Mundo dos Vivos - dia 3 (parte final)

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Katie P.O.V

Vejo tudo que preciso para fazer a poção. O tempo de preparo, que é bem curto, e os ingredientes, que graças ao Oráculo há todos no acampamento...

Menos um.

Uma amostra da poção que eu quero anular.

Ok, será mais difícil do que eu pensei...

Terei que refazer aquela maldita poção, mas, pelo menos, ela servirá para anular a anterior.

Pego todos os objetos que trouxe, e corro para sair do cemitério. Mas, dou apenas dois passos e já tropeço numa pedra. Meu deux, eu estou de parabéns, me sujei toda e derrubei tudo também.

O outro livro que eu não havia visto caiu aberto, e eu me levanto, me limpo um pouco e o pego.

Observo a página que o livro abrira, e no cabeçalho, há uma data.

Dia 03 de novembro, de 2005.

O dia que meus avós foram encontrados mortos.

Eu podia reconhecer aquela caligrafia de longe: era a de Simon.

Esse livro, é uma espécie de diário dele.

Eu tenho pouco tempo até a missão acabar, e eu ter que retornar para Eldarya, mas eu leio rápido, então posso arriscar.

03/11/2005
Ok, eu acho que é burrice minha admitir isso num livro, mas... Eu cometi um crime.
Mas com razão.
Ontem, papai e mamãe deixaram eu e Katie na casa dos meus avós. Era pra ser um fim de semana normal, brincamos no parquinho que tinha lá perto e tomamos sorvete, fazemos isso sempre quando vamos pra lá.
Meus pais foram nos buscar mais tarde, e eu quis ficar e dormir na casa dos meus avós, o que eles deixaram. Me despedi deles, e fui pro meu quarto de lá.
De madrugada, eu ouvi passos, e barulhos na cozinha. Achei que era um bandido, e resolvi fingir que estava dormindo. Depois de uns minutos, a porta do quarto que eu tava foi aberta, e alguém entra. Esse alguém se aproxima da minha cama, e eu me apavorei...
Antes de acontecer qualquer coisa, outra pessoa entra no meu quarto, e eu ouvi um grito. Me levantei na hora, e me deparei com a minha avó, caída no chão, ao redor de uma mancha vermelha. Ela tinha morrido, tinha certeza. Meu avô estava ao lado, segurando uma faca... Ele matou a minha vovó.
Mas, eu não sei o que aconteceu... Eu senti uma dor de cabeça forte, e gritei... Asas brancas saíram das minhas costas... Mas elas foram ficando pretas, e algo apareceu na minha cabeça... Algo pontudo. Então, eu o matei. Uma esfera preta saiu da minha mão, e assim que a encostei no vovô, ele caiu, morto. Ele não tinha nenhuma marca, nem nada, e eu consegui consertar o machucado da vovó, mas era tarde demais... Tive que levar eles para o quarto, e limpei a mancha vermelha com aquela energia, que desapareceu logo depois que eu terminei. Eu tenho que descobrir por que aconteceu aquilo...
Mas agora não dá, porque a Katie está muito abalada, e eu preciso estar do lado dela. Eu não posso contar o que vivi pra ela, porque Katie só tem 5 anos... Quando for maior, acho que ela entenderá o que fiz.
Tchau né...

Meu irmão é um assassino. Meu irmão é um assassino. Essa frase fica repercutindo na minha cabeça, me impedindo de pensar em outra coisa. Meu avô matou minha avó, e foi morto por Simon... Mas, por que vovô cometeria tal crime...? Minha família está envolta em mistérios, eu não sei mais o que irei descobrir, tenho até medo. Quem mais se revelará, sendo o que nunca imaginei? Meu pai? Minha mãe? Tia Katherine?

Eu nem liguei que estava chorando. Eu venho de uma linhagem de assassinos, tenho todo o direito de me odiar. E, se não bastasse, eu me apaixonei por um assassino...

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora