Da mesma forma que vejo Adam como um arrogante mimado usando de seu poder e do seu dinheiro para controlar tudo e todos, ele me intriga, me faz querer saber mais disso tudo, o porquê de ter uma mansão enorme e morar sozinho e o porquê um homem daquele porte social foi acabar se metendo em uma aposta com meu pai, John Smith - um Zé Ninguém de Aurora, Colorado.
As horas se passaram tão lentamente. Quando se está numa casa terrivelmente grande e sem absolutamente nada para fazer é isso que acontece. Depois do meu almoço junto de Olga e alguns funcionários da mansão, resolvi explorar um pouco da mansão. No segundo andar tem um corredor medonho, que até durante o dia é escuro, mesmo que tenha uma janela rústica enorme no final dele. Andei silenciosamente por ele. Entrando nas portas que não estavam trancadas. Tomando o máximo de cuidado para nenhum funcionário me ver e denunciar. Estava na esperança de encontrar algo que me seria útil para voltar para casa, ou pelo sair daquela mansão.
Na primeira porta a direita era apenas uma sala vazia, toda branca. Já a porta em frente a essa era bem menor, com um sofá, um puf e uma televisão gigante apenas, a cor da parede era azul e o chão era branco.
Notei que não poderia ser o mesmo decorador que fizera meu quarto. A segunda porta a direita é o meu quarto, a segunda porta a esquerda estava trancada. Existiam ainda umas dez de portas de cada lado, no corredor só havia uma janela no fundo dele e acho que vi uma escada no final. A terceira porta a direita, era um quarto que tinha várias prateleiras de livros, havia uma prateleira central enorme que precisavam de escada para chegar ao topo. Tinha livros espalhados por toda parte que pareciam velhos e empoeirados. Tinha uma cadeira e uma escrivaninha com uma máquina de escrever e um porta retrato com a foto de Adam com o cabelo curto em um pequeno topete, não parecia o mesmo Adam que eu havia visto pela manhã, ele tinha uma expressão feliz e relaxada. Na foto, estava com uma garotinha loira ao lado. Por mais que eu quisesse encontrar algum tipo de escritório ou coisa assim, uma biblioteca era o que o mais precisava. Então, por ali mesmo eu fiquei, eu havia encontrado meu lugar favorito na mansão. Tinham vários livros didáticos, alguns de "como ser", alguns livros com temas religiosos, que provavelmente não eram de Adam. E os demais livros eram de romances, alguns sobre ficção científica, outros de suspense e outros eram poéticos. Escolhi um de romance que me chamou a atenção, Uma Noite de Verão. Me perguntei umas mil vez de o porquê de Adam querer me levar para sair, fugindo várias vezes da narração do Uma Noite de Verão.
As horas se passaram rápido ali e notei que tinha lido uma boa parte daquele livro, então o larguei com uma página dobrada, porque não achei um marcador descente. Olhei pela janela pela última vez, um longo gramado e um pedaço de jardim tão lindo que me instigavam a descer só para apreciá-lo, a lua crescente já estava de pé contrastava com o pôr do sol.
Desci até o pé da escada. Todos estavam muito agitados correndo por todo o salão.
— Olga, o que está acontecendo por aqui?
— O que você ainda está fazendo aqui?
— O quê? Por quê?
— A madrasta e os meios irmãos do senhor Adam estão chegando por aí. Terá um banquete. E você tem que se arrumar agora. Vai logo, senhorita.
Senhorita isso, senhorita aquilo. Eu detestava ser tratada assim, como se fosse algum tipo de patroa ou filha de algum rico por aí. Qual é? Não tem necessidade.
Lembrei-me que Adam tinha "ordenado" que eu estivesse pronta para sairmos. Apesar do meu desapontamento em ter que jantar com a família dele, fiquei aliviada de não ter que ficar sozinha com ele. Só de pensar nisso, um arrepio subiu pelo os meus braços. Subi as escadas correndo, não querendo ouvir nenhuma reclamação novamente, mais problemas com Adam é a única coisa que eu não precisava naquele momento. O manequim no meu quarto estava com um novo vestido, e eu me perguntei como alguém entrou aqui sem eu nem ao menos ver alguém suspeito carregando um vestido por aí. O vestido era muito lindo, o mais lindo que eu sequer já tinha visto ou usado na vida. Dourado, com pequenas pedrinhas iluminando ele todo. Sem mangas, com uns cinco dedos acima do joelho. Embaixo do vestido, havia um par de saltos preto. Talvez um scarpin, não sabia diferenciar.
Dentro das gavetas da penteadeira - também rosa - que tem no meu quarto tinham todo tipo de maquiagem, uma maleta enorme com sombras das mais diversas, tinha vários pincéis que eu nem sabia para quê serviam. Havia também vários tipos de pentes e escovas para pentear o cabelo. Assim que tomei um banho rápido, passei um pouco de base, que estava na minha tonalidade. Passei também uma linha fina de delineador, um pouco de rímel e um batom vinho matte. Assim que terminei de pentear meu cabelo e vestir todo o meu "figurino", ouvi de longe:
— Annabela — uma voz masculina gritando meu nome.
Várias batidas na minha porta.
— Annabela, pelo amor de Deus.
Eu larguei tudo em cima da penteadeira, corri com dificuldade por conta dos sapatos de salto para abrir a porta. Era Olga. Sua expressão era de pavor.
— O que foi?
— O senhor está te gritando — ela disse ofegante.
— Eu não sabia. Não dá para ouvir daqui.
— Vamos logo, minha filha — ela disse segurando meu braço, me puxando quase correndo.
Eu achei que fosse cair por conta dos sapatos e de Olga me puxar para acompanhar o seu ritmo. Quando chegamos nas escadas, vi Adam parado de braços cruzados, furioso.
— Ela está aqui, senhor — ela me empurrou para cima de Adam.
Meu corpo bateu contra o peito de Adam. Ele segurou meus braços com as duas mãos.
— Vem cá. Você é surda? Ou é só débil mental? — ele perguntou quase berrando.
— Não — tentei dizer com propriedade.
— Então é só débil mental.
Ele bufou me fazendo olhar para um relógio acima da escada.
— Olha ali. Ta vendo? São 20h35min. Minha mãe e meus irmãos estão esperando. E que porcaria é essa na sua cara?
Ele segurou meu braço pelo cotovelo me fazendo andar mais desengonçada do que qualquer coisa. Ele me levou até o banheiro principal da mansão, lugar que eu ainda não havia explorado. Sua mão em meu braço incomodava, mas não doía. Ele me sentou na privada com a tampa fechada.
— Olha aqui, Annabela. Eu não quero que use coisas desse tipo no seu rosto.
Ele pegou um bolo de papel higiênico e começou a tirar a maquiagem, devagar. Graças ao bom Deus, tinha demaquilante esquecido em cima da pia. Nem sei o porquê daquilo estar ali, mas não questionei. Fiz ele parar de esfregar o meu rosto com um aceno de mãos, e me levantei e peguei o demaquilante e dei em suas mãos.
Ele retirou toda a minha maquiagem, pegou novamente em meu braço e me fez olhar para o espelho enorme que vai do chão até o teto.
— Você não tem que passar aquela porcaria no rosto para ser linda.
E continuou a me puxar pelo cotovelo, em direção a sala de jantar, onde estavam sua mãe e seus irmãos, todos homens.
— Agora você vai sorrir como se nada tivesse acontecido — ele sussurrou em meu ouvido.
Atravessamos todo o salão e chegamos até onde a família dele estava.
— Mãe, essa daqui é a Annabela.
🌹
*me diz o que você achou, e não esqueça de clicar em votar caso você seja novo por aqui <3 bjs, e até a próxima <3

VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu e a Fera
General FictionAposta ou venda? A verdade é que nem ela mesma sabe. Sabe somente que sua vida pertence á Adam Hayes. 🌹 Annabela, uma jovem de apenas 17 anos acabou indo parar na mansão da Família Hayes. Sem entender quase nada de sua situação, Adam, seu novo tuto...