Feather

As três provas (parte 2)

Katie P.O.V

Não demorou muito para o Leiftan terminar de fazer a poção com os ingredientes, já que o Sky voltou com tudo que precisávamos já na manhã seguinte.

Ele, junto com a Ewelein, me levaram até uma planíce, onde o Leiftan já tinha purificado com uma espécie de sal grosso. Me sento de chinesinho no meio do círculo de sal, e o Leif me dá um cálice com a poção. Começou o ritual.

O Leiftan começou a dançar ao redor do círculo, o que quase me arrancou um berro em forma de risada. Eu o amo muito, mas uma cena dessas eu nunca imaginava presenciar! Depois de um tempo, eu tomei o líquido do cálice. Logo senti o gosto delicioso daquelas frutinhas que eu adorei, mas depois veio aquele gosto de peixe... Só para deixar registrado, nunca coma frutinhas com peixe viu Katie!

Para piorar esses sabores loucos que estava sentindo na minha boca, veio um gosto de terra. OBRIGADA POÇÃO LOUCA! De repente, não sentia mais sabor nenhum, e comecei a sentir um pouco de frio. Vi uma luz intensa, me parece que o encantamento funcionou.

FLASHBACK

Abro os olhos, e estou na mais profunda escuridão. Percebo que estou deitada no chão, mas com nenhum arranhão. O dragão deve ter me salvado da queda. Onde será que ele está? Me levanto, e tento me locomover, até que bato de cara numa parede. Tenho que tomar mais cuidado...

- Katie...!

O dragão apareceu do meu lado. Sua luz ilumina uma boa parte da escuridão que me envolvia.

- Querida eleita do Oráculo, me chamo Fáfnir, e serei seu guia. Por favor, me siga.

- Para onde...?

- Você verá.

Eu segui o Fáfnir por um tempo, até pararmos em frente a uma porta de luz, cheia de símbolos e alguns tinham o formato de dragões. Fáfnir se aproxima dessa porta, e aperta alguns símbolos com sua pata, e diz algumas palavras, que acabo não entendendo. Logo depois, a porta de abre, e ele me convida a entrar.

Estávamos num enorme corredor da caverna, onde havia um globo gigantesco de luz no meio, e, como a curiosa que sou, me aproximo. Vejo vários dragões de fumaça voarem dentro da esfera, é realmente uma vista incrível.

- Essa é a nossa Esfera das Lembranças, que mostra o dia-a-dia dos nossos irmãos e irmãs que viviam a milhares de anos.

Continuei observando o espetáculo. Os dragões viviam muito felizes antes do Sacrifício Azul...

- Eu sei disso Katie, mas esse sacrifício foi necessário... - ele conseguiu ler meu pensamentos? Que incrível! - Bem, você está pronta para começara primeira prova?

- Espere, o que acontecerá nessas provas?

- Eu não sei, elas ocorrerão de acordo com o seu coração e também de acordo com seus arrependimentos. - quando o Fáfnir terminou de falar, uma porta de luz surgiu em uma das paredes. - Você terá que passar por três provas, para vermos se você possui um bom coração. A primeira se iniciará a partir do momento em que você cruzar essa porta.

Me viro, e encaro aquela porta luminecente. Engulo em seco, o que acontecerá a partir de agora...?

- Estou pronta. - digo, ainda um pouco nervosa.

Fáfnir assentiu, e eu fui encarar a primeira prova.

Assim que atravessei o portal, fui engolida pela escuridão, como agora a pouco. Comecei a andar pelo vazio, e o meu colar começa a emanar seu calor reconfortante, e cada vez mais vai se intencificando, até que chego...

Numa rua, em frente à minha antiga casa na Terra.

Mal vi a parte de frente da casa, que desabo no choro. Foi aqui onde eu cresci e morei por tantos anos... E também é aqui onde as pessoas que eu tanto amo moram...

