O último amor

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Há menos de um ano, o Diretor Phil Coulson me repreendeu por ter hackeado a S.H.I.E.L.D. em busca de informações sobre o paradeiro de Bruce. De quebra, confiscou o meu notebook para realizar os bloqueios necessários, com a promessa de que seria devolvido algum tempo depois. A devolução nunca aconteceu. Até hoje.

Duas semanas após três bombas abalarem o coração de Nova York, sou surpreendida ao descer para uma das salas da Torre dos Vingadores. Se não é o meu antigo notebook sobre um dos sofás, é um modelo muito parecido.

Quando me aproximo e tenho a oportunidade de analisá-lo melhor, reconheço uma pequena rachadura no canto inferior direito. Uma vez, o chutei, sem querer, no meio de um cochilo e ele caiu da cama, batendo com certo impacto no piso do quarto. A marca é a prova do meu desleixo.

— Lamento pela demora em devolvê-lo, Srta. Prescott — uma voz conhecida ressoa pela sala, me fazendo olhar na direção da janela que se estende do chão ao teto e fornece uma visão ampla da cidade. — Você vai notar que o desempenho foi restringido, como eu avisei que faria na época em que o confisquei.

Coulson dá alguns passos à frente e para no centro da sala com um meio sorriso quase imperceptível.

— Ah, valeu — agradeço com ironia e um sorriso amargo. — É muita gentileza da S.H.I.E.L.D. deixar meu computador lento.

Sua presença na Torre não me surpreende. Com certeza, Coulson está aqui para uma segunda reunião a portas fechadas com Bruce e Tony. Aproveitou para me devolver o computador porque, da última vez que o vi, fiz questão de jogar essa cobrança no ar.

— É apenas uma medida de segurança, Srta. Prescott. Além disso, devo ressaltar que bloquear alguns recursos é uma resposta até generosa da S.H.I.E.L.D., já que você cometeu um crime cibernético ao hackear nossos arquivos. Está lembrada?

Sou obrigada a reconhecer que Coulson quebrou mesmo o meu galho. Outra pessoa no meu lugar teria sido detida e induzida a arcar com a responsabilidade. Ele, no entanto, decidiu pegar leve comigo e me deu um voto de confiança. Relaxo ao reconhecer que foi mesmo generoso da parte dele e brinco:

— Em minha defesa, eu só queria encontrar um bonitão que fugiu de mim.

O sorriso discreto se expande um pouco e tenho a impressão de que Coulson dirá alguma coisa despretensiosa em resposta. Antes que ele abra a boca, somos interrompidos por uma terceira voz que adentra a sala:

— Engraçado... Eu pensei que você estivesse procurando o Banner naquela época. — Tony para entre mim e o Diretor da S.H.I.E.L.D, finge surpresa e acrescenta: — Oh, certo! Banner é o bonitão? Você já foi alguma vez ao oftalmologista, Amy?

Ainda não esqueci que Stark orquestrou uma promoção e inventou um cargo de confiança apenas para me manter mais perto da Torre. Contudo, consigo reconhecer que ele estava apenas seguindo o plano paranoico de Bruce. Mais alguns dias, e talvez eu até volte a rir de suas piadas. Por enquanto, atento-me a algo implícito no que ele disse e questiono:

— Você sabia que eu invadi o sistema da S.H.I.E.L.D.?

Quem responde, no entanto, é Coulson:

— Eu mencionei em alguma conversa. Não com a intenção de te recriminar. Na verdade, eu até expus ao Sr. Stark como fiquei impressionado com o seu conhecimento em explorar redes, linguagem de programação, criptografia e protocolos de segurança. Especialmente, em quebrar tais protocolos. Se me permite dizer, eu não entendo por que você escolheu Publicidade, Srta. Prescott. Seguindo as regras e a Lei, você se sairia muito bem em Ciência da Computação, Programação ou áreas semelhantes.

— É verdade, você não tem nada de publicitária, só o diploma — Tony emenda, antes que eu assimile as palavras do outro. — Deixou muito a desejar quando trabalhou no meu Setor de Criação.

A Bela, o Outro Cara & EuOnde histórias criam vida. Descubra agora