Mundo dos Vivos - dia 3

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Katie P.O.V

Durante aquela tarde, descobri que ainda era dia 30, e então decidimos agir no dia do Halloween mesmo, por causa da distração. Passamos a tarde montando um pequeno acampamento, para podermos nos organizar melhor.

Já é dia 31, e todos já repassavam o plano. Mas eu tinha um afazer antes de irmos ao supermercado: visitar minha antiga casa. Valkyon decidiu me acompanhar, então nós partimos do acampamento mais cedo, e resolvemos ir pelos bosques, para não ter risco de sermos notados.

Após encararmos várias árvores, percebo que chegamos num dos bosques que eu mais estava familiarizada...

O bosque que escondia o portal.

Uma tentação gigantesca me motivou a procurá-lo. Não sei porquê...

Valkyon não reclamou, provavelmente ele pensava que era o caminho habitual.

Depois de mais uns minutos de caminhada, chegamos ao círculo de cogumelos...

- Espere, não era para ser aquilo o Portal das Bruxas? - Valkyon indaga.

Ele tem razão: era para ser. O círculo de cogumelos está destruído... Vários cogumelos estão espalhados pela grama, e até uma porção de terra fora arrancada. Também tem...

Algumas gotas de sangue, e pedaços da fita da polícia.

Me assusto com tamanha brutalidade.

- Era... Quem fez isso...? - digo fraco.

- Não sei, mas é melhor nós saírmos daqui... - Valkyon diz, e começamos a andar denovo. Dou uma última olhada naquele portal que me levou a Eldarya, lamentando sua destruição.

Estávamos cada vez mais próximos da minha antiga morada. Minhas mãos estavam suando, e minha respiração está desregulada, estou numa pilha de nervos.

Assim que saímos da mata, me dou logo de frente a minha casa.

Sua fachada branca, sua chaminé, e seu vasto quintal me carregam lembranças... Uma lágrima escorre pelo meu rosto, mas eu a enchugo rapidamente.

- Bem... Vamos. - falo, meio sentimental.

- O quê??? Nós vamos invadir??? - Valkyon pergunta, surpreso.

- Valkyon, é a minha casa. Ou era... E-Eu queria...

- Tudo bem... - ele responde, compreensivo.

- Apenas tome cuidado para minha mãe não te ver. Meu pai deve estar trabalhando a essa hora... Ou chegando do trabalho.

Cruzamos a rua que separava o bosque da minha casa, e um nó acaba surgindo em meu estômago. Aquela era a rua onde Simon perdera a vida. Aquela era a rua onde eu ouvi sua voz verdadeira pela última vez... Eu estou muito nervosa, mas preciso encarar.

Quando chegamos na porta da casa, logo me abaixei para pegar a chave que estava escondida em um dos arbustos. Destranco a porta e entramos. tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas a armadura de Valkyon não ajuda muito, fazendo um barulho que era possível ouvir a dez metros de distância.

- Desculpe... - ele diz.

Provavelmente, daqui a uns minutos minha mãe vai nos chegar aqui, com uma vassoura, pronta para quebrá-la em nossas cabeças para nos expulsar. Mesmo tendo uns quarenta anos, ela tem o espírito de vinte.

- Vamos rápido!

Acabo correndo para o andar de cima, rezando para que minha mãe não tivesse ouvido. Entramos no primeiro cômodo que encontramos, e eu tranco a porta com a chave rotineira que sempre está lá.

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