Covil infernal

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Meu corpo inteiro envolto por uma estranha sensação de dormência, a cabeça parece pesar uma tonelada e a garganta está seca de um jeito doloroso. Sinto como se eu tivesse levado uma surra ou estivesse com uma baita ressaca no meio do deserto. As duas coisas, na verdade.

Pois é, nada bom.

Quando enfim consigo romper o estado de torpor, abro os olhos devagar e levo longos instantes para me habituar com a luz ao meu redor, por mais fraca que ela seja.

Ouço o ruído contínuo de maquinários por perto e sinto o ar frio da ventilação artificial entrando nos meus pulmões lentamente. Tento me mexer e descubro, com uma nota de pânico, que meus movimentos estão limitados por algum tipo de amarra.

Atônita, abro mais os olhos e ergo o tronco o máximo que consigo a fim de examinar a situação em que me encontro. O simples movimento me deixa zonza, levando-me a pender a cabeça para o lado e fechar os olhos por alguns instantes. Puxo uma boa dose de ar antes de abri-los mais uma vez.

Então eu vejo.

Travas nos punhos e nos tornozelos me mantêm presa num tipo de cadeira reclinável. Busco me livrar delas, mas é inútil, pois são feitas de um material metálico muito resistente e parecem funcionar por algum comando eletrônico que eu, claro, não tenho como acionar.

O cenário à minha volta é completamente desconhecido e nada animador. Parece um tipo de central ou laboratório, com computadores dispostos em uma longa banqueta, junto a um que parece o servidor. Armários com tubos de ensaio e máquinas que eu não tenho ideia da utilidade espalhadas pelo mezanino.

A iluminação é fraca, chegando a ser um tanto sombria e azulada. Algo que junto com a cadeira na qual estou presa dá um ar de cativeiro ao lugar.

Não há janelas, uma única e larga porta de aço está fechada à minha frente e as paredes são escuras como chumbo. Em uma dessas paredes, vejo o emblema em alto relevo de uma caveira bizarra com tentáculos ao redor.

Levo apenas alguns segundos para deduzir que fui trazida para um covil da HYDRA.

E diziam que a maligna organização era carta fora do baralho... Parece que quando se corta uma cabeça, nasce outra no lugar mesmo.

— Amy?

Alguém diz o meu apelido, tenho certeza que o ouço em algum lugar à minha esquerda, pronunciado por uma voz familiar que me deixa muito surpresa e confusa.

— Graças a Deus, você acordou!

Estreito o olhar na direção de outra cadeira, igual a minha, e reconheço o homem preso nela. Com uma aparência péssima, está a última pessoa que eu esperava ver agora.

— Kurt? É você? O que está fazendo aqui?

Ele parece muito aliviado em me ver, ou talvez apenas por ter companhia. De repente, me lembro que, enquanto eu apagava sob o efeito de duas doses de tranquilizantes, aquela maldita mulher disse que iria atrás de Lockwood. Era dele que ela falava, claro. Só não entendo o motivo...

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa, mas acho que a resposta é meio óbvia. — Mesmo com os movimentos limitados, ele consegue dar de ombros. — Acho que nós dois fomos sequestrados. — Ele respira fundo, como se tentasse conter o pavor visível em seu rosto, e então despeja num ritmo acelerado: — Eu estava preso na S.H.I.E.L.D., lembra? Então uma confusão começou, houve uma invasão, gritaria para todos os lados, troca de tiros e agentes de uma tal... HYDRA, acho, me arrancaram da minha cela! Foi então que uma mulher injetou alguma coisa no meu pescoço e fim! Eu apaguei completamente e, quando recuperei os sentidos, estava aqui, preso nessa maldita cadeira, vi você bem aí e... Ai, caramba! Nós estamos ferrados, não estamos?!

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora