Diálogo ou violência?

149 21 1
                                    

Há poucos meses, estive exatamente aqui, no aeroporta-aviões da S.H.I.E.L.D. Natasha havia me localizado no Sri Lanka e jogado um dossiê sobre a mesa da espelunca onde eu estava vivendo. Foi por causa de Amelia — figura central do dossiê — que eu entrei no Quinjet com a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro sem pensar duas vezes, deixando o exílio para trás rumo à base voadora.

Um inimigo, que eu não sabia quem era na época e que continua nas sombras atualmente, tinha reunido uma infinidade de fotos de Amelia — registradas sem o seu conhecimento — para chamar minha atenção e deixado um recado claro e sombrio: "Ansioso para o nosso acerto de contas. Hora de voltar para casa, Hulk."

Entendi a ameaça velada e aceitei a chantagem porque não poderia ser diferente. Eu não podia permitir que um maluco covarde a machucasse por minha causa.

Já não basta ela ter se ferido devido às explosões de duas semanas atrás, sem que eu conseguisse protegê-la... Aliás, isso foi uma fatalidade que eu não pretendo permitir que se repita. Amelia é meu calcanhar de Aquiles, mas também é a minha força para enfrentar essa situação de uma vez por todas.

Tudo que quero agora, mais do que nunca, é desvendar esse mistério e deter o responsável por ameaçá-la e por explodir a cidade só porque tem alguma desavença pessoal comigo.

Dentro de mim, sei que o Hulk está doido para esmagar o infeliz com as próprias mãos. Uma parte sombria que pertence só a mim está muito inclinada a deixar que ele faça isso quando chegar a hora. Mas sei que não posso ceder.

Confesso que estou sim muito surpreso por Kurt Lockwood — justamente o ex-namorado de Amelia — estar envolvido de alguma forma nessa história. Por motivos óbvios, não simpatizei com ele logo de cara. Ainda me lembro muito bem do seu olhar de cobiça na direção dela, na boate Inferno, enquanto ela dançava.

Saber que ele incitou ciúme em mim para me distrair, e assim pegar meu celular sem que eu notasse, faz eu me sentir um completo idiota. Lembrar que Kurt cercou e flertou com Amelia há poucos dias, quando a encontrou no meio de Nova York, atiça uma revolta ainda mais incômoda. E concluir que ele ajudou meu inimigo ao me hackear me deixa enojado.

Que tipo de ser humano trabalha para alguém que decide espalhar bombas num grande centro e colocar a vida de pessoas inocentes em risco? Mesmo que Kurt não soubesse das intenções dele, contribuiu de forma indireta para aquela calamidade. Pessoas morreram naquele dia. Por Deus... Amelia poderia ter morrido também.

Sinto um calafrio ao imaginar que poderia tê-la perdido e, por puro instinto, procuro por sua mão ao meu lado. Aliviado, entrelaço seus dedos com força, para que ela não escape nunca e para ter certeza que está mesmo aqui.

Não só está, como olha para mim de soslaio e sorri amarelo enquanto caminhamos por um dos corredores.

O Diretor Coulson está logo a frente, indicando o percurso que nos levará à sala de interrogatório onde Kurt se encontra detido.

Já Tony, alguns passos atrás de nós, não perde a chance de alfinetar:

— Eu vi isso, pombinhos. E não sei lidar com essas mãozinhas dadas. Depois de tanto chove e não molha, vocês finalmente cresceram. Estou tão orgulhoso, sabiam?

— Só ignore — Amelia me aconselha num sussurro.

Faço exatamente isso e, depois de mais um longo corredor adiante, finalmente chegamos ao destino final.

Phil passa um cartão magnético na trava da porta metálica à sua frente e ela se abre automaticamente um segundo depois.

— Por aqui, por favor. — Ele nos dá passagem e, quando os três adentram o lugar, fecha a porta seguindo o mesmo protocolo de segurança.

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora