Dei um sorriso mínimo de retribuição.
— Nossa, ela é linda, Dam.
— Ah, mãe — Adam coçou a cabeça, constrangido.
— Obrigada.
— Meu nome é Anastácia.
— Muito prazer, eu sou Annabela — respondi como um pedido de socorro.
— Bela é bem mais a sua cara. Sente-se, Bela. Me conte mais sobre você.
Me sentei no "meu lugar" na mesa. Entre um irmão aparentemente mais velho que Adam e outro parecendo ter uns doze anos. Em minha frente, um irmão que parecia ter a minha idade. A mãe de Adam estava na outra ponta.
— Então, Bela. Você gosta de fazer o quê no seu tempo livre?
Dei uma olhada em Adam para ver se ele não estava me encarando com aquela cara raivosa, mas parecia não estar prestando atenção.
— Eu gosto de ler, de andar de bicicleta sem rumo, coisas desse tipo — eu respondi sorrindo.
— E o meu enteado deixa você andar de bicicleta?
— Eu não sei dizer — eu sorri e olhei para o prato vazio do irmão que estava na minha frente.
— Eu nem apresentei meus filhos, que deslize. Esse do seu lado direito é meu filho mais velho, Peter. Meu filho mais novo do seu lado esquerdo, William. Meu filho do meio na sua frente, Steve — ela disse apontando para cada um deles, todos sorriram para mim.
Percebi que todos tinham olhos verdes parecidos com os de Adam, menos Peter, ele também era o único que não tinha cabelos de fogo como os outros.
— Muito prazer em conhecer vocês.
Olga e mais duas empregadas serviram o jantar. Tinha salmão, lagosta, um frango parecendo aqueles de natal de tão grande. Outros pratos que eu não sabia o que eram. Comi tudo o que Olga colocou no meu prato, sem reclamar.
— Anna, você ainda está estudando? — Steve, o irmão do meio, me perguntou.
— Não, terminei a escola ano passado.
— Você é adiantada. Terminou com dezesseis?
— Não, nesse ano eu faço dezoito anos. Em dezembro.
— Ah. Eu ainda vou terminar. E pretende fazer faculdade de que?
Olhei mais uma vez para Adam, ele parecia relaxado.
— Letras.
— Quer ser professora?
— É — respondo um pouco contrariada.
— Ele fará medicina, Bela — Anastácia, a madrasta/mãe de Adam interrompeu.
— Eu ainda não sei, mamãe.
— Sabe sim — ela sorriu para mim, ignorando completamente o filho.
Depois do jantar, cada um comeu uma sobremesa diferente. Perguntei quase sussurrando a Olga se tinha sorvete, e ela me trouxe um de chocolate e ela trouxe o granulado para eu pôr em cima. Se fosse para comer bem, eu comeria. Isso pelo menos seria bom durante a minha curta estadia aqui. Na primeira oportunidade que eu tiver, vou ir embora. Todos ficaram encarando meu sorvete, pois todos eles comeram um petit gâteau (que não me pareceu muito atraente), menos Adam, ele parecia não se incomodar com aquilo. Todos foram embora e a madrasta de Adam disse que gostaria de me levar para um café. O irmão do meio, Steve, me deu o número dele.
— Caso você precise — ele piscou e virou as costas.
Assim que todos entraram no carro - que por sinal era muito chique -, o carro se afastou aos poucos. Eu me virei de costas para ir em direção as escadas.
— Vem, vamos nos sentar — Adam chamou.
Pegou minha mão, me levou até ao banco parecido com aqueles de praça ao lado da porta da mansão e em frente à fonte de concreto.
— O que achou da minha família? — ele sorriu, pela primeira vez para mim.
— Eles são... legais?
— São?
— É, eu acho — balancei a cabeça para me ajudar a confirmar.
Ficamos em silêncio por um tempo, olhando a fonte de concreto. Adam apoiou os cotovelos nos joelhos.
Ah, meu Deus — pensei. Eu iria correr o máximo que eu conseguisse, fui tirando os saltos um por um, para ele não suspeitar de nada.
— Anna, me diz, você tinha namorado antes de vim para cá? — ele disse com uma das mãos no rosto.
— Não.
Burra, burra, burra. Era para ter falado que eu tinha. Odeio a minha dificuldade em mentir. A, droga.
— Porque não?
— Porque não.
— Mas você é tão...
— Tão?
— Tão você. Deveria ter uma fila de garotos atrás de você.
Respirei fundo. Decidi ser honesta, acho que se ele quisesse me fazer algum mal, talvez já tivesse feito.
— Ninguém que eu queira. Conteúdo a aparência. E também tinha o meu pai — não terminei de dizer.
Eu não quis terminar a frase, não queria chorar de novo e ele pareceu entender isso. Ficamos mais uma vez em silêncio por alguns segundos.
— E amigos?
— Eu tinha uma amiga que estudava comigo, mas acabamos nos afastando.
— Só?
— O que eu posso chamar de amigo era só ela. Amigos não são colegas.
Olhei para a grade ao longe que cercava o terreno. O terreno da mansão é enorme, mas ainda me sinto limitada.
— Porque você me trata assim?
— Assim como?
— Mal.
— Agora eu estou te tratando mal? — ele levantou.
Ele ergueu a mão direita me oferecendo ajuda para levantar. Eu segurei em sua mão e levantei.
— Quer dizer, você trata mal as pessoas.
Ele colocou uma das mãos no meu rosto.
— Me desculpe — ouvi ele prender a respiração e soltar tudo de uma vez. — Eu não tenho o costume de ter pessoas perto de mim.
Eu concordei com a cabeça, quanto menos eu falar, melhor.
— Não tem que ter medo de mim.
— Eu não tenho.
Seus olhos verdes me hipnotizaram. Seu rosto estava perto demais. Nossos olhos conectados. A cada respiração ele estava mais perto.
E então, ele se afastou e virou as costas.
— Boa noite, Bela. Até amanhã.
E então, ele se foi.
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Eu e a Fera
General FictionAposta ou venda? A verdade é que nem ela mesma sabe. Sabe somente que sua vida pertence á Adam Hayes. 🌹 Annabela, uma jovem de apenas 17 anos acabou indo parar na mansão da Família Hayes. Sem entender quase nada de sua situação, Adam, seu novo tuto...