Mas a casa está diferente... Nós pintamos ela de branco quando eu fiz 12 anos, mas ela está num tom azul claro, como antigamente, mas porque...

NÃO, NÃO, ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!

Quando olho para o outro lado da rua, tem um menininho sentado de chinesinho me olhando chorar, com os olhos um pouco marejados. Mas, não era um garotinho qualquer...

Era o Simon...

Me toquei, eu estava no dia do seu acidente.

Ele se levantou e foi até mim, e me deu um abraço.

- Baixinha, por favor, não chore... - eu o abracei desesperada. Eu pedia todos os dias para ouvir a voz dele denovo... E finalmente, foi antendido esse pedido... Comecei a chorar mais uma vez - Aff, você sabe que eu não sou muito bom nesse treco de consolar, não dificulta! - eu soltei uma risada. Era tão a cara dele de fazer piada com ele mesmo para tentar me fazer feliz, se brincar, ele é mais piadista e mais chatinho que o Ezarel. - Eu não gosto de te ver chorar maninha...

- S-Simon, eu... eu... Me desculpa... Era para mim ter morrido, não você...

- Baixinha, primeiro, nunca mais fala isso, eu fiz aquilo para o seu bem! - ele dá uma batidinha na minha cabeça - Segundo, quem disse?

- Ué, quem disse o que? - falo, secando minhas lágrimas.

- Que eu tô morto! - ele fala, como se fosse óbvio.

- PERAÍ, O QUE?!?!

- Katie, a alma nunca morre, eu tô bem em outro lugar! - ele dá uma pausa - Jura que você não aprendeu nada com o Gasparzinho não?

Rimos. Ele sempre me fazia ver Gasparzinho, o fantasminha camarada com ele. Eu ficava brava, por que eu preferia ver Hello Kitty.

- Olha, eu só não quero que você se sinta culpada pelo o que aconteceu... Katie, você sabe que eu faço de tudo para proteger quem eu amo, e você é a minha única irmã, eu nunca vou deixar que te machuquem.

Quando o Simon terminou sua frase, o calor do colar me envolveu por inteira, como se fosse para reforçar essas palavras... Eu me sentia mais protegida do que nunca.

- Eu te amo Baixinha!

- Eu NÃO sou baixa!!! - ele riu - Eu também te amo, seu chato - falo mostrando a língua para ele, parece que eu voltei a ter 5 anos... Haha...

- Essa é a Katie que eu conheço! - ele sussurra logo depois - Mas aceita que dói menos - dou um tapa na sua cabeça. - AI! - rio.

Ele me dá um último abraço antes de sair correndo em direção da entrada da casa.

- AH KATIE!!! - ele grita de lá mesmo.

- Tô aqui!!! - respondo, gritando também.

- Lembra o meu pôster da minha banda de rock favorita? - ele continua gritando.

- Aquele do System Of a Down? Lembro sim! O que tem ele?

- Eh... Nada não!!!

- Ah??? Como assim???

- Tchau Baixinha!!!

- Perai, SIMON!!! - ele acena e sorri, e entra na casa. - EU JÁ DISSE QUE EU NÃO SOU BAIXA!!!

Aquela escuridão volta. Eu me sinto tão feliz, mas tão triste ao mesmo tempo... Eu finalmente matei um pouco a saudade que tenho do Simon, mas nunca mais o reverei... Pelo menos, tive esse momento, mesmo se foi uma representação dele... Pego o colar, que assim que a escuridão chegou ficou gelado denovo, e sorrio. Vejo mais uma vez o pingente de pena negra, que dessa vez, brilhava, mas no instante depois, voltou a ficar opaco.

Quando percebo, estou de volta na Sala das Lembranças.

- Um pôster? - o Fáfnir pergunta.

- É, eu também não entendi direito o por quê que o Simon me lembrou daquilo...

Sorrio, mas depois suspiro. De todas as coisas do mundo que o Simon poderia ter me lembrado, por que ele mencionou justo uma decoração do nosso quarto???

Continua...