Capítulo 25.

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Mason.

Maldita hora que eu conheci Emery.
Era só o que eu conseguia pensar desde quando minha vida começou a se tornar complicada. Tudo era mais difícil, de fumar até beber, não conseguia fazer nada sem que minha consciência me acusasse de alguma coisa. Tento suprimir esse inferno que me permiti colocar, mas sempre estou pensando em como Emery reagiria ou como aqueles olhos azuis me julgariam. Minha vontade era de gritar "foda-se" na cara dela e desaparecer.

Foda-se por ter aparecido assim, com seus jeans apertados e seus cabelos encaracolados. Suas metas idiotas e seus sonhos de criança. Foda-se por me render só chamando pelo meu nome que ficava estupidamente bonito quando ela pronunciava. Menina do caralho! Não sei se sinto ódio por ter me envolvido dessa forma ou por não conseguir ir embora, magoá-la e não deixar rastros para que me encontre. Era isso que eu queria, era o que minha parte racional gritava para fazer. Era só mais uma, porra! Só mais uma que apareceu sem se explicar e que agora vou fazer sair como fiz com todas que quiseram alguma coisa mais.

Eu não namoro. Deixei isso claro desde que a conheci e ela ria sempre, abrindo os lábios carnudos e mostrando os dentes brancos. Emery nunca me levou a sério, não se importava com o que eu fazia, com quem eu ficava ou com quem me metia. Ela era perfeita demais e isso me incomodava, sempre me incomodou. Não era certo ser a única que não ligava para as minhas idiotices, ela tinha que ligar, tinha que se importar como as outras.

Nos conhecemos em uma festa boba que ela havia ido com uma amiga que já nem me lembro o nome. Me recordo de tê-la escolhido naquela noite como mais uma presa; eu estava bêbado e nem me importava em ser escroto com o restante das pessoas.

"O barulho da música era estridente, haviam caixas de som por todo o canto da casa e ficava me perguntando nos meus momentos de sobriedade, o quanto essa fraternidade havia gastado para reformar esse entulho.
"Mason!" Travis bateu no meu ombro, rindo feito um delinquente carregando uma garrafa de uísque na mão. "Tem da boa, por aí?" Apertou meu ombro com mais força e me desviei, arrancando seu braço da minha camiseta.
"Não encosta em mim." Murmurei, olhando-o firmemente, sustentando seu olhar até que ele empalideceu e deu meia volta. Travis era do tipo viciado imbecil que não sabia a hora de parar e incomodava até que conseguisse o que queria.
"Vamos lá para cima, aqui tá insuportável." Rebecca apareceu com um copo pela metade na mão, cambaleando entre as pernas, passando as mãos com as unhas feitas pelo meio peitoral. Seus cabelos castanhos estavam desgrenhados e pude ver ninhos embolados no topo da cabeça, seus peitos pulavam do top fluorescente e sustentava o salto que calçava na outra mão.
"Agora não." Suspirei, deixando-a me tocar mais um pouco. Ela riu como se achasse tudo divertido e se jogou no sofá vermelho, me puxando junto.
"Para de se preocupar com nada... Vamos curtir." Ela passou a mão nos meus cabelos e virou minha cabeça num beijo estranho. Seu hálito era álcool puro e sua insinuação me deixou enjoado. Não queria ficar ali, mas estava precisando foder alguém.
"Olha quem temos aqui!" Travis apareceu com algumas pessoas diferentes na sala, a maioria eu conhecia, eram alguns colegas da faculdade que tinham aula com a gente. Um bando de otários que não sabiam nem o que estavam fazendo.
"E aí, Mason." Daniel saiu da multidão, se sentando do meu outro lado, tomando o copo da mão de Rebecca. Ela o olhou com desgosto, mas ainda passava a mão pelo meu braço.
"E aí." Respondi sem emoção, tateando meu bolso para pegar meu cigarro.
"Essas são as mais novas novatas na gradução." Florence empurrou duas meninas para o centro da sala e eu não me importei em analisá-las. Todos brindaram em seus copos de plástico e respingos caíram pela minha roupa e chão.
"Oi pessoal." A mais alta falou sorrindo para todos, alisando seu vestido dourado com as mãos. Ela parecia corada, mas não tinha certeza por causa do jogo de luzes que se movimentavam. Ela tinha olhos escuros e o cabelo curto batido na nuca. Seu rosto era redondo e não tinha proporção alguma com o resto do corpo. "Sou a Olivia." Ela falou tão baixo que se não fosse a falha no som, não teríamos conseguido ouvir.

After 6: Depois da calmaOnde histórias criam vida. Descubra agora