Mundo dos Vivos - dia 2

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Katie P.O.V

Mal dormi a noite, pensando na viagem que se seguiria. Eu iria voltar. Vou voltar para o lugar que passei quase toda a minha vida, rever as pessoas que mais amo no mundo. Sky ficou um tanto rabugento, por que eu não ficava quieta a noite toda, não o deixando dormir. Já arrumei uma pequena mochila, com poucas peças de roupa, por que prometi a Miiko que a viagem iria ser curta.

- Sky, eu vou viajar por um tempo, se precisar de qualquer coisa, pode ir atrás da Karenn, eu já combinei com ela. - rio.

Ele pia, decepcionado. Sky é meio antissocial, como eu.

- Te amo Sky, se cuida! - ele faz carinho no meu rosto, e vou me encontrar com a Miiko na Grande Porta, como o combinado.

Na viagem, irão apenas eu, Nevra, Valkyon, Ezarel e mais duas pessoas de cada guarda, totalizando dez pessoas.

- Todos estão aqui? - Miiko pergunta, e todos respondem com um uníssono "sim" - Ok, sejam o mais rápidos possíveis durante essa missão, não podemos correr riscos, entendidos? - mais um "sim" de todos.

Miiko assente, e então posiciona algumas pedras em círculo, que imagino serem runas.

- Katie, qual região você sugere?

- E-Eu...? Bem, eu sou nascida brasileira, mas sempre morei em Nova York... E eu conheço um supermercado onde poderíamos pegar muita comida, e em pouco tempo.

Eles fizeram uma cara de dúvida. Eu tinha esquecido que eles não sabiam do que eu estava falando.

- Governor's Island, em Nova York. - falo.

- Ok...

Miiko pronuncia uns encantamentos, e logo depois, esmaga com as mãos algumas lágrimas de dragão, fazendo um líquido cair sobre as pedras.

Nesse exato momento, as runas começaram a flutuar, e uma espécie de véu cintilante se forma, com as pedras em suas estremidades. Aquela cena é magnífica.

- Lembrem-se, as poções de encolhimento os ajudarão a coletar o máximo de comida possível, e, mais uma vez, sejam rápidos. - Miiko se vira para mim - Você primeiro, Katie.

Eu respiro fundo, antes de atravessar aquele véu. É uma sensação muito estranha, era como se eu passasse por uma cachoeira de água gelada. Uns segundos depois, a sensação acaba, e, assim que abro os olhos...

Me deparo com a minha tão querida ilha.

Ahh... Governor's Island. Como senti falta desse lugar. Como senti falta do bosque, da praça, e do cheiro de orvalho das folhas. Como sinto a falta dos meus pais e dos meus amigos... Pena que eles não se lembram mais de mim... Katie, agora não é hora de ficar se lamentando, você tem uma missão aqui.

Conhecidentemente, o portal nos levou ao bosque que é perto justamente do supermercado que eu falara. Respiro fundo, sentido o ar puro. Após uns minutos, todos os meus companheiros chegaram.

- Nossa, que lugar mais magnífico... - Nevra diz, observando as árvores.

- É verdade... Como é bom voltar...! - digo.

- Nós podemos abrir o novo portal aqui... Vem muitas pessoas por aqui? - Ezarel me pergunta.

- Não muitas - respondo - quer dizer, esse não é um dos bosques mais movimentados, mas também não é abandonado. Tomem muito cuidado para ninguém ser visto, ok?

Todos me respondem com um sonoro "ok". Os guio para fora do bosque, e logo depois que saímos...

Percebo que não será tão necessário manter sigilo.

Várias abóboras, teias de aranha e esqueletos enfeitam as fachadas das casas. Muitas crianças estão fantasiadas de elfos, vampiros, zumbis, e até fadas.

Nossa sorte foi imensa: nós viemos justamente na época do Halloween.

- Ainda existem faerys entre os humanos??? - uma elfa da Guarda Sombra perguntou.

- Não... - rio - É uma tradição nossa. Uma vez ao ano, crianças e adultos se fantasiam de monstros ou seres místicos, e batem de porta-em-porta para pedirem "Gostosuras ou Travessuras"...

- Que passatempo estranho! - Ezarel diz.

- Eu acho divertido. - rebato - Pelo menos, não precisamos nos preocupar muito em sermos vistos, afinal, pensarão que estamos fantasiados!

- Teremos que agir à noite, então, melhor voltarmos para o bosque. - Valkyon diz, e todos voltam, menos eu, que fico admirando minha tão querida ilha.

- Katie? - Valkyon me chama.

- Essa data é a favorita da minha mãe... - falo a ele - Quando eu era pequena, antes do acidente, ela não perdia um ano. E sempre ia com a mesma fantasia, assim como meu avô. Nunca entendi o porquê, mas ela sempre dizia que esse é o único dia que ela pode ser ela mesma.

- Eles iam fantasiados de quê...?

- Ela de anjo, ele do oposto.

Valkyon abre um sorriso.

- Agora sabemos de quem você herdou sua ancestralidade faery.

Valkyon conseguiu entender em segundos o que eu não entendi em anos. Mas sorrio, ao me lembrar da mulher que eu mais amo nesse mundo.

FeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora