Capítulo 4.

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Tessa.

As mãos de Hardin são rápidas e precisas. Tudo o que eu não consigo ser agora.
"Auden, venha cá e ajude a sua mãe." Hardin grita pelas escadas, me procurando com os olhos, passando a mão pelos meus cabelos e me sentando na cadeira. Por uns segundos estou sendo afogada pelos meus maiores medos, como se meu passado estivesse me inundando com ondas fortes e me puxando para baixo dos meus traumas. Como se tudo que eu escondi por anos estivesse sendo exposto na minha cara e a vida me dizendo que eu nunca conseguiria esquecer, nunca conseguiria ser feliz.

Quando me dou conta, Auden está atrás de mim, perguntando algumas coisas que eu não consigo entender e nem discernir. Suas mãos me chacoalham um pouco, mas o que eu quero agora não é acordar desse transe. Quero sentir essa dor insuportável que eu mereço, esse aperto no meu peito sem demora. Quero me sentir responsável por isso, me sentir responsável pelo que aconteceu com Emery. Em como eu não pude perceber, como não vi suas companhias e seu jeito estranho de se comportar. Como não vi os horários que chegava em casa e se trancava no banheiro. Como brigava comigo para lavar suas próprias roupas e quantas vezes deixava o carro para lavar durante a semana. Como não percebi as garrafas de vinho sumindo periodicamente da adega e quando ela não se dava o trabalho em não nos cumprimentar quando chegava tarde da noite.

Eu estou vendo tudo acontecer de novo, estou vendo o muro que eu construí dos meus pesadelos sendo massacrado e bombardeado. Sinto que vou apagar a qualquer momento, mas antes de me entregar, eu quero respostas. Eu quero saber porquê.


Hardin está apoiado na cadeira, com a cabeça entre os braços, olhando para o chão com o envelope nas mãos. Eu me levanto cambaleando, indo em direção a ele e ignorando Emery e seu show ridículo. Pego o papel e leio: Emery foi aprovada em Columbia.

***

Acordo em minha cama, com a cabeça latejando, olhando para o teto e torcendo para que tudo tivesse sido um pesadelo horrível. Mas quando vejo Hardin sentado no pequeno escritório improvisado no nosso quarto, - feito contra a minha vontade – meu chão desmorona e as lágrimas quentes começam a rasgar meu rosto. Hardin soluça compulsivamente, segurando o papel como se fosse rasgá-lo a qualquer momento. Eu sei exatamente como ele está se sentindo, sei exatamente o que está fazendo-o morrer e se despedaçar por dentro agora. É a culpa.

Levanto ainda sem forças nas pernas, meus pés alcançam o chão gelado, mas eu não me importo com o desconforto. Vou até a Hardin e o abraço com todo o meu amor e com tudo o que eu tenho de mais sincero. Estou tentando fazê-lo acreditar que não é culpa dele, mas nem eu sei se acredito que a culpa também não seja minha. 

Ele se vira para mim, os olhos vermelhos e o rosto inchado. Parece que ele está chorando há horas, uma feição contorcida de dor e desprezo.
"Não faz assim. Não é sua culpa, não é culpa nossa. Não faz assim, meu amor..." minha voz sai fraca, vazia e ele enterra o rosto em meu peito. Tentando se esconder, se afundar em mim, como faz quando sente medo. Minhas mãos estão trêmulas, meus braços estão se esforçando por ele. Eu não tenho forças, mas o arrasto em direção a cama. Ele se aninha, feito criança e seus braços me envolvem, como se fossem me esmagar.
"Isso tudo é porque eu sou um merda. Sempre fui um maldito de um merda." Sua voz está embargada e sai abafada pela minha roupa. "O que deu em mim por acreditar que eu saberia criar um filho? O que eu estava achando que eu era, Tess? Caralho!" ele grita, enquanto eu passo a mão por seus cabelos, seu corpo treme involuntariamente com os acessos de choro. Eu tento segurar minhas lágrimas, porque agora não é a minha vez de chorar. É a vez de Hardin, porque eu entendo como isso tudo deve ser para ele. Como essa herança maldita passou por mais uma geração, como Emery pôde fazer isso conosco.
"Você teve seus erros. Não passo a mão na sua cabeça por isso, Hardin. Mas você viu o que se tornou? Você vê o que é pra mim? O que é para as crianças? Você é tudo o que eu tenho de mais bonito, tudo o que eu sonhei e que pedi para se tornar. Eu escolhi você e vou escolher até morrer." Seguro seu queixo e o levanto para olhar para mim. Seus olhos estão marejados, o rosto molhado e vermelho. Eu beijo sua testa e ele fecha os olhos por uns segundos. Quando os abre, vejo duas esmeraldas brilhantes e ferozes, insaciáveis.


