Sono. Existe uma coisa chamada sono. É aconchegante, te envolve e é como um convite para permanecer mais tempo na cama, simplesmente pelo prazer de fazer hora, curtir a preguiça e dormir mais alguns minutinhos abençoados e merecidos.
É bem tentador, na verdade. Certamente, eu não resistiria se fosse final de semana. Mas, para meu azar, é segunda-feira e o alarme do celular ressoa pelo quarto.
Assustada e incomodada com o barulho irritante, espalmo o criado-mudo até encontrar o maldito aparelho e deslizo o dedo pela tela. Logo, o silêncio confortável e convidativo volta a imperar no quarto e minha cabeça agradece.
Bem, digamos que estou com uma enxaqueca insuportável; fruto de uma estripulia na noite passada. Saí para dançar, beber e me divertir, como tenho feito regularmente nos últimos meses, quando deixei a fossa para trás e voltei a aproveitar a vida.
Apesar da ressaca, não me arrependo nem um pouco. Curti muito, relaxei, dei muita risada com um cara que conheci entre um drink e outro, acho que o agarrei em algum momento, e a noite só não se estendeu porque eu estava muito bêbada e achei melhor encerrar por ora.
Tenho certeza, no entanto, que o sujeito me deu seu telefone. Não que pegação de balada tenha algum futuro, mas quem sabe eu ligue para ele quando estiver a fim? Seria de bom tom me lembrar do seu nome antes. E do seu rosto também, é claro. Ele era gato, disso eu lembro.
Rio baixinho contra o travesseiro ao recordar esse importante detalhe. Na sequência, minha cabeça volta a latejar quando a porta range.
— Hora de levantar, Bela Adormecida! — Josh cantarola num volume de voz incrivelmente alto. Ele abre as cortinas, quase me cegando com a claridade de uma manhã de sol em Nova York.
Por instinto, jogo o cobertor no rosto para me proteger dessa verdadeira agressão e resmungo com a voz ainda rouca de sono:
— Eu te odeio.
— Hum... Vejo que alguém acordou de bom humor. A farra foi boa, presumo? — Seu tom de ironia e bronca está cada vez mais perto da cama. — Pena que hoje é dia útil, não é? Você já devia estar no banho, criatura.
Com a voz meio grogue, imploro:
— Pelo amor de Deus... fala baixo.
Ignorando minha súplica, meu irmão prossegue com a tortura:
— Oh! Ressaca? Estou chocado!
Quando penso que vai me deixar em paz, ele tem a audácia de puxar meu cobertor sem cerimônia, tal como fazia quando éramos crianças e me acordava para brincar. Até tento reaver a peça, mas falho miseravelmente na tentativa, enquanto Josh caminha rumo à porta, levando o cobertor consigo com muita tranquilidade.
— Eu vou te matar. — Coloco o travesseiro sobre o rosto.
— Primeiro você precisa levantar da cama, honey — ele provoca. — E não me faça voltar aqui, porque, da próxima vez, eu vou trazer um balde de água. Gelada — ameaça, saindo do quarto por fim.
Respiro fundo, irritada, mas convencida de que Josh tem razão numa coisa: eu preciso mesmo sair da cama. Hoje é um dia útil, portanto, tenho que ir para o escritório das Indústrias Stark, fingir que estou sendo produtiva no setor de publicidade quando, na realidade, eu não tenho ideia do porquê Tony me contratou.
Não estou reclamando, sei que ele foi generoso ao atender um pedido especial de Olivia. Além disso, o salário é ótimo, os horários são flexíveis e tenho benefícios que não dá para dispensar.
Entretanto, desde que comecei a trabalhar para ele, há um ano, ainda não consegui sentir que estou fazendo alguma diferença. Aliás, estou cada vez mais convencida de que Anthony Stark não precisa de um setor de publicidade; para o bem ou para o mal, ele é a sua própria propaganda. Vende por si só, por ser quem é: gênio, bilionário, playboy, filantropo e o Homem de Ferro.
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A Bela, o Outro Cara & Eu
FanfictionQuando o mundo viu o Hulk fora de controle durante os eventos de Era de Ultron, Bruce Banner decidiu desaparecer do mapa ao final da batalha. Ir embora sem olhar para trás lhe pareceu a solução ideal e correta, afinal ele não queria arriscar que al...