Na véspera do Natal, eu fui à casa do meu pai encontrar meus irmãos, mas dessa vez fui sozinha. Victor me levou, e depois, quando já se passavam das 01h da manhã quando ele voltou para me buscar. Meus irmãos estavam todos lá, e o meu coração se encheu de certa satisfação em revê-los todos juntos. Já no dia 25 de Dezembro, a madrasta/tia/mãe de Adam, e os "filhos" vieram comemorar conosco. Foi uma cena impagável. Olga e a maioria dos funcionários tiraram férias a partir do dia 25, e só retornariam uma semana antes do final de janeiro.
— Como assim não tem empregados?
— Estão todos de férias, mãe — respondeu Adam, já impaciente.
— Mas, e os que você contratou para as datas festivas? — Anastácia perguntou insistindo.
— Eu não contratei.
— Os que não estão de férias estão nos ajudando por enquanto — eu disse.
— E quem dirigiu palavra a você? — ela perguntou.
Porque eu não fiquei quieta? — pensei.
Ela podia ser tão desagradável às vezes, e eu sabia muito bem.
— Eu não gosto que trate a minha namorada assim, mãe — Adam falou, sereno, como se estivesse elogiando a mãe.
Olhei para Adam, assustada e ao mesmo tempo surpresa por ele me defender de uma forma tão contida e até educada. Vislumbrei um ar de autoridade tão diferente do autoritarismo no qual ele oprimia a mansão inteira. Como alguém muda tanto em tão pouco tempo? Só me faz pensar que talvez, só talvez, ele não tenha sido mudado, mas sim curado. Eu nunca, em um milhão de anos, imaginaria isso. O mais provável que poderia acontecer antes, seria ele me escorraçar e não a madrasta. Mas agora eu havia entendido de onde Adam havia tirado tamanha ignorância e aspereza.
— Meu filho, mas isso é inaceitável. É tanto trabalho para tão pouca gente.
— Por isso estamos ajudando também.
— Mas...
— Mas nada. Eles fizeram a ceia, nós limpamos a bagunça depois. Até parece que sempre foi rica.
Vi Anastácia engolir qualquer possível resposta, e temi por estar ali sozinha com os dois.
🌹
Dezembro passou e Janeiro chegou. E o dia em que enfrentaria o reitor da Universidade de Denver Springs chegou em um piscar de olhos. Gilbert estava me fazendo um tremendo favor me levando a Denver. Assim que parei em frente a porta principal do salão da mansão, vi Gilbert agasalhado dos pés a cabeça, o jardim estava um deserto branco. Do ângulo do meu quarto eu com certeza acharia lindo, mas quando se tem que sair de casa com todo o agasalho do mundo e mesmo assim parecendo não esquentar o suficiente.— Você não podia ter essa entrevista numa época mais quente, tipo no verão ou na primavera? — Gilbert esbravejou, notei que a ponta do nariz dele estava extremamente vermelho causado pelo frio.
— Sinto muito — disse fazendo estendendo os dois braços como quem diz "não sei, foi você que decidiu".
Gilbert ia ao volante e eu me recusei a ir no banco de trás e sim no banco ao seu lado. Assim que acomodei no banco, ele perguntou:
— Você vai ir na frente, tem certeza?
— Tenho certeza. Não sou sua patroa, Gilbert. Você ta me fazendo um favor. Na verdade, você ta de férias.
— Como quiser... — ele sorriu levantando uma das sobrancelhas.

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Eu e a Fera
Ficção GeralAposta ou venda? A verdade é que nem ela mesma sabe. Sabe somente que sua vida pertence á Adam Hayes. 🌹 Annabela, uma jovem de apenas 17 anos acabou indo parar na mansão da Família Hayes. Sem entender quase nada de sua situação, Adam, seu novo tuto...