Uma civil entre heróis

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Quando chegamos na Torre e saímos do elevador, Tony praticamente arrasta Bruce na direção de uma sala de reunião. Pelas palavras desconexas que murmura para o amigo, descubro que Steve, Natasha, Wanda e Sam já voltaram da missão problemática. Pelo o que entendi, Clint e Visão — que há semanas estavam no Centro de Treinamento dos Vingadores —, estão a caminho daqui também.

De repente, me vejo completamente sozinha no meio da sala. Uma incômoda sensação de impotência se mistura com um inevitável temor pelo futuro. Em outras palavras, me sinto apenas uma civil em meio ao fogo cruzado de incertezas. Exatamente o que sou, uma civil.

A contragosto, volto para o elevador e aperto o botão que me levará ao andar onde ficam os quartos. Logo caminho pelo corredor, cruzando as portas pelo caminho. É bem nessa hora que ouço vozes e estanco o passo.

Não demora muito e reconheço a voz baixa de Pietro e o tom embargado de Wanda. Imagino que, depois do ocorrido, ela ainda não esteja em condições de participar da reunião emergencial e que seu irmão gêmeo esteja lhe dando apoio no momento difícil.

Sentindo-me uma intrusa por ouvir parte da conversa sem querer, me coloco em movimento de novo, porém não consigo evitar um olhar rápido para o interior do quarto.

Os dois não chegam a me ver, mas eu tenho uma boa visão deles e a imagem me corta o coração. A cabeça de Wanda no ombro de Pietro, os olhos dela muito vazios, ele acariciando o ombro da irmã e murmurando palavras de conforto.

Interrompo a caminhada de novo e hesito só por um instante antes de dar meia volta e seguir até eles. Bato na porta aberta e os dois erguem os olhares na minha direção.

Por causa do que ela fez ao Bruce na Nigéria, tenho um certo pé atrás com Wanda, mas nesse momento isso me parece totalmente irrelevante.

— Sabe, não foi culpa sua — digo a ela.

Wanda esboça um sorriso amargo.

— Então de quem foi?

Engulo em seco antes de passar pela porta devagar. Cruzo os braços ao voltar o olhar à Feiticeira Escarlate e argumento com calma:

— Até onde eu sei, a culpa foi de um imbecil com um codinome patético. Ossos Cruzados? Não foi ele quem acionou a bomba?

— Foi. Mas eu não consegui impedi-lo.

A culpa é gritante em seus olhos.

— Você tentou. É o que importa.

Wanda me encara visivelmente intrigada. Pietro, por outro lado, parece me agradecer com um discreto olhar por eu apoiar sua irmã.

— Por que está me defendendo, Amy? — ela questiona de súbito, a voz ecoando pelo quarto de um jeito afiado. — Até onde eu sei, você não gosta de mim.

Um soco teria me surpreendido menos. Pega de surpresa, rio sem graça. Não dá para negar que a garota é bem direta e um tanto imprevisível.

— Isso não é verdade — minha resposta muito elaborada sai quase num sussurro.

Wanda estreita o olhar e traz uma recordação à tona:

— No casamento da Olivia com Loki, eu tentei me aproximar. Você respondeu a minha tentativa de puxar assunto se afastando, depois de me lançar um olhar no mínimo frio.

Estou pronta para negar essa acusação também, mas... ok, eu lembro de ter feito algo assim. E sei exatamente por que me comportei tão mal, então me ouço explicando:

— Eu estava chateada na época. P da vida, melhor dizendo. Sim, com muita raiva de você. O Bruce havia desaparecido do mapa e eu sabia que ele tinha tomado aquela decisão porque ficou péssimo quando perdeu o controle do Hulk por... Bom, por sua causa. Me desculpe. Eu sei que você teve seus motivos para se aliar ao Ultron, mas que depois se redimiu da melhor maneira possível. Por isso saiba que, pra mim, são águas passadas.

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora