After 6: Depois da calma

Capítulo 38.

Hardin.

Depois daquele sábado estranho, senti que Mason se afastou completamente de nós. Ele não falava, não fazia as refeições conosco, mas também sempre chegava nos horários estabelecidos. Também reparei que as coisas estavam estranhas entre ele e Emery. Não dormiam mais no mesmo quarto, - não que eu esteja reclamando – mas pra quem vivia grudado, tinha alguma coisa estranha acontecendo.

Emery também estava estranha. Não tocava a comida, ria de algumas piadas idiotas de Auden, mas estava com a impressão de que estávamos perdendo-a novamente. Uma coisa horrível me incomodava dizendo-me que eu deveria fazer alguma coisa, mas eu não sabia como agir e tenho certeza que pioraria a situação se me intrometesse.

Tessa havia voltado a trabalhar e passava o dia fora. Às vezes chegava até mais tarde do que eu e muitas vezes não tinha tempo para me ouvir reclamar dos problemas dos adolescentes. Eu não a culpava... O trabalho acumulou em todo esse tempo e acredito que ela estava dando seu máximo para deixar as coisas em ordem.

A manhã era estranha. Tessa era a primeira a acordar e a deixar o café pronto. Ela saía as pressas sem se despedir, logo a refeição da manhã era feita em horários diferentes. Auden começara a trabalhar comigo na editora, Vance tinha um fascínio esquisito pelo... hãn... neto. Então saíamos juntos pela manhã. Catherine e Mason saíam logo atrás em seus carros, cada um para direções opostas a seus respectivos destinos.

Fora difícil no começo para aceitarmos deixar Emery sozinha em casa. Afinal, ela não queria sair de jeito nenhum. Mas com o tempo sabíamos que ela não tentaria nada se soubesse que Mason estaria bem e de volta no final do dia.

Bem, até aquela terça-feira fatídica.

"Não vejo a hora de terminar essa resenha, Hardin. Você me surpreende a cada maldito parágrafo." Vance ri para mim e sem querer suas linhas de expressão se aprofundam no rosto. Fico me perguntando se esse vai ser meu fim, no final das contas.

"Obrigada Christian." Eu assinto, sorrindo um pouco. Em todos esses anos nossa convivência melhorou expressivamente, mas cada comentário é muito perigoso e a linha tênue que nos mantém conectados é fraca demais para arriscarmos uma investida muito maior.

"E Auden? Como está se saindo no estágio?" Vance põe a mão no ombro de Auden que se aproxima com o semblante admirado.

"Estou feliz, obrigada. Não vejo a hora de iniciar os estudos, estou esperando a resposta das universidades." Ele suspira, como se houvesse alguma dúvida de que ele não seria aprovado.

"Não esquenta, meu neto. Você é tão brilhante quanto seu pai." Ele bagunçou os cabelos de Auden que riu debaixo de seu braço. "Esse penteado está fazendo sucesso no meio das minhas funcionárias."

Auden corou e ficou tão vermelho quanto uma pimenta. Peguei-o pelo braço para tirá-lo dessa situação constrangedora e comecei a arrastá-lo para fora.

"Obrigada Vance, até amanhã." Caminho em direção a porta e não olho para trás porque sei que ele me lançará aquele olhar... compassivo.

(...)

O caminho da volta é tranquilo e Auden procura cantarolar a música que tocava no rádio. Ele olhava a paisagem e o vento balançava as mechas do seu cabelo que soltavam do elástico que os prendia.

"Será que vou ser aceito em algum lugar?" Ele perguntou ainda fitando as árvores que corriam pelo carro. Eu ri uma risada baixa, batendo em sua coxa esquerda.

"Não há alguma dúvida que me assole, garoto." Ele me lançou um olhar tranquilo e sorriu como se fosse tudo o que ele precisasse ouvir.

Chegamos em nosso quarteirão e eu já podia ver todas as luzes de casa acesa. A garagem estava cheia e notei que estavam todos em casa... Não, menos Mason. Não vi sua máquina mortífera por aqui e suspeitei que tivesse ficado preso em algum lugar. New York não é uma cidade considerada ótima em meios de locomoção.