Esmeralda

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Eu estava prestes a me entregar ao estado de relaxamento e pretendia dormir um pouco. Antes disso, no entanto, Bruce me surpreendeu com duas palavras sussurradas no meu ouvido e, de repente, foi impossível cair no sono.

Não demora muito e elas são absorvidas, o significado me colocando em alerta. Com rapidez, sento-me na cama e busco o olhar do homem recostado à cabeceira.

— O que você disse? — murmuro feito uma idiota, querendo confirmar se entendi direito ou se tudo não passou de um delírio.

— Eu disse... — Bruce desliza um dedo pela minha bochecha, parando no queixo, e franze o cenho com certa timidez. — Case comigo.

Certo, não foi um delírio então. Ainda assim, continuo zonza.

Desvio o olhar e me pego amassando o lençol entre os dedos. O ar fica preso nos meus pulmões, enquanto meu coração enfim compreende o que está acontecendo aqui.

Talvez estranhando o meu silêncio, Bruce pergunta com certo receio:

— Isso foi muito... repentino?

— Não! Não é isso — apresso-me em dizer, voltando a olhar para ele. Avalio a situação por um instante. — Um pouco, na verdade. Sim, foi repentino. Bastante. Desculpe, eu só fiquei... — Solto a respiração com força, cada célula do meu corpo tomada por uma agitação esquisita. — Só fiquei surpresa!

Ótimo, agora estou tagarelando feito uma doida.

— Surpresa de um jeito bom ou de um jeito ruim?

Inclino a cabeça analisando a expressão de Bruce e só então percebo que ele também está nervoso. Lutando para disfarçar, porém incapaz de manter a ansiedade contida sob a superfície.

— Muito bom — esclareço, e o relaxamento em seu rosto é visível. — Mas casar por quê?

— Você precisa mesmo perguntar por quê?

Agora é ele quem parece confuso. É nítido que preciso me explicar melhor, então faço isso na sequência:

— Por que agora? Por que assim? Me corrija se eu estiver enganada, mas não parece que você planejou esse pedido com antecedência.

— Você diz isso só porque eu não tenho um anel?

— Ah, você não tem um anel? Tsc, tsc... Que feio, Bruce Banner. — Finjo choque, levando a mão ao peito. — Realmente, é uma atitude muito espontânea vinda de alguém tão metódico. Sem querer ofender, é claro. Eu gosto do seu jeito certinho. Por isso mesmo, preciso perguntar... O que aconteceu com você?

Ele sorri de um jeito contido e se aproxima. Segura minhas mãos entre as dele com carinho.

— Eu sei que nós temos um problema em suspenso, um grande problema que, infelizmente, ainda vai nos assombrar por um tempo. Acontece que eu não quero continuar pautando a minha vida ou a sua no que o General Ross fez ou ainda planeja fazer. Eu não quero esperar uma resolução para ser feliz. Mais feliz, melhor dizendo. Eu quero viver a minha vida agora e com você. Trilhar um futuro, apesar da ameaça que ainda existe no presente. O que aconteceu comigo? Você aconteceu, Amelia.

A essa altura, meu coração está tão acelerado que respirar se torna uma tarefa muito difícil.

— Eu sei que isso foi repentino e te pegou de surpresa. Acredite, eu também estou. Mas o que posso fazer se me dei conta que te amo cada vez mais e preciso de você ao meu lado definitivamente? Então, por que não agora? Por que não assim? Para que esperar?

E respirar para quê, não é mesmo?

Ainda assim, preciso fazer ao menos um esforço para dizer alguma coisa. Algo à altura do que ouvi.

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora