Obstinada Paixão (Concluída)

Capítulo 3

Eu organizei tudo o mais rápido que eu consegui. Minhas mãos tremiam de expectativa. Hoje mais tarde eu iria buscar Dakota para ficarmos isolados de todo o mundo.

Parece até ironia do destino toda essa merda. Eu pensei que nunca mais veria ela e agora iremos passar não sei quanto tempo longe de todos, contudo juntos.

Sei muito bem que tenho que protegê-la de Eric, mas em momento algum foi dito que eu precisaria protegê-la de mim.

Nesse tempo que ficaremos escondidos vou fazê-la pagar por cada lágrima que eu derramei por ela. Por cada noite em que eu pensei em tirar a minha própria vida por não tê-la ao meu lado.

Arrumei uma casa no meio do nada.  A única coisa que há ao redor é mato e algumas árvores. Fica muito bem escondida e atrás da propriedade há uma rota de fuga perfeita caso haja necessidade. É uma cabana muito bonita pra dizer a verdade.

Luke me colocou nesse caso porque sou o melhor para o serviço. Se o filho da puta do Eric tentar encontrar sua esposa não irá encontrá-lá com tanta facilidade. Não há vizinhos. O mais próximo fica a cerca de 1,5km. Então não haverão dedo-duros.

Estou ansioso para encontrá-la. Pedi a Luke que não dissesse que seria eu o responsável por sua segurança. Quero ver sua reação ao me encarar. Quero ver se seus olhos irão desviar, ou se aquela maldita vai me olhar com olhos altivos. Chego a sentir minhas entranhas revirarem de tanto que estou ansioso.

Dakota não sabe o que a espera. Quando ela se der conta do que estou preparando será tarde demais. Se ela pensa que esqueci facilmente tudo o que me fez, ela está redondamente enganada. Com a mesma força que eu a amei um dia, hoje eu a odeio. Quero vê-la sofrer e pagar por tudo o que me causou.

A única coisa que restou em mim foi a raiva e a mágoa. Todo o sentimento que ofereci a ela simplesmente evaporou.

Sou rancoroso sim. Entreguei de bandeja o meu amor nas mãos de uma mulher que só soube pisar e desmerecer o meu coração que era loucamente apaixonado por ela. Não vou deixá-la livre enquanto ela não sofrer pelo menos alguns porcento do que sofri.

Termino de arrumar a minha bolsa e me olho bem no espelho. Fazia alguns meses que eu estava deixando minha barba crescer. Eu só aparava com a máquina, mas estava gostando de me ver assim. Estava parecendo um pouco mais mau que o normal. Até pensei em raspar a minha barba para encontrar Dakota, mas depois pensei melhor e achei interessante deixá-la exatamente como está. Já que ela sempre gostou que eu fizesse a barba e mantivesse meu rosto de "anjo". Esse rosto se perdeu em um mar de depressão e autoaversão.

E eu também não tenho a menor intenção de agradá-la. Essa época já passou. Hoje em dia eu só quero que ela sofra. Depois cada um de nós seguirá a sua vida.

Desde que Luke me informou sobre o caso dela eu passo minhas noites maquinando o melhor jeito de magoá-la. De feri-la. Não fisicamente, é claro. Mas quero ter algo que possa lhe fazer mal.

Estou me armando da maneira que posso. E quando estivermos a sós no esconderijo ela vai conhecer um lado meu que foi criado quando ela fugiu com outro. Ela que me aguarde.

...

Meu celular toca e eu vejo o nome de minha mãe piscar na tela.

— Estou com saudades, filho. Quando você virá nos visitar? — Minha mãe fala aflita ao telefone.

— Estou envolvido em um caso muito importante, não tenho como te dizer quando poderei ir aí.

Já faz mais de dois meses que não os visito. Estou sempre afundado no trabalho e sempre que eu os encontro é como se eles quase me implorassem para que eu volte a sorrir como antes. Minha irmã Rita vive para me pentelhar. Amo aquela doida, porém sei que no fundo ela também torce para que eu deixe de ser o homem frio que me tornei. Infelizmente eu não posso fazer nada para que eles me olhem de maneira diferente. Eu simplesmente não consigo ser alguém diferente do que sou.