O Cristal

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Katie P.O.V

A luz cegante desaparece, e eu caio de joelhos, sem forças. Eu não era a única da minha família que era uma aengel. Mas, além do meu irmão e eu, quem mais poderia ser, ou foi um faeliano...?

O Leiftan vai até mim e me ajuda a levantar. Ainda estou um pouco em estado de choque.

- Vocês estão bem...? O que aconteceu com vocês...? - pergunto.

- Não sei... Assim que tocamos a porta, veio uma luz que me cegou, e, antes que eu percebesse, estava aqui, com todos vocês... - o Leiftan responde.

- Também aconteceu isso comigo... - o Nevra afirma.

- Comigo também...! - o Valkyon mente, desesperado, e me olha. Melhor eu sustentar essa mentira, o Nevra e o Leif iriam entranhar que o Valkyon foi o único que deixaram ver os dragões comigo. Bem, já eu tenho que pensar numa desculpa o mais rápido possível.

- Katie, o que os dragões disseram? Eles sabiam a sua raça? - o Leiftan pergunta.

- Er... - acabo tendo uma ideia - Eles sabiam o tanto quanto nós... Eles apenas reafirmaram sobre a natureza do nosso inimigo, é realmente um daemon...

- Espera, a gente fez isso tudo, só para eles nos contarem o que já sabíamos??? - o Nevra fica indignado.

- Sim, eu sei, é frustrante, mais o melhor agora para todos é voltarmos para o Q.G, não é? - falo.

- A Katie tem razão... - o Leiftan completa a minha frase - Vamos desmontar o acampamento amanhã de manhã, então partiremos.

Saímos da Morada dos Dragões, e voltamos para o acampamento. Me fizeram várias perguntas sobre a minha raça, então tive que mentir. Todos estranharam, mas não me questionaram sobre mais nada.

Fui dormir, ainda atormentada pelas revelações dessa tarde. Depois de uma noite de sono um tanto agitada, acordo com os raios de sol sob meu rosto. Todos já começaram a desmontar o acampamento, então ajudo eles, depois que tomei meu café.

No fim da manhã, nós todos já estávamos no barco, voltando para Eel. O Sky cortava os ares com suas asas, feliz de estar voltando para casa...

Pelo menos ele sabia o lugar dele nesse mundo...

Já eu, ainda não descobri direito...

O Valkyon se aproxima de mim, e coloca uma mão amiga sobre meu ombro.

- Ainda não está acreditando na realidade, não é...? - ele pergunta.

- Sim... De repente descubro parte da minha origem, e meu intuito num mundo ainda muito desconhecido... É um tanto assustador e improvável...

- Eu não quero ser invasivo, mas... Você tinha um irmão...? - ele perguntou, falando mais baixo do que já estávamos conversando, para ter certeza que ninguém ouviria.

- Sim... - seguro as lágrimas - Quando eu era pequena... Ele se chamava Simon... Nós éramos inseparáveis... Mas bastou um homem descontrolado dirigindo um carro, que estragou tudo...

- Ele acabou morrendo, não é...? - ele diz, e eu assinto com a cabeça, estou quase chorando - Eu entendo sua dor... É terrível... - ele dá uma pausa - O homem que fez isso foi punido?

- Não... Nunca encontraram o desgraçado... - fecho os punhos com força. A tristeza foi substituída pelo ódio. Como a polícia nunca encontrou o desgraçado que matou o meu irmão...??? Quantas pessoas já foram vítimas de atropelamento, e nunca encontraram o culpado? Isso me revolta...

Meu colar volta a emanar calor... Mas não era o normal... Era o mesmo calor violento que eu senti quando matei a Marie Anne... Um calor de revolta, de vingança... Como se estivesse mais revoltado com esse acontecimento e essa ineficiência da polícia quanto eu...

- Quem faz esse tipo de coisa deveria pagar o mais caro possível... Eu juro, que quando encontrar o assassino do meu irmão, não exitarei em matá-lo... - o Valkyon diz, com um tom de voz frio e mortal. Nunca o vi assim antes...

Sinceramente, eu concordava com ele...

Após algumas horas de viagem, nós finalmente chegamos na praia de Eel. Estava no final da tarde, e a Miiko, junto com o Ezarel, a Karenn, o Kero e a Ykhar, nos esperavam.

A Karenn e a Ykhar correram e me deram um abraço, então o Nevra desceu do barco, falou "Tá me trocando Karenn?" E ela foi dar um abraço e um tapa no braço dele. Eu ri. Queria tanto ter isso...

A Miiko logo me puxou para um canto, e me perguntou sobre tudo. Resolvi não falar agora que sou uma aengel, porque alguém poderia nos ouvir.

Fomos todos dormir, e quando estava repousando minha cabeça no travesseiro, ouço um pio alto vindo do Sky. Me levanto, e vejo que o Taro estava no pé da minha cama.

- Taro? A Miiko quer me ver?

- Sssssh...

- Na cerejeira? Ok, eu já vou!

Visto minha roupa habitual e vou até a cerejeira, e a Miiko já estava me esperando lá.

- Miiko, o que ouve? Por que você queria conversar comigo à essa hora? - pergunto.

- Katie, algo me diz que você queria me contar alguma coisa na praia, mas não conseguiu, pois tinham muitas pessoas lá... - caramba, ela adivinhou - Então, há alguma coisa que eu não sei, Katie?

- É...

Estava prestes a contar minha verdadeira natureza, quando a Alájea aparece.

- MIIKO! MIIKO! ELE ESTÁ AQUI!!! - ela fala, claramente desesperada.

- O que foi Alájea??? Quem está aqui???

- O ASHKORE! EU O VI, ELE ESTAVA INDO EM DIREÇÃO HÁ SALA DO CRISTAL!

- Santo Oráculo, VAMOS! TEMOS QUE IMPEDIR! - a Miiko sai correndo, e eu vou atrás dela.

Chegamos na entrada da Sala, e o selo de proteção estava despedaçado.

- GRRR! ELE JÁ ENTROU!

Entramos correndo na Sala do Cristal, e lá estava o Ashkore, prestes a quebrar o Cristal com sua espada.

- VOCÊ! PARE! - a Miiko diz, e ativa o fogo azul do seu cajado.

- Parar com o que? Parar com a destruição desse cristal, que é o motivo da tortura do meu povo? HA, eu vou muito fazer isso... - ele fala, debochado.

A Miiko parte para o ataque, enquanto eu penso em uma forma de proteger o cristal. A pena do meu colar começou a brilhar quando me aproximei do Grande Cristal, então chamas apareceram em minhas mãos, intensificadas pelo calor do colar. Usando a bênção dos dragões, crio um escudo, que envolveu o cristal.

Me viro, e o Ashkore tinha acabado de imobilizar a Miiko, usando cordas feitas das mesmas chamas que estavam brandindo das minhas mãos.

Eu começo um combate desenfreado contra o meu inimigo, que estava sendo de igual para igual, até que ele pega no meu pescoço e começa a me estrangular.

Fico fraca, e aos poucos, o escudo que fiz também acaba enfraquecendo. Ele vê que a batalha estava quase ganha, então solta o meu pescoço, e eu caio no chão, sem forças.

Ele empunhou novamente sua espada, e se aproximou do Cristal. Eu estava me preparando para sentir a maior dor da minha vida, mas no segundo em que sua espada toca na pedra, eu acabo desmaiando, e a dor nunca chegou...

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora