Amelia está absolutamente linda vestida de noiva. Sem dúvida, a coisa mais graciosa que eu já vi. É como um teste cardíaco para o meu peito disparado.
Ela é guiada pelo pai, o Sr. David Prescott, rumo ao altar da pequena capela, onde me encontro estancado, tenso e lutando para que o nervosismo que sinto não transpareça tanto.
Vendo daqui, ela parece um sonho. Esse momento, o próprio paraíso.
Nossos amigos estão ao redor. Alguns no altar, como Tony, Pepper, Josh e até Olivia Mills, oficialmente nossos padrinhos, além da minha futura sogra, a Sra. Astrid. O restante dos convidados — os demais Vingadores e alguns agentes da S.H.I.E.L.D. —, espalhados pelos bancos de mogno ornados com delicadas flores.
Porém não consigo me atentar a nenhuma dessas pessoas de verdade agora, pois só tenho olhos para o brilho que reluz no olhar de Amelia e para o sorriso estonteante que ela sustenta de orelha a orelha. Um sorriso lindo como ela e que exala a mesma ansiedade que me domina agora. A mesma felicidade. E um sentimento que beira à descrença também. Difícil acreditar que conseguimos chegar aqui.
Sim, isso é bom demais para ser verdade. Eu devia ter previsto que algo daria errado no meio do caminho.
Pisco, sem entender de onde esse último pensamento veio. Estamos prestes a nos casar, tudo está correndo bem, tudo está perfeito.
Perfeito demais, na verdade....
Ela para diante de mim ao alcançar nosso destino final. Inclina um pouco a cabeça e me analisa.
— O que foi, Bruce? Algum problema?
Destino final. Por que pensei nessa colocação agora?
A capela mergulha num silêncio absoluto enquanto me distancio sem sair exatamente do lugar. Fico em suspenso sem razão aparente, como um expectador diante de um filme que não é capaz de mudar. E o sentimento estranho de incredulidade e mau presságio ganha força dentro de mim, feito um ruído insistente de estática que não consigo abaixar o volume.
Sim, tem algo errado acontecendo. Mas o quê?
O Sr. David pigarreia para chamar a minha atenção, faz alguma piada que não capto direito e risos se espalham pela capela. Ele me entrega a filha e seguro a mão dela por puro instinto.
Sua pele está um tanto fria. Os dedos, trêmulos. É então que percebo que Amelia não riu como os outros. Aliás, o sorriso radiante se dissipou misteriosamente, dando lugar a um meio vazio. Um sorriso de tristeza e frustração. O brilho no seu olhar se foi também.
— Nós quase conseguimos. Quase.
Franzo o cenho.
— Como assim?
Ela toca o meu rosto, e sorri fraco.
— Chegamos tão perto, Bruce...
Amelia abaixa a cabeça, pondo fim ao toque, e olha o buquê que segura junto ao peito. As flores, de repente ressecadas e enegrecidas pela ação do tempo, começam a desaparecer uma a uma. Como um efeito dominó, tudo desaparece também. Seus pais, o padre, os convidados, padrinhos, o altar, Amelia...
Não consigo impedir o assustador efeito em cadeia, não consigo tocá-la a tempo de sequer tentar fazer alguma coisa para impedir! Num instante ela estava aqui; no outro, fico totalmente sozinho na capela.
As flores que enfeitam os bancos murcham, perdem as pétalas, desaparecem de maneira inexplicável.
Uma única pessoa sobrou, além de mim. Alguém que eu não havia notado entre os convidados, mas que estava aqui o tempo todo.
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A Bela, o Outro Cara & Eu
FanficQuando o mundo viu o Hulk fora de controle durante os eventos de Era de Ultron, Bruce Banner decidiu desaparecer do mapa ao final da batalha. Ir embora sem olhar para trás lhe pareceu a solução ideal e correta, afinal ele não queria arriscar que al...