Irmãos...

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Continuando...

Katie P.O.V

A sala foi dominada pelo silêncio, um silêncio pesado. Até que todos começaram a rir. Rir muito. Apenas eu, Simon e Valkyon ficamos mudos.

- O que um humano irritado pode fazer? Jogar pedras na gente? - Ezarel ironiza.

- Ele pode matar metade da sua família, inclusive você mesmo. - Simon diz, matando as risadas na hora.

- O que...? - pergunto, espantada.

- O "acidente" que eu sofri Katie, não foi tão acidente. Nem a morte dos nossos avós, muito menos a da nossa mãe. Foram aqueles malditos mercenários. Um humano faz loucuras por causa de um medo descontrolado, e as vezes, irracional.

Fecho os punhos na hora, de raiva. Os humanos faziam loucuras, mas matar quase uma família inteira? Traumatizar uma criança, destruindo a infância dela...? Isso já era demais.

- Como os mercenários foram capazes disso? - Miiko pergunta.

- De algum modo, eles descobriram que minha família estava repleta de aengels, e inclusive, eu sou um. Corrompido, na verdade, acabei me tornando um daemon. - todos se entreolharam - Fiquem calmos, eu não mordo. Voltando ao assunto, foi um grupo específico de mercenários. São os mais cruéis e inteligentes de todos eles, e os que possuem maior influência também.

- Qual é o nome deles? - Nevra pergunta.

- São a família Mercenery. Sim, pouco criativo esse nome, mas eles podem ser terríveis. Marcelo Mercenery é o atual líder deles.

- Como sabe disso? - foi a vez de Valkyon indagar.

- A liderança é por hierarquia, passada de pai para filho. Esse Marcelo aí foi quem estava liderando o grupo enquanto eu estava vivo, e ele não morreu até hoje, então é fácil concluir.

- Denovo, como sabe que ele não morreu? - Valkyon repete.

- Provavelmente, meu caro dragão, você já deve ter ouvido sobre a lenda dos Senhores da Morte. A lenda é verdadeira, pois eu sou um.

Novamente, todos ficam chocados, enquanto eu estou aqui, sem entender nada.

- Katie, um Senhor da Morte é um ajudante da Morte, que leva as almas para seu julgamento, se irão para o Céu ou o Inferno. Somente daemons podem se tornar um, e devem fazer um ritual para isso. Esse ritual lhe concede a vida eterna, mas em troca, você vira um escravo. - Simon me explica.

- Você fez esse ritual? Por quê?

- Eu não fiz nada, eu morri, e a Morte me deu logo de cara esse posto. Tenho uma sorte muito boa, não é mesmo? - ele ironiza.

- Você pode... Nos matar? - Ezarel pergunta.

- Todos podem matar. Mas não, eu não tenho o poder de ceifar vidas, só encaminhá-las para seu destino.

- Então, é por isso que você lê mentes? - indago.

- Não, esse poder é presente na nossa família Katie. Você inclusive tem a capacidade de tê-lo, se treinar bastante. E também pode ser ensinado. Apenas minha telesinesia e minha capacidade de invocar foices são poderes concedidos pela Morte.

- E sua imortalidade?

- Parece que ela é anulada enquanto estou entre os vivos. O resto, continua aqui.

- Devemos ficar atentos, caso esse grupo resolva atacar. - Miiko comenta.

- Isso mesmo Hello Kitty. - ele recebe um olhar mortal, mas apenas abre um sorrisinho.

A reunião acaba, e eu vou com Simon para a Cozinha, já que estávamos com fome. Seus olhos brilharam ao ver a variedade de comida, e ele já pega uns dois pães, um potinho de mel, várias bolachinhas, alguns cupcakes e um café, já eu, pego apenas uma pequena tortinha de morango. Nos sentamos numa mesa, mas não antes de Simon ver um bolo, e pegar mais duas fatias do mesmo.

- Esfomeado você, ein...

- Ei, seja forçada a comer apenas umas míseras frutinhas por 15 anos, depois a gente conversa.

- Você pegou toda a sua ração e metade da minha para um dia! - reclamo.

- Desculpa... - ele me dá um dos seus quatro cupcakes, e sorri - para te recompensar. - Simon morde um dos bolinhos, e seus olhos voltam a brilhar - Eu esqueci do quanto isso é bom! - ele acaba com aquele cupcake com apenas uma mordida, e já começa a devorar os pães e bolos.

- Da próxima vez que decidir vir para a cozinha, irei pedir para o Karuto me avisar.

- Por quê?

- Para mim poder acabar com a sua raça caso queira pegar um pãozinho da minha ração. - meu irmão ri.

Termino minha tortinha e meu cupcake, enquanto Simon ainda está na metade de seus biscoitos, e nem tocou no café ainda.

- Ainda vai demorar? - pergunto. Já estava a quase meia hora apenas vendo meu irmão comer.

- Espera... - ele termina os biscoitos, e toma o café de um gole só, já que provavelmente a bebida deve ter esfriado bastante. - Agora podemos ir.

Saímos da cozinha, e ouço alguém comemorar por isso. Vamos até meu quarto, e Simon cai num sofá.

- Nossa, hoje me cansou bastante.

- Você só correu um pouco, comeu e conversou hoje! - falo.

- Exatamente, por isso estou tão exausto.

Sky pousa na janela do meu quarto, e solta um pio de estranhamento ao ver Simon.

- Calma Sky, é o meu irmão, não vai te fazer mal. - digo.

- Um lapy? Que bonitinho! - Simon sorri, estendendo o braço para Sky - Eu não vou te machucar pequeno, pode confiar em mim!

Sky pousa em seu braço, um tanto desconfiado, mas após receber carinho, ele dá um pio de alegria.

- Sempre manhoso esse Sky... - digo, rindo.

- Nós nunca tivemos um mascote na Terra... Já em Eldarya, é o aposto.

- Tudo em Eldarya é diferente. E é por isso que acabei gostando daqui.

- Só a comida que continua igual, o que deixa aqui bem melhor.

Rimos. Continuamos conversando, e eu deixei Simon dormir no sofá até que ele recebesse o próprio quarto. A partir de hoje, minha vida mudou denovo, quando eu achei que não haveria mais reviravoltas. Agora, tenho esse preguiçoso esfomeado na minha vida novamente, mas apesar disso, não o trocaria por nada.

🌻MARATONA: 2/5🌻

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