Hardin tem um dos braços envoltos na minha cintura e desce até uma das minhas nádegas, e me puxa para baixo o suficiente para que possamos estar na mesma altura. Seus olhos procuram os meus e vejo a necessidade emocional de me ter. Não é por sexo, não é por vontade, é porque ele precisar estar em mim e eu preciso estar nele. Agora.
Seus lábios pressionam o meu com raiva e quando dou passagem, sua língua desbrava cada espacinho da minha boca, chupando e mordendo meu lábio inferior. Ele geme pela garganta, sem respirar e com um único movimento arranca meus shorts e minha calcinha. Chuto-os até caírem no chão e levo minhas mãos para sua camiseta que em poucos segundos estão do outro lado do quarto. Separo minha boca da dele e admiro suas tatuagens mais uma vez, como se fosse a última. Meus dedos percorrem cada galho e eu me fascino quando elas parecem se mover com meu toque.
"Tessa, eu preciso de você..." eu o silencio, beijando-o novamente. Suas mãos escorregam pelos meus seios, descendo sutilmente até minha vagina. Abrindo-a com o indicador e o médio, em movimentos circulares e mais uma vez, me perco nele. Minha boca está entreaberta e começo a ofegar.
"Sempre tão pronta pra mim." ele passa a língua pelos lábios inchados, os olhos brilhando de excitação, os cabelos cobrindo parte do rosto dele. Não consigo descrever o quanto eu o amo e o quanto eu preciso dele, preciso das suas mãos e do seu corpo no meu. Quando percebo, sua boca está fazendo um trabalho maravilhoso e eu estou agarrada aos lençóis, implorando, suplicando pelo seu pau.
"O que você quer, meu amor? Hum?" olho para baixo e ele está se masturbando, sorrindo presunçosamente para mim.
"Hardin, por favor..." eu imploro, meus olhos já estão dando voltas completas e ele não perde tempo. Seus joelhos estão em cima da cama e em um movimento brusco, ele me vira de costas e me coloca de quatro. Suas mãos me alisam, minha bunda, minha coxa, minhas costas, meus seios.
"Você é tão linda, Tess..." ele joga o corpo sobre mim, sussurrando em meu ouvindo e mordiscando o lóbulo da minha orelha. Me recosto nele e gemo, resmungando.
Quando termino, eu o sinto me preencher e gememos juntos.
"Caralho. Como você consegue ser tão apertada assim, porra?" ele resmunga, estocando mais forte, mais rápido. Suas mãos segurando minha bunda forte, em movimentos circulares. Eu estou desfalecendo e sinto isso, meus braços começaram a perder força e meus músculos estão contraídos. Ele sabe, porque o sinto pulsar dentro de mim.
"Tessa, você vai gozar, não é? Eu sei que vai, gostosa. Então goza pra mim, goza no meu pau." Ele geme em meu ouvido, num ritmo torturante, querendo me sentir por inteira. Então eu vou ao céu e volto. Minha cabeça afunda no travesseiro e sinto ele por inteiro em mim, pulsando devagar, se derramando por completo. "Caralho Theresa..." ele reclama, distribuindo o peso do seu corpo para não me machucar. Eu suspiro alto quando ele sai e se deita ao meu lado, colocando o braço em sua testa.
 Ah não, essa cara não.
"Ei, volta aqui. Volta pra mim. Vamos dar um jeito nisso. Ok? A gente sempre dá" eu suplico, colocando minhas mãos em seu rosto, tentando puxar ele de volta. Mas sinto que minha tentativa está falhando. 

"Eu não sei..." ele se esquiva, virando o rosto para o outro lado. Sua voz embargada novamente.
"Hardin, olha pra mim!" eu o cutuco, colocando os seios perto do rosto dele.
"Pra você ou pra esse belo par de..."
"Não, para. Estou falando sério." Eu o repreendo. Ele suspira.
"Ok. Eu te amo, vamos dar um jeito." Seu sorriso sai meio torto, cansado e ele me beija devagar. Eu retribuo e me recosto em seu peito, pronta para esquecer por um momento. Mas só por um momento.

After 6: Depois da calmaOnde histórias criam vida. Descubra agora