Não faça isso Twilda!

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Katie P.O.V

Quando os funerais acabaram, eu fui dormir, junto com o Leiftan. Mas no meio da noite, eu comecei a ouvir uns barulhos estranhos lá fora. Resolvi levantar, e tomei cuidado para não acordar meu companheiro.

Sai do quarto, e fui até o Refúgio, onde os barulhos tinham começado. Todos estão dormindo, melhor eu tomar cuidado para não acordar ninguém. Quando cheguei aonde eu queria, vi a Twilda saindo correndo. Ela não me viu, mas por que ela está acordada há uma hora dessas?

Decido seguí-la. Ela corre até a Grande Porta, e sai do Q.G. Parece que os guardas esqueceram de trancá-la.

Twilda vai até a praia, e eu continuo seguindo ela, tentando parecer discreta. Ela vai no meio do oceano, e desaba em lágrimas. Acabo vendo algo brilhante em suas mãos... NÃO PODE SER...! ELA VAI...

- TWILDA! NÃO FAÇA ISSO! - acabo me desesperando, e grito.

- Por que você me seguiu?

- Fique calma, por favor, se livre dessa faca! - tento me aproximar, mas ela aponta o punhal para o seu coração.

- Não se aproxime Katie! Eu preciso fazer isso! - ela começa a lacrimejar - Eu perdi o amor da minha vida, e agora o meu filho... Não tenho mais razões de continuar nesse mundo!

- Twilda, por favor me escute... Você ainda tem muito o que viver nesse mundo, muitas pessoas te amam e querem o seu bem...!

- A única coisa que eu quero é reencontrar o meu filho e o meu marido! Sem eles, eu perdi o meu propósito...

Ela continuava segurando firmemente a faca, eu temia que algo acontecesse à ela. Num ato de loucura, eu corro em sua direção, e tento tomar a arma de sua mão. Consigo, mas em troca ganho um grande corte no braço, que começa a sangrar imediatamente. Ignoro a dor, e vejo aquela maldita faca cair no oceano.

- P-por que você me impediu de me reencontrar com os meus amores...?

- Twilda, me ouça... É tudo que te peço... Eu entendo sua dor, mais do que ninguém... Sei o quanto dói perder alguém que você ama, o quanto que nos sentimos desamparadas, impotentes... - seguro as lágrimas ao me lembrar do Simon - Eu mesma já pensei em desistir, às vezes, mas em todas as horas em que esse pensamento me vinha à cabeça, eu lembrava que havia pessoas que precisavam de mim e que me amavam, e que também queriam o meu bem mais do que tudo no mundo. Me lembrava que eu não estava sozinha. Twilda, nós te amamos, não iremos te abandonar nunca... Sei que a dor de perder o Mery é insuportável, é só o tempo poderá amenizá-la... Pode demorar semanas, meses, até anos, mas te garanto que você SEMPRE terá o meu apoio e de todos no Q.G.

- De verdade...?

- De verdade.

Ela me abraça, e retribuo o jesto na hora. Acabo agindo muito bruscamente, e a dor do meu braço volta, e solto um gemido de dor. A Twilda percebe o machucado.

- Eu que fiz isso...? Me desculpe, pelo Oráculo, me desculpe!!!

- Não tem problema Twilda. Pelo menos consegui o que queria, que você não se machucasse.

A ajudo a andar, por causa que ela havia ficado um pouco fraca. Quando voltamos para perto da margem da praia, todos os membros da Guarda Reluzente estão presentes. Eles pareciam ter acabado de chegar. A Miiko corre em nossa direção, e me ajuda a levar a Twilda.

- Pelo Oráculo, você se machucou Twilda??? - a Miiko pergunta.

- Não... Mas como vocês sabiam onde estávamos???

- Alguns dos seus colegas a viram saindo do Q.G. Todos ficamos muito preocupados com você!

- Me desculpe, mil desculpas!!! Eu não deveria ter deixado vocês tão preocupados!

- Nós ficamos preocupados por que todos nós te amamos Twilda, isso faz parte...

- Mil desculpas...!

Nos aproximamos dos outros, e todos começam a conversar com a Twilda, para demonstrar o quanto ficaram preocupados e o quanto a amam. Meu olhar cruza com o do Leiftan, que está carregado de preocupação e alívio. Ele acaba avistando o meu braço ferido:

- KATIE, VOCÊ ESTÁ...

Corto sua frase na hora com um jesto pedindo silêncio. Ele entende e para, suspirando. Depois da Ewelein examinar a Twilda, e ela ter se afastado um pouco com os outros, a elfa me chamou de canto e examinou o meu ferimento. Ela o limpou, e depois pegou um produto e o desinfetou. Essa parte doeu HORRORES. Acabo soltando um grito, e pergunto a ela POR QUE A BENEDITA NÃO ME EXPLICOU Q ISSO IA DOER PRA CARAMBA??? A Ewelein se justificou dizendo que se ela tivesse contado, iria doer ainda mais. Ok então. Me lembro da faca boiando no oceano, e volto para buscá-la. Melhor eu guardá-la, vai que ela seja útil em alguma coisa.

Voltamos para dentro do Q.G, e alguns membros e eu acompanhamos a Twilda até o Salão Principal, onde o Karuto nos esperava. Ele preparou uma bebida quente para todos. Seu ar de tristeza era visível. Ele se lamentava um pouco por não ter conseguido perceber a mudança de comportamento da amiga.

Conversamos por algum tempo, até que a Twilda fica muito cansada, e ela vai até a enfermaria para descançar. Acabo voltando para o meu quarto, para terminar o meu sono incompleto ao lado do Leiftan. Pelo menos, não perdemos mais uma vida hoje.

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