Capítulo 20

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Eu não consegui dormir naquela noite. Estava tão ansiosa que os meus olhos nem sequer fecharam com a intenção de realmente dormir. Me sentei na cama tentando clarear os meus pensamentos e percebi que precisava saber mais. Saber mais do por que eu estava ali, a versão dos fatos de Adam e do meu pai me pareceram tão rasas que resolvi pesquisar sobre isso. Precisava descobrir por mim mesma, mais afundo toda essa história. Queria ir para Denver assim que possível, mas e até lá? Até eu que pudesse sair da mansão, como tudo iria continuar sendo?

Ou descobria ou ficaria paranoica até completar meus dezoito anos, ou até mais tempo que isso, até os vinte um talvez. E isso me perturbava muito. Um mês morando na mansão já estava me dando nos nervos, imagina três anos? Eu não aguentaria as cobranças, as roupas formal o tempo todo, e os altos e baixos dos humores de Adam.

Levantei e fui caminhando sorrateiramente para a porta do escritório. Um silêncio arrebatador habitava na mansão, infelizmente o escritório se localizava bem em frente à porta do quarto de Adam. Qualquer barulho mínimo acordaria a fera.

A porta estava trancada, como sempre. Pensei duas vezes antes de sair em disparada para a cozinha, eu jurava que havia visto uma vez Olga com um molho de chaves. Podia sentir o carpete grosso aos meus pés, desci vagarosamente pela escada. As luzes dos corredores, do salão e da cozinha estavam fracas, mas ainda acessas. Agradeci, pois se tivesse tudo em plena escuridão não teria coragem.

Assim que entrei na cozinha, vi um molho de chaves em cima do balcão.

Não podia ser tão fácil assim — pensei.

Assim que estiquei a mão para pegá-las, uma mulher vestida com o uniforme das funcionárias da mansão entrou pela porta lateral da cozinha. Eu me agachei instintivamente quando a vi, não tinha toda a certeza se ela não havia me visto, mas se viu não disse nada.

Ela passou direto do balcão e foi em direção ao salão, eu não tinha reparado nela antes. Talvez fosse só falta de atenção minha. Quando ela saiu, estiquei uma das mãos ainda agachada e peguei o molho de chaves. Verifiquei antes de me levantar se mais alguém passaria por ali e olhei para onde a funcionária estava indo àquela hora da madrugada.

Ela foi em direção a um dos corredores paralelos do salão, voltei minha atenção nas chaves e subi novamente as escadas. Demorei pelo menos uns quarenta minutos testando chaves erradas com um medo horrível de caso Adam acordasse, mas consegui organizar as chaves que eu já tinha tentado e as que eu ainda não havia.

O breu do escritório me alcançou, entrei e fechei a porta atrás de mim. Assim que a fechei, liguei a luz. O cômodo parecia intocado desde a vez que entrei ali pela primeira vez. Fui em direção a mesa de Adam, alguns papéis estavam jogados na mesa como da vez anterior em que estive ali.

Em cima da mesa havia umas agendas que achava ser de Adam e outra fotografia antiga com a mesma mulher ruiva que achei no livro estava em um porta retrato grande perto das agendas. Peguei a foto com uma das mãos para analisar melhor, o cabelo dela parecia em chamas de tão ruivo. Senti uma familiaridade ao olhá-la novamente.

Atrás da mesa, tinha várias gavetas que estavam trancadas. Tentei abrir com umas das chaves, mas percebi que as chaves que encaixavam nas gavetas talvez somente Adam portaria. A última gaveta em uma das laterais estava destrancada, assim que abri reconheci que eram muitos papéis. Peguei a pasta cinza que estava meio aberta e coloquei em cima da mesa.

Os papéis que se concentravam acima do aglomerado eram documentos de Adam. Não acreditei que ele conseguia ser tão bonito em fotos de documentos quanto pessoalmente. Fui folheando as páginas soltas uma por uma, com bastante atenção. Achei um comprovante de renda no nome de Adam, unido ao clipe havia um comprovante semelhante do meu pai.

Juntamente de todos esses documentos, havia também uma declaração dele. Ele se declarou incapaz de ter a minha guarda, e que Adam era o único parente em condições de me criar devidamente. E descobri logo depois que isso de Adam não saber minha idade é uma tremenda e nojenta mentira. Ele sabia desde o princípio porque já tinha ciência da minha idade, do meu tipo sanguíneo, do número da minha identidade, se eu tinha ou não carteira de motorista, porque tudo estava bem ali na minha frente, todos os meus documentos estavam ali.

Algumas fotos de quando eu era um bebê e algumas atuais minhas estavam armazenadas ali em um envelope amarelo. Assisti algumas lágrimas minhas pingarem nele. Era tudo mentira. Adam sabia de tudo, ele me conhecia bem antes de eu conhecê-lo. 

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RECADINHO RÁPIDO

Oooi gente, tudo bem? Eu tô muito felizzz, chegamos aos 17K de leituras e aparecemos no instagram dos Embaixadores do Wattpad <333 (quem quiser me seguir por lá é autorajoicealmeida <3) Vocês são lindas demaais! E não só por isso, quero trocar umas idéias com vocês. Eu fiz um grupo do whatsapp pra gente, o link está na descrição do meu perfil e no meu mural <3 

E a playlist do spotify está atualizada, ok? O link tá na descrição também <3 Bjs de luz e até o próximo capítulo

Eu e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora