Capítulo 32.

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NOTAS DA AUTORA.
SUPER IMPORTANTE!!!!!

Olá meninas! A nota vai ser no cabeçalho hoje, porque quero que saibam que fiz o impossível para tentar descrever o melhor que eu pude as sensações de alguém que foi molestada e violentada, como Emery foi. 
Isso é um assunto muito sério e que precisa ser tratado com extremo cuidado e importância. Se você sofre com isso ou já passou por esse tipo de situação e se mantém oculta. DENUNCIE!
Não tenha medo e não se sinta coagida, mulheres estão juntas para que uma ajude a outra a passar por esse tipo de situação. 
Quero que me perdoem se não consegui transmitir tudo o que eu deveria, o capítulo foi longo e bem difícil de escrever. Espero que me entendam e me ajudem a melhorar.

MUITO OBRIGADA!



Emery.

Aqueles temíveis olhos verdes, uma imensa floresta escura e cheia de ramos que me encarava e que se escondia, ao invés de me revelar quem era. Eu estava tentando não me lembrar, eu estava tentando agarrar essas memórias malditas que rasgavam meu interior como grandes punhais afiados e trancafiá-las em uma caixa amaldiçoada, para que nunca saíssem novamente. A dor era insuportável, eu não conseguia sentir outra pessoa me tocar e quando o faziam, eu sentia dor. Minha pele queimava e meu consciente gritava para que eu pudesse impedir qualquer contato físico, seja com quem fosse. Eu me sentia um pedaço de merda, sentia minhas entranhas sujas, as dobras do meu corpo pareciam nunca se limpar e não importa quanta água caísse sobre meu corpo ou quantos banhos de duas horas eu tomasse, o cheiro de vômito e álcool não desaparecia.

Quando eu me deitava e pouco antes de pegar no sono, eu sentia como se as mãos deles subissem pelos meus lençóis e apalpassem minha pele como se eu fosse um animal. Sentia as mãos fortes e grotescas me apertarem até que eu perdesse meu fôlego e um ataque de pânico eclodisse em minhas emoções. Eu era culpada por tudo isso ter acontecido, fui fraca por não ter lutado mais. Eu poderia ter os matado, poderia ter agido como meu pai sempre me ensinou a ser: corajosa e forte; mas eu não fui e hoje cada movimento, cada palavra e cada som que eu ouço me lembro dos gemidos insuportáveis deles em meus ouvidos. Ouço os nomes absurdos que me chamaram, enquanto penetravam em mim diversas vezes e sem parar. "Cadela, desgraçada. Engole a porra do meu pau inteiro." Me fizeram engasgar várias vezes a ponto de ter que chupá-los com meu próprio vômito.

Fico me perguntando o que foi que eu fiz para merecer esse tipo de coisa, paro para pensar se todo esse tempo eu estava fadada a esse destino desgraçado e ele só esperou para que estivéssemos felizes para terminar o que havia começado com Tessa. O trauma é uma dor pior que a surra que eu levei ou da humilhação que eu passei. O trauma é o pânico e sofrimento que temos que lidar pós recuperação física. Estava guardado me esperando estar bem para atacar e reverberar nas paredes da minha consciência. Ele apareceu de fininho, roubando a minha vontade de viver, os meus sonhos e os planos que passei a vida construindo.

Me sinto na beira do abismo e diferente do que as pessoas pensam, não quero que me salvem. Não quero que tirem de mim essa vontade adjacente de matar essa frustração. Quero que se mantenham atrás da faixa amarela da minha vida e se poupem de adentrar em meus medos e retaliações. Não quero que invadam meus mistérios e se deleitem da vergonha que assola meus pensamentos. Quero que estejam cientes da pessoa que me tornei e por mais que eu queira mudar, quero estar pronta para dar o meu melhor a quem merece, não fingir estar melhor para os fazerem felizes e os enganarem com meu sorriso mentiroso.

Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Seguem-nos até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. Talvez precisemos cair um pouco para levantar novamente.

After 6: Depois da calmaOnde histórias criam vida. Descubra agora