.


Tudo o que aconteceu na minha vida até agora foram por intermédio de outros.


Era hora, já havia passado da hora na verdade. Hora de ser a protagonista da minha própria vida.


Só agora que entendi. Eu precisava de Denver, precisava precisar de mim, só de mim. Não de Adam, ou meus pais, ou irmãos, enfim. Eu devia precisar só de mim mesma.


Como um raio, peguei todas as minhas roupas e num impulso as joguei em cima da minha cama. Separei o número quase negativo das roupas que trouxe quando vim morar na mansão, e todas que ganhei de presente no meu aniversário e os vestidos também. Devolvi as roupas que comprei junto de Gilbert com o cartão de Adam ao closet.

Dobrei cada uma e guardei nas duas malas que encontrei no quarto, a que eu trouxe quando me mudei para mansão e uma jogada no closet. Fechei a última mala e me sentei na beira da cama.


Ouvi duas batidas na porta.


— Pode entrar — gritei.


— Bela, minha flor, como você não desceu eu trouxe o almoço para você — Olga disse, com seu típico jeito maternal.

— Obrigada, Olga — dei uma piscadela.


— Creio que decidiu partir — ela supôs cruzando os braços.


— Eu preciso ir, Olga. Eu queria tanto ficar... — fui até ela para abraçá-la e minha voz falhou com um choro engasgado. — Vou sentir saudade.


— Também vamos sentir — ela disse passando a mão pelo meu cabelo. — Mas pense pelo lado bom, você sempre vai poder voltar, e também podemos te visitar em Denver. Espera, o senhor sabe não é? Que você vai?


— Não...


— Bela... Quando pretende?


— Não pretendo. Eu preciso ir, sem a interferência dele.

— Annabela, posso te dizer uma coisa? — ela perguntou de uma forma amável.


— Sim, Olga. O que quiser.


— O senhor gosta muito de você, e ele ficou muito magoado por você não ter lhe contado sobre a universidade. Bom, ele me contou. Ele não quer que você vá?

— Não, ele quer que eu vá. Mas eu...


— Então, Bela, querida. Acho que deve avisar que está indo. Ele vai ficar muito magoado, de novo.


Olhei para ela, catatônica, Olga tinha razão. Eu tinha que contar. Tinha que vê-lo. Queria me despedir, e agradecer por tudo.

— Você está certa. Gilbert está em casa? — perguntei rápido.


— Sim, por quê?


— Porque eu preciso de uma carona — e saí voando pela porta, correndo o máximo que eu conseguia.


— GILBERT — gritei — Gilbert, Gilbert, Gilbert.


— O quê? O quê, meu Deus? Não se pode nem comer por aqui — ele apareceu com a camisa desabotoada e um sanduíche na mão.


— Preciso de uma carona


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*oooi gente, não esqueça de clicar na estrelinha antes de fechar o capítulo 🌟 muito obrigada pelo retorno que vocês andam me dando, caiu um cisco no meu olho 💜 comenta aí o que achou, eu vou amar ler e responder todo mundo. 

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Eu e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora