Capítulo 45.

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NOTA DA AUTORA

Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer vocês por não desistirem de mim.  Recebi muitas mensagens, inúmeras, pelo meu Instagram (amandamaggioli), sempre me incentivando a continuar e olha eu cá, pronta para dar continuidade à essa história maravilhosa que está se desenrolando. 

Achei que não iria conseguir passar pelo tal "bloqueio literário", mas vamos em frente, chegamos em uma nova fase de "After 6: Depois da Calma". Vamos desenvolver alguns personagens secundários, dar as caras de outros que nem imaginávamos ser maus ou bons. 

O mais importante vocês já tem feito, comentar muito. Comentem, gosto muito de acompanhar vocês. Tão mais importante que votar no capítulo é ler o que vocês acham sobre o meu trabalho. Vou lançar meu original mais pra frente e também queria saber a opinião de vocês, se vocês leriam ou não. 

O capítulo é curto, eu queria postar ainda hoje, então resolvi desmembrar alguma coisa. Espero que gostem, se necessário, leiam tudo de novo, para voltarem a entender o que está acontecendo. 

Eu amo vocês e isso é verdade. Muito obrigada.

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Emery.

A semana passou como um flash. É difícil saber que uma vez pronta para levar os seus e todos os problemas alheios a você, nas costas, nunca mais será permitido voltar.

Era exatamente assim que eu estava me sentindo. Assimilar tudo o que estava acontecendo, tudo pelo que eu passei e tentar seguir uma vida normal, não deveria ser algo passivo de se entender. Não deveriam me estipular tempo de melhora ou esperar alguma coisa de mim, mas esporadicamente, eu sempre me sentia cobrada.

Mason voltou. Quando voltou, a única coisa que eu queria era senti-lo novamente, sem ligar para os meus problemas ou os problemas dele. Queria nos encapsular naquele quarto e sumir para o primeiro planeta que nos abduzisse. Eu estava emocionalmente fraca, pronta a desabar, mas sempre pronta para desabar nos braços dele.

Não transamos naquele dia, no meu quarto, um dia depois da sua volta. Antes que o fogo consumisse cada partícula que afinava em meu sangue com a sua respiração no meu pescoço, e minha pele se encontrasse com a dele nos meus lençóis, eu me afastei. Me afastei de mim, dele e de qualquer outra pessoa que procurasse brechas para me encontrar novamente. Não conseguia ver meu pai e nem minha mãe, era como se uma nova personalidade estivesse sendo criada em mim e ela os desconhecesse.

O trauma é traiçoeiro. Ele te absorve, te tira da realidade, te choca e te faz querer ser incapaz de viver no seu próprio ambiente. Te faz esquecer sorrisos e lembranças, quando te dá uma fresta de esperança, o trauma te encobre. Como uma tempestade de verão que aparece quando menos imaginamos, e te machuca com as pancadas de chuva pesadas que são seus medos e pesadelos.

Eu queria esquecer, mas era impossível.

Sete dias. Hoje completam-se sete dias em que eu não atendo ligações, não converso com ninguém, não vejo o rosto dos meus pais, ignoro Mason nas madrugadas e troco meia dúzia de palavras com Auden, que me alimenta nos cafés, almoços e jantas. Minha televisão fica ligada 24 horas por dia, não a desligo quando vou deitar. O barulho irritante das pessoas que não param de falar, espanta os fantasmas. Quando a madrugada chega, o volume aumenta, junto com os gritos de Mason. É ensurdecedor, é doentio, ninguém o para, eu não o paro, eu gosto. Gosto de deixá-lo ver o que fez comigo, como ajudou a destruir tudo o que eu era e me deixou morrer aos poucos.

Eu quero a morte, mas ela parece estar demorando a chegar.

Tessa.

"Eu não posso deixar de ir trabalhar, Hardin" Fitei seus olhos cansados, baixos e sem expressão, enquanto sua boca alcançava a xícara de café.

Meus sapatos pareciam apertar meus pés, mas não era algo que me incomodava mais. Nada me incomodava mais, nada me atingia, eu estava devastada e não havia nada que pudesse me tirar daquele torpor. Eu só queria meu trabalho, meu escritório e ouvir todas aquelas noivas, com ideias, sonhos e planos de uma vida feliz, me ajudavam a criar uma realidade em que eu não vivia mais. Tudo era melhor que essa casa.

"Vai voltar que horas? " Sua voz era rouca, áspera e sem emoção. Apenas uma pergunta que todos sabíamos a resposta. Ás vezes, eu nem voltava.

"Assim que eu puder" Respondi rápido, me apoiando na bancada, ajeitando os sapatos que pareciam apertar a cada palavra que saía da minha boca. Meu coração pulsava forte e ver Hardin daquele jeito era pior do que toda dor física do mundo. Por isso, eu não queria ver.

Arrumei a saia de couro que eu usava, deixando-a mais perto dos joelhos, para facilitar meus passos largos até ele. Aproximei-me, pousando uma das mãos em seu peito. Ele se retraiu e seu cenho se franziu. Aquela reação me lembrou o tempo que estamos sem nos tocar e um nó na mina garganta cresceu, junto com as lágrimas que pareciam querer brotar e borrar minha visão. Seus pelos estavam eriçados e meu coração parecia bater mais forte a cada segundo que se perdia, eram minutos que estávamos ali, mas podia jurar que faziam parte da eternidade.

"Assim que puder..." Ele disse, beijando minha testa, se desvencilhando do meu toque. Deixou a xícara no balcão e sumiu atrás das grossas paredes revestidas de gesso.

Senti todas as lágrimas que eu estava segurando, jorrarem e mancharem o scarpin vermelho que eu estava usando. Peguei minhas chaves e me forcei a andar até a porta, tudo se arrastando, minha cabeça rodando e nada se encaixando.

Olhei para sala antes de sair e ele estava lá, mais magro do que antes, usando uma camiseta preta surrada, olhando para o relógio digital da televisão. Ele não comia há uns dois dias, não saía dessa posição nem quando chegávamos em casa, sempre esperando anoitecer, esperando... esperando... quando a noite chegava, ele se movimentava, fraco, sem vida, restaurava as forças que não tinha e nossa noite parecia não ter fim. Era ensurdecedor, era doloroso, mas para ele, era tudo o que restava.

Seus olhos vívidos, verdes, reconhecíveis estavam escuros feito a noite. Um mar revolto, cheio de ondas, mergulhado no ódio, na dor, na culpa. Eles me alcançaram por um segundo e minhas pernas vacilaram.

Mason estava morrendo... e nós também. 

After 6: Depois da calmaOnde histórias criam vida. Descubra agora