Novas Promessas

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Depois de uma tarde longa e praticamente infrutífera com Tony e o Diretor Coulson, alimentada mais por várias perguntas e hipóteses incertas do que por pistas sólidas sobre o ataque à bomba que abalou a cidade há menos de vinte e quatro horas, senti certo alívio quando Pietro reportou que Amelia estava de volta à Torre. Um peso saiu dos meus ombros, pois eu estava preocupado que, depois da nossa discussão mais cedo, ela fosse se recusar a continuar aqui.

Eu teria que respeitar a decisão, é claro, e garantir a segurança aonde quer que Amelia escolhesse ficar. Mesmo que fosse longe de mim. Mas é reconfortante não ter que me preocupar com isso. É muito bom tê-la por perto. Ainda que ela se distancie de mim de uma forma emocional.

Confesso que o alívio que sinto não é apenas por acreditar que a Torre dos Vingadores é o lugar ideal para assegurar o seu bem-estar a partir de agora, também é por pensar que ela decidiu voltar por um bom motivo.

Talvez tenha refletido sobre tudo com mais calma e chegado à conclusão que não está com tanta raiva de mim. Talvez tenha se convencido de que eu errei, mas tentando acertar. Ou talvez eu esteja sendo esperançoso demais e imaginado uma doçura compreensiva em seus olhos quando Amelia percebeu minha presença na entrada da cozinha.

Em meio ao pesado silêncio que paira entre nós, sou acometido por uma palpitação ao reparar no jeito como ela está vestida. Ou na ausência de trajes adequados, melhor dizendo. Amelia está usando apenas um roupão de banho.

Por mais que não seja o momento ideal de pensar algo do tipo, não consigo evitar, é mais forte do que eu. Por um instante, tudo o que mais quero é descobrir o que exatamente ela está vestindo por baixo da peça. Por segundos imprecisos, desejo ardentemente que não seja coisa alguma. Uma parte insana de mim, só queria ter a sorte de tocá-la, sentir o seu corpo e esquecer do mundo. De tudo, de mim mesmo e, principalmente, do Outro Cara. Porém, por motivos óbvios e impossíveis de ignorar, não posso.

Engulo em seco e me esforço para afastar o impróprio pensamento. Não se trata apenas do Hulk sob minha pele. Eu estava disposto a tentar controlá-lo para ficar com Amelia definitiva e inteiramente. Entretanto, agora que a situação entre nós ficou tão delicada e indefinida, não me acho no direito nem mesmo de imaginar que um contato carnal e mais íntimo entre nós será possível. Some-se a isso Amelia não estar em boas condições físicas e eu não estar em boas condições emocionais, e acho melhor manter os pés no chão.

— Você está bem? — é a única coisa que me vem à cabeça para falar agora. — O braço, digo. Está melhor?

Amelia assente com um meneio de cabeça antes de endireitar o corpo e responder:

— Sim. Valeu por mandar aquele remédio pelo Pietro. É meio forte e vai me derrubar a qualquer momento, mas funciona bem.

Foi apenas um comentário sobre um efeito colateral. Eu devia ficar feliz por não existir sinal de rispidez na voz dela. Mas não consigo evitar a preocupação que surge em mim ao ouvir isso e replico de imediato:

— É melhor conversar com o médico do Tony para trocar a medicação. Eu mesmo posso falar com ele.

— É só um analgésico, Bruce. Acho que eu sobrevivo a um pouco de sonolência. — Dessa vez, sinto a fúria contida em seu tom sarcástico e duro. — Para de me tratar como um cristal, eu não vou quebrar.

Sinto a crítica velada também, não sou idiota. Sem graça, desvio o olhar por um momento e balbucio a única coisa que me cabe dizer:

— Desculpe, não foi minha intenção te fazer se sentir assim.

E quando lamento por isso, não estou me referindo somente ao comentário anterior, mas sobre tudo. Especialmente por ter mentido para protegê-la. Por ter tratado Amelia como um cristal, como ela bem deixou escapar.

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora