Capítulo 26.

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Mason.

Agora estou aqui nesse maldito hospital, lutando contra tudo o que me mantém vivo. Florence me ligara no meio da estrada, balbuciando algumas palavras rápidas de que alguns meninos estavam na UTI por terem sido espancados e que algo havia acontecido com Emery naquela festa.

Me lembro de ter dirigido sem dormir e sem comer até a casa dela. Costumava escutar algumas histórias de terror sobre Hardin. Quando li seus livros não deixei de notar algumas semelhanças em nossa vida problemática, mas me convenci de que não tínhamos nada a ver um com o outro e que meus problemas eram maiores do que nós dois juntos.

A mãe de Emery ainda me encarava friamente e aqueles olhos... Como poderiam ser tão... Merda! Me sinto despido na frente dela, como se tudo estivesse exposto e ela já havia escrito meu julgamento para o inferno. Estava me propondo algo que eu não sabia se poderia cumprir e magoar Emery era a última coisa que eu deveria fazer.

Quando Auden me contou o que acontecera, senti todos os meus nervos enrijecerem e quase se partirem. Eu não estou em posição de digerir toda essa merda e tomei a decisão de quando aqueles filhos da puta acordassem, iria matá-los e estava decidido. Imaginar que tocaram em sua pele, cheiraram seus cabelos e apertaram sua coxa me deixa enojado. Não consigo mais imaginá-la em meus braços feito um anjo, não consigo mais pensar em tomá-la para mim. Pensar que meteram nela até que sangrasse de tão machucada, atordoa meus pensamentos. Eu queria ver, queria ver como ela gritou e como ela os tentou impedir. Queria vê-los engasgando-a com o pau em sua boca, queria ver como a prenderam e como a machucaram para quando eu fosse matá-los isso me assombrar e minha ira os destruir lentamente.

Eu sou um maldito doente e não estou preocupado em me tratar sabendo disso. Estou implorando para o meu consciente imaginar Emery sendo estuprada e depois de alguns segundos, não quero mais tocá-la, não quero fodê-la depois de outro homem.

Qual era a porra do meu problema, caralho?

"Mason. Eu preciso de uma resposta agora. Hardin vai voltar e quando ele voltar, eu vou precisar saber se vou te defender ou não." Ela ainda me encarava com a mão quente sobre a minha. Eu queria gritar e mandá-la calar a maldita boca. Como pode me impor algo assim? Sou eu quem decido o que faço e como faço. Na verdade, não sei por que apareci por aqui, tentando encontrar respostas para os surtos que me deixam sem dormir.

Suspirei, fitando aquele azul que me punia e percebi que a única que me faria dormir em paz estava lá dentro e eu precisava vê-la.
"Vou ficar." Murmurei, nem acreditando nas minhas próprias palavras, sem saber com certeza se faria jus a essa promessa tola.
Ela parecia aliviada e tirou a mão da minha que esfriou em poucos segundos. Auden parecia não concordar com nada disso, mas se manteve quieto, como o cão de guarda da sua mãe.
"Você pode entrar." Ela disse por fim e me levantei num salto. Meus pés se moviam involuntariamente e eu nem sabia pra onde estava indo, quando encontrei uma enfermeira arrumando algumas mantas no carrinho.
"Emery Scott." Minha voz saiu apressada e segurei no ombro da mulher que me encarava assustada.
"Segundo quarto a esquerd..." Não a deixei terminar e lá estava eu, correndo feito o tremendo babaca que era. As botas batiam firmes no piso encerado e não me importei com o barulho ou o incômodo dos os outros pacientes.

Parei no quarto 108B, encarando a porta com cheiro de tinta fresca. O branco era tão novo que ardia os olhos de olhar. Toquei na maçaneta pensando no que poderia encontrar atrás da porta e a dobrei, fazendo força para empurrá-la. Entrei fitando o chão, torcendo para que eu tivesse entrado no quarto errado e sumir daqui para nunca mais voltar.

Só que lá estava ela, perfeita em seu leito de lençóis e manta. Sua pela ainda continuava a mesma, o rosto mesmo com alguns cortes – que me fizeram arder em ódio – ainda era o mesmo. Os seus cabelos estavam pouco apagados e sem brilhos, mas ainda caíam louros por seus ombros e esparramados no travesseiro. Ela estava ressonando com os olhos fechados feito um anjo que me resgatara. Me odiei até a morte por sentir nojo dela, por ter pensado em deixá-la assim. Ela ainda era minha menina, só a porra da minha menina. Eu nunca mais a deixaria, só depois da minha morte.

Meu peito se encheu de alguma coisa estranha e eu queria me livrar dessa sensação o mais rápido que eu pude. Dei alguns passos para trás, pensando em qual bar eu cuspiria toda minha frustação, quando alguém chamou pelo meu nome.

"Mason, é você?"

After 6: Depois da calmaOnde histórias criam vida. Descubra agora