Capítulo 17

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Na manhã seguinte, Olga havia preparado exclusivamente para mim uma pilha de panquecas. Mas Adam não foi tomar café, e eu não quis perguntar onde ele estava, talvez na empresa de seu pai, quem sabe? Ou até mesmo em um dos quartos daquela mansão enorme com a Courtney. Eu não queria saber também.

Enquanto devorei minhas panquecas, ainda sentada sozinha na mesa de jantar percebi o quanto gigantesca ela é. Fazendo-me sentir pequena, sozinha e até com um certo medo.

— Anna? — uma voz masculina me trouxe de volta do meu transe.

— Ah, oi. Essa mesa é tão grande para uma pessoa só — soltei as palavras, tentando disfarçar a minha longa viagem na maionese.

— Você parecia distraída.

Só concordei com a cabeça, enchendo a boca com mais um bocado de panqueca.

— O que você tem? — Gilbert abriu um sorriso.

— Nada — Ele me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas e um sorriso sem mostrar os dentes. — É sério, não é nada. Para de me olhar assim.

Deixei escapar uma risada que estava reprimindo desde o beijei de Adam.

— Sei... Nada. Eu vou descobrir, senhorita Smith. E mais rápido que você possa imaginar — ele disse se levantando de uma das cadeiras chiques da mesa enorme de jantar, e andando em direção a cozinha.

— Não é nada, Gilbert. Sai dessa — berrei olhando para os seus olhos, vestidos com o terno de serviço de sempre.

Ao longe, ouvi uma voz familiar. E eu já tinha ouvido antes. E logo identifiquei.

Chicletinho.

Ou Courtney, assim como preferir.

— Não acredito que está fazendo isso mais uma vez comigo, Dam. Dessa vez eu não vou voltar, nem adianta me procurar depois.

Vi os dois da vista limitada do vácuo que deveria ter uma porta na sala de jantar. Adam e Courtney. Ela correndo bem a frente dele pelo o salão e gritando coisas como "Você vai se arrepender!" ou "Você acha que eu vou voltar, mas está enganado."

Adam não respondeu, só continuou com a aquela expressão séria que só ele sabia fazer. Parecia analisar o surto de Courtney com precisão.

— É, dessa vez foi mais rápido — Gilbert disse.

Eu o olhei, mas não dei muita atenção. Continuei atenta a discussão dos dois que eram o destaque ali.

— O que ele tem para largar a Courtney? Ta, a voz dela é horrível de esganiçada, mas continua valendo a pena.

— Tem coisas bem mais importantes do que a aparência, Gilbert. E essa voz dela parece irritar até quem concebeu ela, imagina o Adam, que é todo irritadinho.

— Verdade — ele disse dando uma risada

Eu levantei para levar os itens do café da manhã para cozinha.

— Onde você vai? — Gilbert indagou.

— Levar isso para a cozinha.

— Não vai terminar de assistir?

Levantei uma de minhas sobrancelhas e sorri sem mostrar os dentes. Não respondi nada. Resolvi só ir para a cozinha e deixar Gilbert lá, assistindo o conflito da vida de Adam como se fosse uma sitcom extraordinária de tão boa. Isso não me divertia, o efeito era bem o oposto na verdade. Porque agora, me senti parte de suas complicações. E o meu palpite é que essa discussão de Adam e Courtney tem relação com o beijo. O beijo que grudou na minha cabeça, e todos os assuntos, mais variados possíveis me levava a ele.

Mal coloquei o prato, os talheres e o copo na pia e Olga apareceu desesperada para lavar.

— Bela, querida, você viu o meu filho por aí?

— Ta espiando o barraco de Adam da sala de jantar — eu respondi sem enrolar nenhuma palavra.

Olga rapidamente deu uma olhada ao redor, e apareceu na porta da cozinha. E ela apenas esticou o braço, e depois só vi Gilbert sendo arrastado pela orelha.

Instintivamente, coloquei uma das mãos para abafar uma risada que quis explodir na minha boca.

— Que mania feia. Não foi isso que te ensinei. Pode tratando de ir trabalhar — Olga esbravejou finalmente largando a orelha direita de Gilbert, que estava completamente vermelha.

— Ai, mãe. O senhor nem vai trabalhar hoje. Que droga — ele disse esfregando sua orelha.

— Se o problema é não ter o que fazer resolvo já, já. Alguém tem que limpar a piscina — ela disse como se tivesse descoberto a cura do câncer de tão animada.

— Mas ta vazia.

— Exatamente.

— Aqui tem piscina? — perguntei surpresa. — Esse lugar é gigantesco mesmo — completei mais para mim mesma do que para Olga ou Gilbert.

— É querida. Acho que Gilbert depois pode te mostrar a mansão inteira.

Quando eu ia abrir a boca para responder um "sim", uma voz grossa diz:

— Não pode não.

— Ah, senhor. Mil perdões. Eu pensei que seria bom para a Bela conhecer a mansão de fato — Olga disse baixo, mas ainda com o seu tom de voz doce. Como uma mãe corrigindo sua criança.

— E será realmente bom para ela. Mas eu é que irei lhe mostrar a mansão — ele disse abrindo um daqueles sorrisos que me fazem perder o ar.



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Eu e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora